14.5.06

Como mudam as nossas palavras


(desconheço a autoria do desenho)

Continuando a remexer nas papeladas há muito esquecidas, deparei-me com uma série de poemas, que seria incapaz de escrever hoje em dia.Aquela poesia desesperada e angustiada pelo amor, aquelas "lamechices" que só são sérias ( e muito sérias mesmo), para quem as escreve, sendo para o resto das pessoas só mais uma série de palavras gastas. É assim que as leio agora: palavras gastas pelo passar do tempo e que deixaram de ser necessárias...

Sede de ti

Porque me persegue a tua voz
Em todos os passos, por todos
Os recantos em que me refugio
Para estar em silêncio, com a
Minha memória de ti?
Arrepiam-me a pele palavras tuas,
Como carícias roçam-me levemente
Os lábios, como se as dissesses em minha boca.
Enlouqueces-me os sentidos e voo,
Para onde estão os teus braços,
Neles me afogo, como um mar de carícias
E elejo esta morte como minha.
E é às vezes que me desperto
Num torpor de madrugada no teu corpo,
Que de impossível, me aviva mais o desejo
De possuí-lo.
Quando virás afinal saciar-me
Esta sede insuportável e fazer
Serenar este coração desprevenido?

Ivamarle (algures num passado distante)

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