29.3.06

Já nada é nosso...



Na placidez do teu rosto
Esconde-se uma dor indizível
De quem não sofre por gosto
Mas pela serenidade ser impossível.

Caminha ao teu lado como uma sombra
Fustiga-te como um vento gelado
Como um agoiro que te ronda
E escreve sozinho o teu fado.

Parece que já nada é nosso
Nada nos pertence, nem a vida
Algo diz: quero, faço e posso
E rói-nos como uma ferida

E vamo-nos deixando ir,
Fingindo não darmos conta
Do destino que irá surgir
Devagarinho e sem afronta...

A lucidez também magoa
Às vezes mais que a ilusão
Na realidade, vivemos à toa
No centro da confusão.

Este mundo é demasiado vil
Demasiado material, sem ideais
E ensinaram-te a ser gentil
Não contigo, mas com os demais...

Ivamarle

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