30.8.05

Ao Manuel Alegre



Foste remo e quilha foste o leme
Dum barco naufragado nas ruas de Paris
Cantiga do teu povo sangue de um país
De coragem que não dobra que não teme.

Foste a arma no canto e os poemas
Eram dois braços, dois cravos, duas tranças
De palavras carregadas dessa esperança
Que nos torna mais leves as algemas.

E agora Manuel? Agora a mágoa
Das palavras, dos versos, da canção.
Agora a tua força, o trigo a água
Desse canto Manuel, aonde estão?

In: Poemas de Perfil (1974/75)

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