27.12.06

Memórias gratificantes


foto de: Marte

Soletrar o dia

Tenho tudo por dizer e gasto palavras
Para lá chegar. Não sei se me afasto
Ou se chego perto. Se alguma vez rocei
A pele do essencial. E pergunto-me sempre
Para quê estas palavras que me teimam.
O passado não é o que está feito,
Mas o que palavra alguma fará de novo.
Por isso leio sempre no futuro, mas não sei
Para que lado do tempo escrevo. E se soubesse
Que arrasto as letras como um caranguejo
Diria que só tenho esta mão de palavras.
Soletro os dias em cada coisa que me olha
Quando me sinto a vê-la. É tudo.
E não há desculpas para o que faço.

Rosa Alice Branco

Na sequência da oferta de um livro por parte da caríssima Elipse, de uma escritora que ambas desconhecíamos, descobri uma escrita leve, daquelas que, como diz a mana, se gostaria de ter escrito.
O poema que dá nome ao livro é para mim muito especial e ao lê-lo, veio-me de imediato à memória, uma foto-composição feita pelo Marte a partir de uma foto do meu olho, tentando definir-me nela, bem como o fez com outros e que está, quanto a mim, muito bem conseguida a todos os níveis. Decidi pois, juntar a imagem ao poema, para ilustrar uma época que se quer de harmonia e de paz com a vida...

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