30.7.05

Sinceridade


Estava eu a despedir-me dos noivos junto à mesa, quando de repente surge um dos convidados de garrafa na mão, já bem "atestado" e diz-me:
- Olha uma flor! E zás! arranca do arranjo de mesa uma rosa, e com a mesma velocidade enfia-ma no decote...
Amarela - pensei eu - é apropriado...e depois finalizou a desculpar-se:
- Desculpe minha senhora, é que eu tenho uma pancada do caraças...
Agarrei a rosa e vim-me embora. Sempre ouvi dizer: "quem diz a verdade não merece castigo"

29.7.05

Cansaço...



O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intenso por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles;
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para ele o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

Interesseiro????

Problemas com a bebida?



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28.7.05

A avó


Artigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo.

"Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem "Despacha-te!". Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.

As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam historias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.

As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morreram mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão."

27.7.05

Regresso à rotina diária



Existem realmente algumas formas de tornar interessante a visão de um autocarro, estas são algumas delas

26.7.05

O poder da natureza


Agora é tudo o que nos resta: confiar no poder regenerador da natureza, apesar das agressões que constantemente lhe inflingimos, e pensar em pelo menos uma certeza: que durante um par de anos, mesmo com a incúria ou maldade humanas, por aqui não sobreviverá nenhum incêndio, e que a fauna e flora progriderão de novo nestas paragens.
Não pretendo ser exaustiva ou maçadora na abordagem deste tema, mas cada um fala daquilo que lhe está mais próximo ou lhe toca mais fundo os seus sentimentos - pelo menos para mim um blog é sobretudo para isto que serve - daí a minha insistência sobre esta matéria, que me perdoe (ou não, tanto faz) quem me achar enfadonha...

25.7.05

Perante isto...



Será que podemos agora descansar um pouco? agora que tudo se tornou em cinza e que nada mais resta senão confiar no processo regenerador da natureza (até quando?), e contabilizar as perdas, e ouvir ou ver reportagens sobre a miséria a que ficaram reduzidas muitas vidas, que viram todo o seu sustento desvanecer-se em fumo; e continuar a contabilizar áreas ardidas, para que no final fiquemos como sempre: mais amargurados e mais pobres...

24.7.05

Desolação...



É um sentimento confuso que se apodera de nós perante tal cenário; um misto de raiva, vazio, tristeza e amargura...
Feliz ou infelizmente, ainda não é possível fotografar o cheiro, aquele cheiro horrível a queimado, e o silêncio dos animais, sobretudo dos pássaros que já não voam por aquelas paragens para poisar nos fios telefónicos que já não existem, jazem ao longo das estradas calcinadas, derretidos e colados uns aos outros, ou com o que resta do poste que os segurava ainda a lançar o derradeiro fumo.
As pessoas vagueiam pelas estradas em grupos, parecem rezar e ao mesmo tempo parecem zombies com a estupefacção estampada nos rostos que viram para um lado e outro, à procura do verde que já não existe, tudo é negrume e devastação...
Faltou-me a coragem para visitar os sítios que me são mais gratos, onde costumava ir só para fruir a paisagem, irei com certeza mais tarde, mas hoje já foi demais para um só dia, contam-se pelos dedos as manchas verdes num percurso de 60 km, que até onde a vista alcança, para um lado e outro tudo ardeu.
Para já ficam as fotos da Vide, com a visão da encosta que dá acesso ao Piódão, totalmente queimada, e da Ribeira onde o fogo também lambeu as casas.

23.7.05

Segunda - feira verão o que restou



Vou hoje para a Serra da Estrela para a minha quinta que felizmente escapou incólume ao inferno dos vários incêndios que ainda lavram na região; na 5ª feira com a aflição, nem me lembrei de câmara fotográfica, desta vez vou levá-la comigo e tentar captar a desolação que por lá lavra, e não pensem que é uma tentativa sensacionalista de reportagem, é sim, dar-vos a conhecer o que restou de um cenário que me é imensamente querido, que já partilhei convosco em posts anteriores, e que não sei quando teremos de novo na sua pujança; até lá...

