12.10.05

Liberdade é não termos de nos preocupar com escolhas.


Estou muito, mesmo muito farta de estar sempre a escolher entre diversas “coisas”, sejam elas materiais, reaccionais, sentimentais e outras coisas acabadas em “ais” (ou nem por isso)...
Com este intróito não pensem que sou apologista de qualquer ditadura, pelo contrário, como Sagitariana de gema que sou, prezo a liberdade quase acima de tudo, e este “quase” não está cá por acaso...é que liberdade, pelos vistos, implica sempre: escolha!
E para mim, as escolhas já começam a pesar, começo a estar farta de escolher o que comprar para comer, o que comprar para vestir (embora o comprar não seja uma opção, e sim, uma imposição), que atitude tomar perante determinada situação, real ou imaginada, ou simplesmente não tomar atitude nenhuma; dizer o que penso verdadeiramente, mentir (ou melhor: faltar à verdade), ou simplesmente omitir; chamar ou não “os bois pelos nomes”, dourar as pílulas, ou apresentá-las nuas , cruas e sem sal...
Penso que era bem mais fácil quando éramos regidos pelo instinto: não havia escolhas, só necessidades! E nesta corrida frenética (que ainda não percebi, em busca de quê) vamos tentando humanizar, civilizar tudo o que nos rodeia, até os animais de estimação como a minha Nika, por exemplo: apesar de passar o dia inteiro em casa sozinha, e ter “necessidade” de fazer xixi, também ela tem a sua escolha: ou adiar a necessidade, ou levar um ralhete quando eu chego a casa, e só foi preciso fazê-lo uma vez, e ela aprendeu que é melhor ter-me a brincar com ela, do que com o cenho franzido a limpar a “necessidade”. E assim é na nossa vida, as coisas vão-nos sendo impostas sub-repticiamente , como o processo que levou à queda do Império Romano, devagar, sem aleijar nem causar grandes estragos visíveis, até que quando damos por ela, já é demasiado tarde, e quase nada resta do nosso EU verdadeiro, perdemos a identidade e por vezes, nem sequer sabemos como chegámos ali, mas só quando um rasgo de lucidez nos faz perguntar como nos deixámos corromper, se não existir esse rasgo, nem sequer nos apercebemos e vivemos “felizes” no seio da nossa doença de Alzheimer, à qual teimamos em chamar: Liberdade...

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