10.7.06

Simplex


Como já todos ouviram ou leram, o nosso Primeiro anda sempre com o Simplex na boca. É um não mais acabar de “desburocratizações” , como chama à nossa já tardia adesão às novas tecnologias, na agilização do acesso aos serviços públicos ou outros.
Era suposto o site netemprego.gov.pt ter sido criado para agilizar o circuito empregador/empregado, sem tornar mais caótico o papel do IEFP.
No primeiro dia foi impossível aceder à página, em virtude da enorme quantidade de pessoas que o tentavam fazer ao mesmo tempo. No segundo dia lá consegui efectuar o registo, embora sem grande esperança, pois a base de dados reporta-se unicamente aos pedidos dos empregadores, feitos ao IEFP e que raramente são alguma coisa de jeito, no país das “cunhas”; mas como já estou inscrita noutros portais de emprego, era mais um. Por acaso até calhou aparecer um anúncio mais ou menos adequado ao meu perfil e respondi; apesar de ter mencionado que pretendia receber no e-mail as ofertas para a minha área, até à data isso nunca aconteceu e já visitei várias vezes a página cingindo a busca à região onde vivo e aparecem anúncios que se enquadrariam no que pretendo.
Na sexta-feira passada recebi uma carta para me apresentar hoje de tarde no Centro de Emprego, cujo assunto era: Activação da adesão ao Netemprego...
Achei aquilo estranho mas lá fui, pois eles ameaçam logo com perda do subsídio etc. etc. Como sempre, as pessoas já estavam no passeio, pois lá dentro o espaço nunca chega para metade dos utentes, 15.30h da tarde, um calor sufocante e ali, nem uma sombrinha. Mostrei a carta, disseram-me que teria de tirar uma senha e aguardar; desta vez tive sorte e só esperei meia hora, até entrar e falar com a funcionária e saber ao certo do que se tratava.
Então fiquei a saber que, como tinha respondido a um anúncio e o empregador tinha entretanto suspendido o mesmo, provavelmente por já ter preenchido o lugar, convocaram-me só para me dizer o que acabei de referir...confesso que devo ter ficado com ar embasbacado a olhar para a funcionária, enquanto lhe perguntava, se o portal não tinha sido criado para facilitar a vida a todos, sem obrigar a deslocações desnecessárias e se pensavam que a fortuna que recebo de subsídio, dá para andar a passear para o IEFP e se esse programa tão inovador, ainda não conhecia o comum e-mail, para este tipo de situações. Dito isto, virei costas e vim embora, com uma “telha” do caraças, de volta ao calor sufocante da rua.
Quem vive ou conhece Coimbra, sabe que o IEFP fica quase ao pé de um dos nós rodoviários mais movimentados da cidade, que dá pelo nome de Casa do Sal, sempre cheio de filas de carros; não é que no meio daquele inferno de trânsito, aparece um rebanho de cabras sem ninguém a apascentá-las e fica a pastar nas bermas da estrada e de um dos cruzamentos com mais trânsito? ...até alguns transeuntes as terem afugentado para uma zona verde que vai dar atrás do cemitério da Conchada, mais acima.
Passou-me logo a telha com aquela visão caricata, e dei por mim a trautear o antigo “êxito” : “La Cabra, la cabra, la puta de la cabra, la madre que la parió...”

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