6.4.06

Ainda acerca de desenhos



(Ó mana, eu juro que não é de propósito, dá-me para isto que é que queres? Deve ser por ter reduzido a medicação...LOL;LOL)

Nos anos 80, os poucos objectos que trazia na carteira para além do B.I., porta-moedas e tabaco (quando havia), eram: lápis, afiadeira, borracha e bloco de notas liso, objectos absolutamente essenciais para matar o tempo nos “entretantos” das conversas do meu marido com os amigos, sobre as motas e as transformações que cada um fazia ou tencionava fazer e afins, ou simplesmente a fazer tempo para ser noite avançada, pois naquela idade parecia um sacrilégio ir dormir antes da 1 ou 2 da manhã, e a nós fazia-nos jeito, pois eu tinha de entrar às escondidas em casa dele, ou então assistiríamos a mais uma “cena” da mãe; de manhã era mais fácil, era só saltar pela janela (vantagens dos r/ch).
Volta e meia, acabava-se o bloco e aquilo era quase como faltar o tabaco: se o tivesse comigo podia nem me apetecer desenhar, mas se não o tinha, não pensava noutra coisa.
Numa dessas vezes em que não tinha bloco, estava no café à noite, quando se acabou o maço de tabaco comecei a brincar com ele, tirei-lhe a prata e alisei-a, no intuito de desenhar por trás na parte branca, mas achei que era giro desenhar na parte prateada e por sorte estava lá alguém que tinha uma Rotring e emprestou-ma. Então comecei a desenhar na prata e gostei do toque e a partir daí descobri mais um tijolozito para a casa da felicidade. No entanto havia um problema, de que só comecei a dar conta mais tarde, não era a tinta que saía, mas a prata que se deteriorava, começava a lascar e a soltar-se do papel, conclusão: nem uma recordaçãozinha ficou desses desenhos, paciência, lá voltei à grafite.
Por acaso acho que nunca tive grande jeito para retratos, acho-os dificílimos de fazer, pelo menos a partir de fotos e pior um pouco, se forem a cores. No entanto deu-me uma vez, em 1987 experimentei fazer um, a partir de uma foto que uma amiga me tinha tirado em 1980, que tinha tudo de mau: era a cores, a posição era de recostada e apoiada no cotovelo e o que eu pretendia era desenhá-lo, dando-lhe uma volta de 45º, para além de ser tirada de longe...
Como por vezes sou teimosa que nem uma mula, levei a minha adiante e tentei fazê-lo e este penso ter sido o único desenho que consegui fazer, largando-o e pegando-lhe novamente, pois o tema era para copiar, a criatividade não interferia. Acho que levei no total, umas boas horas de volta dele, durante dias e dias sempre com a sensação de que não estava bem, até que me fartei; já não conseguia retocar mais os lábios, a prespectiva do nariz em relação ao outro lado estava errada,e não me apetecia continuar o cabelo, estava fartinha de mim ...
Então, ficou assim como podem ver. Pela foto podem ver a imperfeição do desenho, terminou ali a minha pretensão (se é que a tinha tido alguma vez) a retratista, apesar disso guardo-o com carinho pois é uma peça única, de uma vertente do desenho que não voltarei a tentar, dado não a dominar de todo.

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