24.3.06

O poder do Guano...



Ontem por causa de uma pergunta da Patioba sobre as orquídeas no jardim, veio à conversa o Guano, que é um óptimo fertilizante natural, embora tenha um cheiro de fugir, como quase todos os fertilizantes biológicos, que são os únicos que usamos.
Para enquadrar esta estória, terei de fazer primeiro um quadro geral para perceberem o porquê da mesma, então aí vai.
Eu vivo no centro da cidade, mesmo em frente a uma clínica onde, frequentemente dão entrada pessoas de etnia cigana, que como todos sabem, vêm sempre acompanhados de grande parte da família, que “acampam” aqui em frente nas suas carrinhas onde dormem e passam o dia, até que o paciente tenha alta. Como eu vivo no rés-do-chão, só tenho um jardim a separar-me do muro que dá para o passeio, nessas alturas o meu jardim fica cheio de pacotes vazios, papéis, plástico e toda a espécie de lixo; isto para além da algazarra que fazem os miúdos e os graúdos.
Ao lado de minha casa, existe uma vivenda que está votada ao abandono há uma série de anos, e que como a minha, tem um enorme quintal da parte de trás; a dada altura era ocupada por sem abrigo e toxicodependentes, só na parte da garagem. Apesar de esse facto nunca me ter perturbado, pois eles nunca deitam a perder o sítio onde dormem, ou seja: para mim não eram uma ameaça, mas para o meu vizinho do 2º andar, que era Juiz do Supremo, e se acha no direito de por e dispor do tudo o que o rodeia, parece que lhe fazia impressão.
Num desses dias de Primavera em que o meu marido se preparava para cuidar do jardim e já tinha comprado o fertilizante, eis que dá entrada na Clínica alguém de etnia cigana, e por conseguinte, o estacionamento à frente de minha casa ficou cheio de carrinhas carregadas de ciganos, e o meu marido que não estava para os aturar, pois nos dias anteriores já tínhamos tido doses que chegassem, e quando os viu encostados à nossa vedação a atirar pontas de cigarros e lixo para o jardim, passou-se e pensou: não é tarde nem é cedo, é já que vou adubar o jardim...
Agarrou no saco de Guano e começou a distribui-lo por todo o jardim, em dose mais elevada que o normal; bem, ao fim de 5 minutos as pessoas mudavam de passeio, pois o cheiro era infernal, embora os ciganos demorassem um pouco mais - devem estar habituados ao cheiro – mas ao fim de 15 minutos já tinham tirado as carrinhas para a outra rua em frente, o mais longe possível do nosso jardim.
O meu vizinho que não se tinha apercebido de nada disto, quando chegou ao fim do dia a casa e sentiu aquele cheiro hediondo, nem pensou duas vezes: deve estar alguém morto e em decomposição, no prédio ao lado, e toca de chamar a polícia para vir verificar.
Passado um pouco chega o meu afilhado e fica perplexo perante o nº de Policias que estavam frente ao prédio ao lado, com máscaras e todos artilhados a procurarem no quintal e dentro do prédio, o “tal corpo em decomposição”, segundo lhe explicaram quando ele perguntou a razão de tal aparato, embora achassem estranho que lá no prédio o cheiro ficava mais ténue; quando ele lhes disse que o cheiro provinha do adubo Guano que o meu marido havia posto no jardim, imaginem a cara dos gajos e não faço ideia da que terá feito o Juiz quando foi informado...

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