22.7.05

Tenho o coração cheio de lágrimas


Hoje só me apetece chorar, e choraria muito mais se as minhas lágrimas apagassem todos os fogos deste país.
Já muito se disse sobre os incêndios, sobre a hecatombe de ver as nossas florestas reduzidas a cinzas e sobre a falta de meios para minorar tantos prejuízos, e soa-me tudo a déjà vu…e fica-se por aí mesmo, pelo perorar sobre os temas e fica tudo como antes.
Ontem, na sequência do agravamento dos vários incêndios que lavram na zona onde nasci, e da ordem de evacuação para as várias localidades, dada pela protecção civil, tive de deslocar-me perto do Piódão, onde possuo umas propriedades, e onde a minha mãe se encontra a maior parte do tempo para a ir buscar; logo no final do IC6, na confluência com a Nac.17, era impressionante a coluna de fumo que se elevava a uma altura enorme, e numa extensão absolutamente medonha que transformava toda a zona de Arganil, numa noite surreal e assustadora.
Continuando em direcção à Serra da Estrela, elevavam-se mais colunas de fumo e labaredas que superavam em muito a altura das árvores que consumiam; continuando pelo Vale do Alva, somavam-se outras e mais outras e pequenos focos iam aparecendo aqui e além, provocados pelo vento que projectava objectos incandescentes em todas as direcções, consoante o vento soprava. Aquele verde que eu bem conheço, estava a desaparecer a olhos vistos e tudo era fumo e negrume; chegando ao Parente, verificava-se o reacendimento da frente que estava já debelada, e de novo o Chão Sobral, a Malhada e o Avelar tinham sido evacuados e mesmo o próprio Parente recebera essa ordem. Quando encontrei a minha mãe, lá estava ela em casa de um amigo, com as duas cadelas e o filhote recém nascido de uma delas, e só com um saco na mão, que depois vi ser só a comida para as cadelas, e a aflição e impotência estampadas no rosto, que é como fica quem não tem meios de locomoção e não sabe como estão a evoluir as chamas. Levámo-la então connosco para verificarmos a evolução do outro incêndio que ameaça a nossa quinta, que era o mesmo que havia começado havia 3 dias em Coiço da Eira, e se propagou Casal do Rei e Cabeça, também já evacuadas e estava agora a cerca de 1 km de Rio de Mel, que fica em linha recta a cerca de 2 km da nossa quinta, o que não é nada para um incêndio daquelas dimensões, se o vento o ajudasse. Eram labaredas enormes, o crepitar assustava e só se ouviam as máquinas de rasto do exército a tentar abrir aceiros, pois com o cair da noite os meios aéreos já não se encontravam lá e não existe quase água naquela zona, não há acessos e o cansaço dos bombeiros há tantos dias lá, concerteza que lhes tirou as forças necessárias para um combate mais eficaz, ninguém aguenta uma coisa daquelas.
As brigadas de Sapadores Florestais de Alvôco das Várzeas, como conhecem muito bem a zona, são incansáveis e não iam à cama há já 2 noites, e preparavam-se para a 3ª e graças a eles as consequências foram minoradas, pois os Bombeiros propriamente ditos têm tantos incêndios para combater que chegam a um ponto que só protegem as casas, e muitas vezes nem isso conseguem, como foi o caso em muitas povoações, e há gente que ainda não sabe se lhes restou ou não algum meio de subsistência, pois se os animais não arderam junto com os currais, não é possível alimentá-los, uns por não se poder chegar lá, outros porque não têm um pedaço de verdura para lhes dar, e como se sabe o gado não sobrevive sem água ou alimento. Outros não sabem se as suas casas ficaram incólumes, e vê-se no olhar vago que as pessoas têm um ar perdido, parecendo não saber sequer onde estão, ou o que se está a passar…
Junto à Capela da Srª do Remédios em Rio de Mel, metia dó olhar em redor: o Piódão não se via, era uma nuvem negra apenas rasgada por encostas inteiras em chamas, a Malhada da Chã estava rodeada, o Gondufo era um ponto negro, tisnado desde há 2 dias, em Vide viam-se ainda inúmeros focos junto às habitações, no Cide era a mesma miséria…
Perante este cenário, a minha inquietação era enorme embora tivesse tomado um calmante, para não explodir de ansiedade entre o emprego que larguei a meio da tarde, e a viagem de 100 km que fiz a uma velocidade que não sei qual foi, mas acho que o meu Fiat Punto nunca andou tão depressa. A minha mãe insistiu em ficar face à acalmia que se notava, em virtude do arrefecimento nocturno, e do vento ter mudado em direcção contrária à da nossa propriedade, contrariada lá a deixei, com recomendações de telefonar ao minimo sinal de perigo, e de ter falado com pessoas que se prestaram a ir buscá-la de imediato se tudo se complicasse, e também por saber que a GNR estava a par da sua situação, e se prestou a avisá-la em caso de perigo, pois a quinta é isolada num vale, só com acessos próprios, não há estradas municipais.
Escusado será referir que ando com o coração nas mãos, há já 4 dias e as notícias não me deixam sossegar, pois não se fala em estarem já circunscritos, nem controlados; hoje ao fim do dia lá vou eu de novo a ver se há algum descanso para esta aflição.
O que vos desejo é um excelente fim de semana, e que não passem por nada semelhante, embora as perdas nos afectem a todos, e já agora: desculpem o desabafo…

