10.1.06

Querem ver que esta merda é crónica????



Eu explico: ao folhear velhos livros de poesia, encontrei um do Álvaro Manuel Machado, chamado "Íntimo Rigor", que pauta por uma poesia do tipo:
"Dor"
Fruto amarelo
crescendo.

e pronto; e no espaço destas páginas em branco, eu tinha a mania de escrever, o que eu apelidava de poemas, estávamos no ano da Graça de 1991, e foi terrível encontrar o que passo a transcrever:
"LUGARES"
Revisitar os lugares da memória
composta de tudo o que nos trouxe
mais dor, ou simplesmente, mais
uma visita ao espelho baço do desespêro.
Que recordações nos ficam ainda,
para lá da dor e do tempo?
para lá das paisagens percorridas,
com olhos apressados em preencher
um vazio quase patológico,
por entre folhas e folhas de memória?...
que nos resta, senão a múltipla viagem
pelos escombros do passado?
Que buscaremos aí? Uma imagem perdida,
ou a procura inocente
de uma ternura adiada?
E pelas rugas do rosto se passeiam
as horas infinitas, as páginas
dos dias vazios...

19 Outubro, 1991

Assusta-me ter a consciência que escrevi isto há 15 anos atrás, e não sei concretamente ao que me referia. Seria à mesma insatisfação de agora? Não creio; mas o que me assusta é ser repetitivamente frustrada, e sobretudo: Uma chata do caraças...

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