8.3.05

A Desinspirada

Que me desculpem os distintos visitantes desta "aspiração a blog", mas hoje...assaltou-me uma monumental raiva logo ao acordar; há dias assim, e como sei que o resto do dia vai ser infernal, lembrei-me de ler Gedeão, para me ir mentalizando...

A FUNDA

Arranquei à pele do peito,
Com os dedos ensanguentados,
Um rectângulo perfeito
De cem centímetros quadrados.

Estendi-o ao sol a curtir,
A haurir uns raios que projectam
Certo incógnito elixir
Que os detectores não detectam.

Depois de bem seco e rijo
Prendi-lhe , nos quatro cantos,
Quatro nervos desses tantos
Com que me franjo e me aflijo.

Eis-me de funda na mão
No mais erecto dos montes,
Devassando os horizontes
Com os pés bem presos ao chão,
As pernas em ângulo agudo
Para assentar com firmeza
Nessa dúvida de tudo
Tão certa como a certeza.

Só, entre os fundibulários,
No entro dos meus domínios,
Como o pastor dos Hermínios
Na defesa dos contrários,
Ponho na funda um poema
De agrestes arestas vivas,
E em rotações sucessivas
De celeridade extrema,
Com todo o vigor do braço,
Como o vento em torvelinho,
Lanço o poema no espaço
No seu exacto caminho.

2 comentários:

Lúcia disse...

isso está mau por aí. arriba mulher que hoje é o teu dia.
Já reparei que voltaste às cores sem problemas

J25 disse...

wow... Cheer up ! :) a gente tá aqui pa te animar muxaxa!