20.7.05

Hoje o fogo rodeou-o a muito pouca distância



espero que este vale verde nunca enegreça... Posted by Picasa

Para finalizar a onda dos gigantes

Este nem com um beijo da Schiffer chegava a principe...

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19.7.05

Ainda na onda dos gigantes...

Não há só "big dogs"...

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15.7.05

GRRRR....

detesto sentir-me observada, analisada, julgada; como se me colocassem num dos pratos da balança a tentar saber quanto valho, até onde consigo ir ou até onde dará para esticar a corda…
porque teremos sempre de nos submeter aos julgamentos de outrem, que falha tanto ou mais que nós? Que direito têm os ditos “iluminados” de nos exigir a perfeição, quando eles próprios estão dela, mais longe que nós?...
quando nos dão o beneficio da dúvida é quase como se o fizessem por piedade, ficando à espera de nova escorregadela, para, então nos lançarem de chofre: “ pois é, tá a ver? Eu não dizia?...”
que vontade que tenho de desaparecer, mandar tudo às urtigas…
HOJE ESTOU EM DIA NÃO!!!!!

14.7.05

Natureza


Um instante de beleza e perfeição Posted by Picasa

13.7.05

Este é para o Finúrias...


Mandei fazer um bordado
P’ró Finúrias por na lapela,
Para ficar bem arranjado
Ao dar a sua cagadela

Fizeram-me isto catita
Esmeraram-se com o bordado
Bordaram bem a sanita,
E aplicaram-no com cuidado

Para teres sempre sorte
Nunca mijes fora dela,
Nunca percas o norte,
Nem a tires da lapela...

Memórias


Recordo-me por vezes…

- das casinhas de xisto que fazia na infância
- dos abrunhos que colhia da árvore
- das tardes no rio
- de fazer os 3,5 km a pé até à missa de domingo e de calçar os sapatos de domingo, só à entrada da aldeia (como quase toda a gente)
- de jogar badmington e “ao mata” no meio da estrada nacional
- do cheiro da broa acabada de cozer
- dos bolos “esquecidos” da tia Inocência
- do inigualável cheiro do alcatrão e mimosas pela estrada fora nos primeiros dias de Primavera
- do cheiro dos currais de ovelhas (que adoro e não mais senti)
- de ter 10 anos e pentear os finos cabelos da minha mãe
- de ter 12 anos e adormecer ao colo da minha mãe...
- de cantar na rua em grupo até às tantas, e os vizinhos a ouvirem nas janelas
- de fumar às escondidas e depois comer (arghh!) folhas de laranjeira para disfarçar (??)
- de ir aos Santos Populares e divertir-me à brava e dançar como uma louca (!!)
- de ter pena que determinado dia chegasse ao fim...
- recordo-me de...de ter vivido, contrariamente à actual sensação de apenas: Estar viva…

12.7.05

Muitas mulheres bem diziam,


...que ele não podia ser deste mundo... Posted by Picasa

Novo Toyota cabrio

Para desfrutar da sensação do vento na cara...

