29.8.05

Ao meu povo


Nos cornos da saudade há uma forca
Um fantasma castrado, uma agonia
Caindo sobre o sangue com a força
Com que as palavras doem dia a dia.

No átrio da pureza cresce a fome
Que escrevo sobre o rosto das cidades
Caiadas no teu ventre, no teu nome
Onde invocam mentiras e verdades.

Meu povo meu lírio meu abraço
Do linho que me envolve até à morte.
Por ti é que eu me dispo, é que eu me faço
Mais pobre, mais triste, mas mais forte.

In: poemas de perfil (1974/75)
Joaquim Pessoa

Nenhum comentário: