18.12.05

Saudades


...Aqui, na cidade enorme, multiplicadora
da tua ausência em tantos rostos
velozmente alheados, ignorantes
do teu nome inaugural
do teu nome-madrugada aonde nunca
doem os lábios de o dizerem;

Na cidade inteira à volta
desta chávena nocturna de café,
desta mesa a que sentei
a saudade da tua companhia,
e aonde as mãos acariciam
o começo e o fim de cada verso-procurando
o comprimento amigo dos teus dedos...

...esta mesa sempre ao centro
do poema e da saudade,
e o lento fogo negro
aceso nesta chávena,

e com os dedos longos destes versos,

preparo uns olhos, só, que te mereçam,
uns olhos só para te verem
mesmo longe ou mesmo nunca
tão perto como é perto
cantar assim o teu nome,
o teu nome inaugural nesta cidade,
o teu nome-madrudaga aonde nunca
os lábios doem de cantá-lo!
(...)
Vitor Matos e Sá

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