3.3.06

Para todos vocês meus meninos, eis o Capítulo III

Tenham calma que só faltam mais dois, eh!eh!...

Capítulo III

Lá fomos nós para a esquadra, com uma ressaca filha da puta, e uma acusação de tentativa de burla e falsificação, e para cúmulo era sábado de manhã...
O Joka não falava de tão mal que estava, eu a fazer-me de forte e depois de ter dado umas voltas à carola, decidi que iria dar-me como culpada, (pois eu não sabia conduzir e ele é que tinha o carro, se alguém deveria ser libertado era ele, achava eu)dizendo que o havia enganado, que ele não sabia de nada e só me tinha feito o favor de ir levantar o vale, etc. etc. o problema é que o Juiz, só voltaria na segunda-feira de manhã, até lá teríamos de aguardar em prisão preventiva.
Aquilo era uma esquadrazita sem jeito nenhum, só com uma cela e eles perante dois detidos de sexo diferente, teriam de mandar um para outro centro de detenção numa Vila próxima. Começaram por me deter a mim lá, levaram-me para a tal cela que, estivera a ser ocupada durante 3 dias, por 6 pretos traficantes que eles apanharam nas obras; bem, nem imaginam como estava aquilo, não havia casa de banho, só uns colchões de esponja e uns cobertores, nem janela nem nada, só mesmo a porta de ferro. Os cabrões dos pretos tinham cagado e mijado e limpado o cú aos cobertores, mal fecharam a porta eu ia morrendo sufocada; é indescritível o cheiro no meio daquele negrume, se normalmente já nos falta o ar, então a ressacar pior ainda, parecia que estavam a espremer-me os pulmões. Desatei de imediato a dar murros na porta pois aquilo ficava numa cave e os agentes estavam no andar de cima, e como eu me tinha assumido como toxicodependente, não tinha que disfarçar nada, o Joka é que tinha, pois era suposto ele não o ser. Como pareciam não ouvir, deixei de parte o nojo e deitei-me no chão, a dar pontapés na porta; quando aparece um guarda que abriu a porta e eu se estava mal, fiz que estava pior ainda, fingi que não conseguia falar e sustive a respiração até ficar meia roxa, e o guarda ficou aflito e disse aos colegas: “Ó pá, esta está mal, tem de ir já para o hospital” (que por acaso era quase em frente), e como eu não me mexia, só arfava e esticava os braços numa atitude de desespero, ele agarrou-me ao colo e levou-me às urgências. Lá chegados, tivemos prioridade como é óbvio, lá ouvi o GNR explicar que eu era tóxica e precisava de qualquer coisa para aliviar, ouço o médico dizer: “Vamos dar-lhe um cocktail de fármacos que a vai pôr a dormir a noite inteira, tem de a levar amparada, pois vai fazer efeito muito rapidamente.”
Lá fui de novo para o Posto meia “apupinada”, no entretanto já tinham colocado na cela o Joka, desgraçado, quando me apercebi até tive pena dele...não havia Jipe para me levar à outra cadeia, já eram para aí umas 10 horas da noite, e eles decidem que eu iria passar a noite no bar dos guardas, onde estavam sempre 3 de serviço e havia uns bancos corridos ao longo da parede.
De repente, ouço um bater em metal, era o Joka a fazer o mesmo que eu, aos pontapés à porta, mas como não tinha a desculpa de ser toxicodependente, desceram 5 Guardas que tinham acabado o turno, para lhe amaciar os ânimos...deram-lhe um “enfardamento” que o desgraçado nem mais um pio deu...

(continua)

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