A PROPÓSITO DO DIA DO PAI

Miguel Sousa Tavares... a propósito da perda de sua Mãe, a escritora e poetisa Sophia de Mello-Breyner "... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Eu perdi o meu pai ainda não tinha 3 anos, as minhas irmãs, 6, 8 e 10 respectivamente. Penso que terá sido muito duro, sobretudo para a minha mãe, que teve de buscar maneiras de criar 4 filhas; os anos foram passando e nunca senti verdadeiramente falta da figura paterna, pois a minha admiração pela minha mãe suplantava tudo; quando leio sobre pessoas que atravessam o divórcio de seus pais como um cataclismo, uma qualquer tragédia, faz-me alguma confusão: porque haveremos de pensar que é imprescindível a figura paterna? Que nos leva a pensar que a vida será melhor? A minha provávelmente teria sido diferente, se o meu não tivesse morrido, mas seria melhor? No meu caso penso que não, a necessidade é que fez dar aquele passo no escuro que fez toda a diferença, que nos trouxe para a cidade e nos deu acesso a coisas que na aldeia nem sonhávamos, e nos abriu os olhos para o mundo real. Assim, todos os anos no dia do pai...agradeço à minha mãe!

Sempre ouvi dizer: se a vida te dá limões... faz limonada!