16.11.05

Para desabafar...


Apetece-me dizer mal da vida
E a versejar, porque não
Estou farta de tanta lida
Que me traz em depressão.

Tinha razão a minha mãe
Ao dizer-me para estudar:
“- Para no futuro seres alguém
que não se mate a trabalhar...”

E ela entende do ofício
que tanto teve de lutar,
4 filhas e tanto sacrifício
e sem um pai para ajudar.

A Lucy é que teve juízo
Estudou muito e com talento
Fez tudo o que era preciso
E agora sobra-lhe tempo...

Corro 9 horas por dia
Sem nunca conseguir chegar,
a ter de novo aquela alegria
Que um dia trouxe no olhar.

Sei que muita coisa não volta
Sei que o que passou já era,
Mas não passar da cepa torta
Tem fases que desespera...

Com tantas inquietações
A alma às vezes padece,
E contém alguns palavrões
Que muito cliente merece...

Quero um produto em cinzento,
Não me lembra a referência
Foi um que comprei há um tempo
Veja aí, tenha paciência...

Se há clientes chatos,
Outros há que “faz favor...”
Pedem pastas e querem x-atos
E nem sequer sabem a cor...

Uns querem bolas de praia
Outros fitas p’ró pescoço
Canetas lindas em faia
E clips em forma de osso...

Outros há que nos fazem rir
São simpáticos e afáveis
Com eles é fácil sorrir e
Temos gosto em ser amáveis.

Já estou farta de acordar
“Virada para o mesmo lado”
esmifrar-me e nunca ganhar
o justo como ordenado.

Já pensei emigrar novamente
Em busca do que já tive
Parado não se anda para a frente
Esbanja-se a vida, não se vive...

Desculpem o desalento
Mas alguém tinha que levar
Com estes versos sem talento
E o meu mau feitio, a rimar...

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