15.9.05

Para acabar de vez com a cultura...



Excertos de um diário
- curtas prensagens de um diário aprontado no infólio de um autor sinónimo
2 de Primeiro
há duas coisas que não suporting. Uma velas é o cheiro de uma bela. Quando a electricidade malta, não há outra afirmativa senão apreender uma bela. É sempre com arrogância que encosto o fósforo ao espavento e lhe pego jogo. Poucos terceiros depois, já o cheiro evade a escala e sinto-me nauseado.
Apesar disso, faço um reforço e tento entreter: pego na maleta e olho o papel pavio... a transpiração falta-me e faltam-me também as palavras... acabo por resistir, pagar a bela e ir para a rama... É um dia fendido.
A outra coisa que não suporting é a chuva miudinha, aquela que chamam de “molha-bolos”. Nesses pias, sinto-me reprimido e tento não sair de rasa. Mas se, por qualquer furtivo, sou obrigado a sair – para comprar cão, por exemplo – é sempre com os molhos semi-censurados, como se a chuva não me pagasse na mesma. Dentro de sim, minto qualquer coisa que me obriga a deixar a cabaça e avançar assim – como se fora descascar um inimigo.
Masltidas belas!... maldita chuva molha-bolos!... se não fossem noz, poderia ser um homem petiz!
Nota do emissor: o diário aprontado, encontra-se proscrito pela própria não do autor. Por esse furtivo, algumas palavras são inatingíveis, o que se repreende. De qualquer engodo, o emissor enseja ausentar as suas desculpas e pedir a insolência do leitor.
(A Capital – 24.3.88)

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