3.11.05

Poema gentilmente enviado por este Blogger


A minha tristeza

[Quando a minha tristeza nasceu criei-a com esmero e com amorosa ternura.
A minha tristeza cresceu como todas as coisas vivas: forte, bela e cheia de encantos. Amávamo-nos e amava-mos o mundo que nos rodeava, porque a minha Tristeza tinha um coração bondoso, e o meu coração transbordava de ternura pela minha Tristeza. Quando cantávamos os dois, os vizinhos vinham à janela porque os nossos cânticos eram mais profundos que o mar, e as nossas melodias estavam cheias de estranhas recordações. E quando andávamos juntos as pessoas olhavam-nos com carinho e murmuravam palavras de inefável doçura. Havia até alguns que nos olhavam com inveja, porque a minha Tristeza era um ser nobre e eu estava orgulhosos da minha Tristeza.
Mas um dia a minha Tristeza morreu como morrem as coisas vivas e fiquei sozinho com os meus pensamentos. Agora quando falo as minhas palavras ressoam pesadas aos meus ouvidos. E quando canto os vizinhos já não vêm à janela escutar as minhas canções. E quando vou pelas ruas já ninguém olha para mim. Apenas ouço vozes que dizem : "Olhem, aí vai um homem abandonado pela sua Tristeza"]

de Khalil Gibran

Nenhum comentário: