25.4.06

Sentido de humor


(depois daquela factura, apesar de difícil, é imperativo mantê-lo)
Se há coisa que aprecio na generalidade das pessoas, é o sentido de humor. Para mim é das qualidades mais importantes no carácter de alguém, seja nas relações de trabalho, seja nas de amizade ou simples conhecimento circunstancial.
Se é importante nesses casos, então na relação mais íntima que temos, ou seja, com a pessoa que escolhemos para partilhar todos os acordares despenteada e de olhos inchados, que partilha connosco as angústias e as dificuldades, essa qualidade é para mim indispensável. O meu marido tem um sentido de humor multifacetado, que me agrada particularmente, ora é refinado ou satírico, ora é irónico e mordaz, fartamo-nos de rir os dois sozinhos cá em casa, nem tenho coragem para vos contar um décimo daquilo que escarnecemos, fazemos filmes completamente desastrosos, dignos do melhor de Mel Brooks e rimo-nos até às lágrimas...
Dizia-lhe eu há pouco ao jantar,que foi roupa velha e que acompanhámos com um Quinta da Alorna, branco muito fresquinho :
- deixa-me beber mais um copo para me inspirar.
- Bebe, bebe para ficares inteligente...
- Que julgas tu? Por acaso até me saem melhor os textos que escrevo, quando acompanhados de um copinho de vinho, só tem é de ser bom e obviamente só à noite, nunca durante o dia.
- Falo a sério, disse ele, hás-de ir comigo ali à Carapinheira a casa de um cliente, que ele tem lá um vinho que ele diz tornar as pessoas inteligentes, devido ao elevado grau. Outro dia bebi lá um “martelo” a frio, ao fim do dia, que até perdi o norte...
- Ficaste “zoiro” foi?
- Nãão!! Fiquei foi inteligente, começaram os dois neurónios a funcionar e...
- Os dois ao mesmo tempo? Perguntei.
- Sim, vê lá o turbilhão que se gerou, os dois ali a funcionar à bruta e comecei a ficar cheio de ideias.
- ‘tou a ver, tens de ter cuidado antes que fiques completamente obnubilado, imagina o meu único, como não ficaria ao provar semelhante “pomada”...
E desatamos a rir à gargalhada que até as cadelas vieram ver o que se passava. Aos meus ex-colegas fazia confusão, como estamos juntos há tantos anos, sem ter filhos nem nada que nos faça desanuviar um do outro, claro que nem tudo são rosas, mas acho que encontrámos um equilíbrio fácil e digerimos todas as vicissitudes, mesmo as mais pesadas que sofremos juntos, ou separados. Não existem ressentimentos nem assuntos mal resolvidos, já se falou de tudo o que havia para falar, agora é tempo de se falar só do necessário ou do que nos deleita, os silêncios não incomodam, acho que nunca incomodaram. É tempo de fruir todos os momentos felizes que se nos deparam, ou então construí-los nós mesmos.

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