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11.7.05

De volta ao trabalho...

Às vezes chega-se a estas conclusões...

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10.7.05

Adeus rede...


Encontramo-nos em Agosto.

6.7.05

Campismo

Quando se fala de férias e das várias maneiras de as fazer, todos me olham como se fosse um extra – terrestre, quando digo que gosto de fazer campismo, e eu sei porquê: as pessoas lembram-se imediatamente dos Parques a abarrotar no mês de Agosto, com crianças aos berros nas diversas filas que se criam, seja para tomar um duche ao fim da tarde, seja para lavar a louça da refeição ou a roupa que tão habituados estamos só a colocar na máquina de lavar; lembram-se dos vizinhos do lado, daqueles que levam a televisão, o naperon de crochet para colocar-lhe em cima a jarra de flores de plástico, e a gaiola do canário, e jantam impreterivelmente às 20h, na sua toalha de plástico às flores, o seu bacalhau cozido com batatas e lamentam a falta da sua maçã assada para sobremesa, vingando-se afinal na garrafita de bagaço que trazem sempre, para “esmoer”, dizem...
Mas o meu campismo é diferente, primeiro porque nunca o faria em Agosto, nem mesmo na segunda quinzena de Julho, faço-o sempre ou no final de Junho ou no início de Julho e de preferência no Orbitur de Mira, pois conhecendo-o já há mais de 25 anos, conseguiu manter a qualidade das instalações, que com poucas remodelações mas muito brio de quem lá trabalha, confere ao espaço um asseio e uma arquitectura paisagística bastante agradáveis; isto aliado a muita sombra e muito verde, a uma boa praia a 300m e um sossego digno de registo, resumindo-se à frequência de meia dúzia de estrangeiros em caravanas, a título de exemplo numa semana nunca me cruzei com ninguém no WC ou mesmo nos duches.
Vou para lá apenas munida da tenda e respectivos acessórios para dormir, 1 mesa 2 cadeiras e um grelhador...e todos os dias vamos ou à lota ou ao mercado comprar peixe ou carne para grelhar, salada e pão e uma “garrafosia” de preferencia bom tinto para se poder beber à temperatura ambiente (vicissitudes de não ter frigorífico), e o melão para finalizar. Bom, com esta história engordo sempre 1 kg ou 2, mas não interessa, a seguir dormir uma sesta ao som do canto das mais de 8 espécies de pássaros, que o meu marido contou que eu não conheço, e do vento nos altos pinheiros mansos, e acordar ir até à praia e beber um finito na esplanada frente ao mar, ter tempo para ler aquele livro que estava encostado há tanto tempo, para dar passeios ao fim da tarde a falar de tudo e de nada, porque o silêncio já não nos incomoda.
É por isto que eu gosto de campismo, e sobretudo tendo uma cadela que me segue para todo o lado, é mais uma vantagem ela poder estar junto de nós. Claro que não o faço durante muito tempo, só 1 semana ou 10 dias para poder ir também para o campo onde tenho a sorte de ter um sossego absoluto, num local verdadeiramente paradisíaco que é onde eu nasci.

Segunda-feira, de volta ao escritório...


Vou mais uns diazitos para a Serra, e acabou-se o "bem bom", se ao menos o escritório fosse assim...

4.7.05

Aventura


Amar-te...
só pensá-lo já é loucura
é assim um branco, muito branco,
misto de raiva e
de ternura
regato breve em que parto
em busca de um rio
do mar
da aventura...

Saudade


Quando quiseres saber da minha saudade
Vai ao fim da tarde aonde
As estradas saem das aldeias...
De noite e de dia a toda a hora escuta
A passagem dos carros dos combóios
Por onde não parti

Ou toca apenas qualquer coisa
Uma jarra um livro uma janela
Qualquer coisa perto em que eu pudesse
Transformar-me para estar
Ainda mais junto
Ainda mais certa
De ti...