4.1.07

Desafio da Fausta Paixão



Sempre me ficou a sensação de ter nascido aos 8 ou 9 anos, quando a minha mãe pôde finalmente tirar-nos do colégio. Tudo até aí se tornou demasiado nebuloso, pelo esforço feito para esquecer; salvaram-se umas parcas memórias, como farrapos arrancados de uma infância pouco feliz.
A primeira vez de que me recordo querer ser alguma coisa, penso que foi por volta dos 11 anos, onde oscilava entre o desejo de ser hospedeira de bordo e – pasme-se – a Marilyn Monroe, não era ser actriz, era ser ela...coisa mais estúpida, mas naquela idade nada nos parece estúpido ou impossível.
Penso que rapidamente interiorizei que afinal, não era possível ser outra pessoa, para além de ficar a saber que a sua vida não foi um mar de rosas.
A partir daí, ficou-me só o desejo de ser actriz, fosse de Teatro ou Cinema; queria ser actriz, simplesmente.
Cheguei a fazer Teatro amador e adorei. Sobretudo ao fazer comédia, imperava aquele sentimento gratificante de ver as pessoas a rir com vontade e nada ultrapassava a glória de ter o público nos camarins a cumprimentar-nos pela exibição e a incentivar-nos para continuar.
Por dificuldades várias, ficámos pela exibição de duas Peças de Teatro no Inatel, até que fomos impedidos de continuar a contar com aquele espaço, fosse para os ensaios ou para as exibições, o sonho morreu ali...
Tenho a sensação que todos os sonhos morreram ali; nunca mais sonhei ser o que quer que fosse, cedo me apercebi que os meus sonhos eram irrealizáveis, gostava das Artes em geral, mas em Coimbra não havia (e não há, excepto a ARCA, desde há poucos anos) Escolas de Belas Artes, ir para Lisboa estava fora de cogitação e fui continuando pelos anos fora a sentir-me espartilhada pela impossibilidade monetária de fazer o que gostaria, até que esqueci os sonhos e tornei-me uma rebelde sem causa, com pressa de ser adulta, pois pensava que isso bastava para me sentir realizada. Escusado será dizer que foram mais os trambolhões, que as boas experiências, mas isso são outras estórias...

Não lanço o desafio a ninguém, sei que a maior parte das pessoas não gostam destes desafios...

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