3.10.05

Aparelho de musculação


Ora cá estou eu de volta, mais torta que uma retorta o que passo a explicar.
6 da manhã, toca a levantar e fazer o costume, banho e tal e, pé na estrada, ou melhor, no acelerador...mas não foi tão simples assim, aquele carro do demo em vez de acelerador tem um raio de um instrumento de musculação que quase tive de me por em pé em cima dele para sair do sítio, já conduzi muitos carros e nunca vi coisa igual. Lá tive de me conformar e vim buscar umas sandálias confortáveis para conduzir, pois com os sapatos que levava, começou logo o salto a furar o tapete de borracha, com a força exercida no dito aparelho de musculação, e lá segui caminho; por sorte não havia nevoeiro, mas em contrapartida havia fumo na zona de Carregal do Sal, e em fase de rescaldo estava também o incêndio na zona de Tondela, onde nas bermas ainda ardiam os últimos tocos de pinheiros. Apesar das dores na perna a viagem até estava a decorrer normalmente, estava dentro do tempo programado para chegar nas calmas a Pinhel, por volta das 9.30h, mas eis que ao chegar a Viseu, em vez da normal ligação ao IP5, há um desvio precisamente por dentro de Viseu, isto eram 8h e pouco da manhã, hora de ponta e eu no meio daquele inferno de rotundas e minúsculos sinais amarelos a dizer “desvio IP5”, que por duas vezes só vi depois de os passar, obrigando-me a um passeio turístico nas ditas rotundas. Finalmente lá desemboco no IP5, mas em vez de acelerar, tenho de reduzir para os 50 ou 60 à hora, em virtude das intermináveis obras naquela via, sempre em faixa única, a levar com os fumos dos camiões cansados das subidas e descidas, que quando não levam os motores à exaustão, fazem os travões ficar incandescentes...que vontade que eu tinha de um copo de leite, ou água, qualquer coisa para molhar a garganta, mas não podia parar, esta minha maldita mania da pontualidade leva-me ao desespero, é como uma droga da qual não me consigo livrar; e assim continuei penosamente, felizmente a subida para a Guarda tem 2 faixas de rodagem e aí já não havia obras a decorrer, mas tinha de fazer tanta força no desgraçado do acelerador que não sei o que me custava mais; quando estou a entrar em Pinhel eram 10h e o eclipse fazia-se notar pela ligeira escuridão, mas uma vez mais, objectivo cumprido, cheguei a horas ao cliente.
Segui para Trancoso, onde o outro cliente com a correria da campanha eleitoral e muitos panfletos ainda para entregar, inclusive os do seu pai e funcionária que pertencem às listas em campanha, com tanta azáfama tinha-se esquecido que eu lá ia, e recebeu-me muito a correr, o que eu compreendi. Almocei em meia hora, e outra vez para a estrada, rumo a Mangualde, onde me deparo com o meu cliente mais morto que vivo, parecia que me estava a ver ao espelho, em frente ao computador a tentar entrar no nosso site o que não estava a conseguir, de barba por fazer e um ar perfeitamente miserável e lançou-me de chofre: têm bonés laranja? Disse-lhe que estavam esgotados desde Agosto, e que no país inteiro já ninguém os tinha a bom preço; eu nestas coisas sou muito sincera, e disse-lhe (apesar de ser a 2ª visita que lhe fazia) o Senhor João está uma lástima, está absolutamente arrasado...ele claro que confessou e explicou-me que tinha trabalhado todo o fds, de dia e de noite e que continuava a ter encomendas de coisas para as campanhas, e não tinha tempo para se coçar. Perante isto só me restou deixar-lhe umas amostras de produtos e dizer-lhe que não valia a pena eu falar-lhe do que quer que fosse, pois ele não me ouviria, a conversa que eu pretendia ter com ele, ficaria para o próximo ano quando todos nós que trabalhamos no ramo, tentamos regressar à velocidade normal.
Já eram 15.30 e eu estava cansadíssima da viagem, com imensas dores nas costas e sobretudo no pé e perna direitos, mas tive de ir para a estrada de novo, rumo a Nelas e por aí abaixo, na zona de Tábua era assustador o fumo e as labaredas altíssimas, acicatadas por um vento horrível que trazia tudo em turbilhão, e tive alguma dificuldade com o ardor dos olhos, mas lá continuei e felizmente não vi nenhum acidente como é hábito naquelas vias.
Escusado será dizer que quando estacionei o carro ao pé de casa, nem me sentia...tenho uma dor no músculo da perna direita que parece que subi o monte Fuji, e o pé abriu mesmo, não consigo tê-lo noutra posição que não seja de calcanhar no ar, como se continuasse a pisar o *#?*& do acelerador...
Para terminar o dia em beleza, o meu marido disse-me que levou a Jota ao Vet, deixou lá 50 euros, fez análises ao sangue cujo resultado sai dentro de 15 dias, pois teme-se que ela tenha uma patologia fatal que, pra cúmulo, o meu marido não se lembra o nome que o médico deu, ou pode ser só falta de carinho e bom trato na fase de cachorro, pois parece que ela tem cerca de 1 ano e meio, e desde os 3 meses que estava naquelas condições deploráveis...ou seja: amanhã lá tenho de telefonar ao Vet, a saber de que doença se poderá tratar para saber com o que posso contar. Mas ao menos não tem febre e está muito mais esperta e já se abana quando chegamos ao pé dela, e gosta muito de mimos, fica com a cabecita esticada à espera de mais festinhas, e farta-se de comer.

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