19.1.06

Nada de confusões...

Numa favela, dia de sol, calor infernal. Três homens entram num barraco pequeno, quente e húmido, arrastando um rapaz magrinho e franzino pelos braços. Lá dentro, o Djalmão, um negrão enorme, muito suado, fedendo, cara de enjoado, palito no canto da boca, limpando as unhas com um facão de cortar côco. Um dos homens diz:
- Djalmão, o chefe mandou você comer o cú desse cara aí... Disse que é para ele aprender a não se meter a valente com o pessoal da favela.
A vítima grita de desespero e implora por perdão. Mas o Djalma apenas rosna, ignorando os lamentos do homem:
- Pode deixar ele aí no cantinho, que eu cuido dele daqui a pouco. Quando o pessoal sai o rapaz diz:
- Sr. Djalmão por favor, não faz isso comigo não. Me deixa ir embora, eu não digo p'ra ninguém que o senhor me deixou ir sem punição... Djalmão diz:
- Cala a boca e fica quieto aí ! Cinco minutos depois, chegam mais dois homens, arrastando um outro:
- O chefe mandou você cortar as duas mãos e furar os olhos desse elemento. É para ele aprender a não tocar no dinheiro do chefe. Djalmão com voz grave:
- Deixa ele aí no cantinho que eu já resolvo. Pouco depois chegam os mesmos homens, arrastando outro pobre coitado:
- Djalmão, o chefe disse que é p'ra cortar o bilau desse cara aqui, p'ra ele aprender a nunca mais se meter com a mulher do chefe. Ah... e ele falou ainda que é p'ra você cortar a língua e todos os dedos dele para não haver mais a possibilidade de ele bolinar nenhuma mulher da favela! Djalmão com voz mais grave ainda:
- Já resolvo isso. Bota ele ali no cantinho junto com os outros. Aí, o primeiro rapaz entregue aos cuidados do Djalmão diz em voz baixa:
- Seu Djalmão, com todo respeito, só p'ró senhor não se confundir: o do cú sou eu, 'tá ?

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