18.2.06

Estórias verídicas

Vou tentar ganhar ânimo e tempo, para vos ir contando umas estórias que vou ouvindo aqui e ali, algumas perdem pela falta de gestos que as acompanham, quando contadas por quem as sabe contar com mestria; ainda assim, espero que gostem pois todas se passaram realmente...

O Crasto era uma bizarma com corpanzil apreciável, que tinha uma oficina de motoretas e como era comum na altura, bebia que nem um cavalo e andava sempre bêbedo.
Mas era um desenrascado, arranjava tudo fosse peças ou não...aproveito para referir que isto se passou quase há 35 anos atrás, para que não façam alguma analogia errada.
Havia jogo de futebol com a Académica e o estádio de Coimbra estava cheio de gente e o parque, cheio de carros e motorizadas e uma V5 reluzia de estimadinha. Lá teve de ser, toca de agarrar nela e vai rumo à aldeia, que o livrete arranjava-se lá mesmo. A desgraçada andava mais em 4ª que em 5ª, o dono nunca devia meter a 5ª...
Chegados lá, toca de ir tratar de arranjar livrete, antes que a GNR lá fosse cheirar, com quem se podia falar? Com o Crasto claro, e lá fomos.
Lá chegados, fomos direitos ao assunto: Crasto, precisamos de um livrete para esta “martirizada”, isso arranja-se, responde ele, mas só se trouxeres um garrafão de vinho bom.
Meu dito meu feito, lá fomos tratar do assunto do vinho, e ele arranjou o livrete no dia seguinte.
Há tantos anos atrás, quem tinha uma motorizada era um afortunado, sobretudo nesses locais do interior; é que assim conseguiam percorrer-se todos os bailes nas terreolas em volta nos meses de verão, o que na altura era quase a única distracção para além da festa de final de ano em que se juntavam à roda da fogueira e que é ainda costume fazer-se .
Numa dessas festas em roda da fogueira, o Crasto – que se chamava Castro, mas toda a gente trocava as sílabas, estava de maus fígados com a filha e com uma bebedeira de caixão à cova e, às páginas tantas decide que vai ajudar à fogueira, que a lenha não era muita...
Vai para casa da filha e começa a acarretar, armários, louceiros, bancos e mochos e a atirar tudo para a fogueira, nem o desgraçado do fogãozito escapou...e não contente com isso ainda foi à oficina, e trouxe quadros e suspensões de motoretas, pneus e guiadores; escusado será dizer que a fogueira fartou-se de arder, mas o cheiro não era dos melhores...

Nenhum comentário: