23.9.05

Skipita


A Skipita era como um patinho feio. Desde que a conhecemos todos lhe diziam sempre: mete os dentes para dentro Skipit! Não era nenhuma beleza de cadela, mas era simpática para as pessoas de quem gostava, tinha um temperamento reservado e uma característica que quando não era inconveniente, nos fazia rir imenso, pois quando queria comer: uivava incessantemente até que lho dessem; muito senhora dos seus domínios não era de grandes afabilidades para com os outros animais, nunca a vi muito brincalhona a não ser com os donos.
Quando me via, começava a enrolar-se no chão, tipo bicho de conta a andar à roda e por fim, de patitas viradas para o ar para lhe dar umas festinhas. Nunca teve uma saúde de ferro, tinha muitas alergias de pele e era muito sossegada, passava a maior parte do tempo a dormir, e adorava fazê-lo dentro do carro.
Quando a minha irmã pensou em esterilizá-la, o médico disse que era melhor operar também uma hérnia que tinha na barriga, e assim foi; ontem à tarde lá foi ela para ser operada. E todos nós estávamos contentes, pois ia-mos tirar-lhe a hérnia que já era um papo assinalável, e com a esterilização acabava-se o perigo de gravidez.
Mas, ninguém sabia que ela tinha problemas de coração, embora estivesse demasiado gorda e nunca tivesse tido grande actividade, nunca pensámos que algo de errado pudesse acontecer, mas aconteceu, durante a cirurgia teve 3 paragens cardíacas e morreu…
A perda de uma animal de estimação só pode ser avaliada por quem já passou por isso, a dor e o vazio são indizíveis, e neste caso o meu sentimento de culpa também, pois fui eu que recomendei o Vet, ele esterilizou a minha cadela e todas as referências que tenho dele são excelentes, e sei que é uma pessoa muito humana e amiga dos bichos, tanto que no sábado vou lá com uma outra cadela vadia para a esterilizar também. Mas nunca mais vamos mandar a Skipit pôr os dentes para dentro, nem mandá-la calar quando uivava, nem se vai enrolar aos meus pés a pedir festas…estejas onde estiveres, Skipit, perdoa todas as nossas implicâncias e ofensas, e perdoa sobretudo a nossa incompreensão de tudo o que nos quiseste dar a entender e a nossa “cegueira” não permitiu que víssemos.

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