11.7.06

Assassina…


Ela entrou. Um sonho! Esta mulher não existia. Escultural, linda!
Basbaque, esqueceu o café. Bebia-a quente, em golos suaves. Saboreava os gestos: O da chávena na boca; o do cigarro nos lábios. Sentiu-lhe o baton e entrou naquele olhar, soprou-lhe na curva da nuca, no pescoço. Mediu-lhe milimetricamente o tailleur exacto, tomou-lhe a firmeza das ancas. Tocou-lhe nos joelhos, deslizando pelas pernas, no quente-frio da Lycra, demorando-se nos tornozelos, nos saltos…
Nos dias seguintes Ela lá estava, cada vez mais perfeita. Aquele andar, sempre os olhos, o cigarro nos lábios…
Quinto dia. Hoje estava decidido a falar-lhe. Imaginava-a na sua cama, na sua vida até ao fim dos dias. Ela chegou e ele cumpria o ritual voyeur.
Contudo nessa manhã o script falhou. Isto é, quando do cigarro dela deveria sair aquela primeira nuvem, que lhe embaciava o olhar encharcando-o em sex-appeal, nada. Cigarro apagado. Ela remexia com indisfarçável incómodo os conteúdos da sua mala, percebendo-se que explorava já as camadas inferiores. Lume! Não tinha lume! Deus existe! Quando ele se preparava para a abordar e já tinha à vontade meio caminho percorrido, eis que Ela se vira para o tipo do balcão e dispara:
- Tens frófos?

(recebido por e-mail)

Nenhum comentário: