9.9.06

Será?


Não sei qual dos dois me confunde mais: se o bulício das ruas, se a solidão.
Após passar semanas, muitas semanas em casa, umas atrás das outras sem quase sair e embrenhando-me nos livros, na televisão e no corriqueiro dos dias de uma dona de casa, apercebo-me que quando vou para sítios muito movimentados me sinto desenquadrada e os ruídos confundem-me.
A azáfama do trânsito ecoa-me na cabeça mesmo depois de regressar à calma do meu sítio; atravessar uma rua movimentada causa-me arritmia, isto não é normal... quando estou acompanhada não sinto o mesmo, estou mais relaxada e absorta desses pormenores.
Tenho de habituar-me lentamente aos ruídos das ruas, das pessoas a falar no autocarro e não exasperar perante as crianças que fazem as birras do costume, mas sobretudo concentrar-me em parecer normal, pois acho que ao fim deste período solitário, adquiri uma aparência algo alucinada nas ideias que, acredito que transpareça na fisionomia.
Acontece-me cada vez mais frequentemente, esquecer-me abruptamente do que vou fazer e o mais assustador, é que nesse aspecto, estou muito pior que a minha mãe que se queixa do mesmo, mas já tem 77 aninhos...
Hoje tinha dentista às 18h e resolvi ir mais cedo para tratar de um assunto na Netcabo que é lá ao pé, como ainda sobrava tempo antes da consulta fui dar uma volta pelas montras em redor, entrei numa loja (das dezenas que estão para fechar) onde estavam a vender tudo a 5€ e 7,50€, calças, blusas, t-shirt’s, saias, etc. Escolhi uma túnica e dirigi-me à caixa para pagar com uma nota de 10€, quando a empregada me perguntou se não tinha 5€ trocados, ao que respondi que deveria ter e abro de imediato a carteira e o meu cérebro pára!...primeiro fiquei especada a olhar para a dita, depois fiquei a fitar a empregada com ar apalermado (só o concluí pela cara que ela fez...) e ao fim de uns segundos consegui perguntar, o que me havia pedido segundos antes.
Já ontem quando fui comprar um telemóvel e um auricular, havia que testar este último e a funcionária pediu-me o nº de telefone para me ligar e eu atender e verificar se o auricular estava a funcionar bem. Em vez de lho ditar, comecei a marcar o meu próprio número no meu telefone, a rapariga nem disse nada, ficou de auscultador no ar e dedo em riste à espera que lhe ditasse o número, quando me apercebi, devo tê-la fitado com o mesmo ar apalermado de hoje e tive de perguntar de novo o que é que me tinha pedido. Isto é alarmante, não acham? Acho que isto é um bom começo para a loucura não?
Já que os amigos são para as ocasiões, o que é que vocês me aconselham? Também se aceitam diagnósticos...

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