6.7.05

Campismo

Quando se fala de férias e das várias maneiras de as fazer, todos me olham como se fosse um extra – terrestre, quando digo que gosto de fazer campismo, e eu sei porquê: as pessoas lembram-se imediatamente dos Parques a abarrotar no mês de Agosto, com crianças aos berros nas diversas filas que se criam, seja para tomar um duche ao fim da tarde, seja para lavar a louça da refeição ou a roupa que tão habituados estamos só a colocar na máquina de lavar; lembram-se dos vizinhos do lado, daqueles que levam a televisão, o naperon de crochet para colocar-lhe em cima a jarra de flores de plástico, e a gaiola do canário, e jantam impreterivelmente às 20h, na sua toalha de plástico às flores, o seu bacalhau cozido com batatas e lamentam a falta da sua maçã assada para sobremesa, vingando-se afinal na garrafita de bagaço que trazem sempre, para “esmoer”, dizem...
Mas o meu campismo é diferente, primeiro porque nunca o faria em Agosto, nem mesmo na segunda quinzena de Julho, faço-o sempre ou no final de Junho ou no início de Julho e de preferência no Orbitur de Mira, pois conhecendo-o já há mais de 25 anos, conseguiu manter a qualidade das instalações, que com poucas remodelações mas muito brio de quem lá trabalha, confere ao espaço um asseio e uma arquitectura paisagística bastante agradáveis; isto aliado a muita sombra e muito verde, a uma boa praia a 300m e um sossego digno de registo, resumindo-se à frequência de meia dúzia de estrangeiros em caravanas, a título de exemplo numa semana nunca me cruzei com ninguém no WC ou mesmo nos duches.
Vou para lá apenas munida da tenda e respectivos acessórios para dormir, 1 mesa 2 cadeiras e um grelhador...e todos os dias vamos ou à lota ou ao mercado comprar peixe ou carne para grelhar, salada e pão e uma “garrafosia” de preferencia bom tinto para se poder beber à temperatura ambiente (vicissitudes de não ter frigorífico), e o melão para finalizar. Bom, com esta história engordo sempre 1 kg ou 2, mas não interessa, a seguir dormir uma sesta ao som do canto das mais de 8 espécies de pássaros, que o meu marido contou que eu não conheço, e do vento nos altos pinheiros mansos, e acordar ir até à praia e beber um finito na esplanada frente ao mar, ter tempo para ler aquele livro que estava encostado há tanto tempo, para dar passeios ao fim da tarde a falar de tudo e de nada, porque o silêncio já não nos incomoda.
É por isto que eu gosto de campismo, e sobretudo tendo uma cadela que me segue para todo o lado, é mais uma vantagem ela poder estar junto de nós. Claro que não o faço durante muito tempo, só 1 semana ou 10 dias para poder ir também para o campo onde tenho a sorte de ter um sossego absoluto, num local verdadeiramente paradisíaco que é onde eu nasci.

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