
8.9.06
7.9.06
6.9.06
O Cão

O M. era o que se pode chamar: um meliante solitário. Actuava sempre sozinho, dizia que assim nunca era “chibado” pelo eventual comparsa, que era o que geralmente acontecia aos gatunos que conhecera.
Era um Robin Hood dos tempos modernos, embora com uma pequena diferença: só roubava aos ricos, mas revertia tudo sempre para o mesmo pobre, que era ele próprio...
Numa noite qualquer, andava a matar o tempo a passear de carro e lembrou-se de passar frente a uma casa que andava a “micar” já há alguns meses, tentando estabelecer um padrão de abordagem que lhe facilitasse um pouco a tarefa, pois a casa era de construção robusta e com um grande jardim à frente, o que era perfeito, exceptuando o facto de um aparentemente agressivo Dobermann, que passeava solto quando não estava ninguém.
A noite estava quente, uma leve brisa embalava os ramos das árvores do jardim, decidiu sair do carro e o bater da porta, fez com que o cão começasse a ladrar e a dirigir-se para o portão de entrada ao mesmo tempo que ele. Parou em frente ao portão, atrás do qual o cão ladrava e arreganhava os dentes, que brilhavam com a luz dos candeeiros da rua.
Ficou ali a fitá-lo nos olhos, até que o bicho se fartou de ladrar e ficou a fitá-lo também. Foi-se aproximando devagar, deixando que ele o cheirasse mais de perto a cada passo e estendeu a mão por entre os ferros trabalhados do portão, o bicho cheirou e tornou a cheirar e lá chegou à conclusão que devia abanar a cauda, pois não lhe cheirava a inimigo.
Decidiu saltar o portão, que não era muito alto e ir brincar com o bicho, que até achava bastante simpático (sempre tivera um fraco por animais) e ficou lá pelo menos, meia hora a brincar, a correr à volta da casa e a esconder-se por detrás dos arbustos, como que a brincar às escondidas com o bichano. Além do cão já se mostrar cansado, ele próprio estava também esgotado pela sessão de brincadeira, decidiu então que estava na hora de sair dali. Nem pensou mais em assaltar a casa, aquele bocado bem passado preenchera todas as suas necessidades.
Como na altura não abundavam boas casas “para fazer”, passadas umas três semanas decidiu voltar para terminar o que havia começado, na dita casa onde acabara por fazer um amigo, à revelia do seu dono.
Passou primeiro a maior velocidade, só para verificar se havia ou não, luzes no interior da casa. Apercebendo-se que não, passou novamente mais devagar, abrandando mais ainda em frente à casa para ver se o cão estava solto, facto que confirmaria ou não a ausência dos inquilinos.
Qual não é o seu espanto, quando vê o cão ao longe dentro do jardim, a correr direito ao portão e ele nem teve tempo de esboçar qualquer gesto, já o cão tinha entrado pela janela aberta do carro, depois de ter feito um voo majestoso sobre o portão, aterrando contra ele e começando a lambê-lo profusamente. Conseguiu engatar a mudança e sair dali, que foi a primeira coisa que lhe ocorreu...
Deu consigo em casa, com um bichano com cerca de 40 kg para alimentar e continuava sem ter conseguido “fazer a casa”, ele bem coçava a cabeça, mas ideias brilhantes, nem uma.
Reparou no dia seguinte que os donos davam alvíssaras a quem entregasse o cão, ou desse informações que conduzissem à sua devolução. Não quis saber, afeiçoara-se ao animal e não tencionava devolvê-lo, tampouco a troco de dinheiro; eram coisas dele, tinha os seus princípios e as suas repulsas pessoais e intransmissíveis.
Passaram-se uns dias e o bichano comia que se fartava, M. começou a ver que não tinha hipótese de o alimentar, começando então a ponderar a hipótese de devolvê-lo, embora isso o deixasse triste e com um forte sentimento de perda.
Acabou por fazê-lo sem aceitar qualquer pagamento que fosse. Nada podia mitigar as saudades que já sentia, sem sequer se ter separado dele fisicamente, já lhe roíam as entranhas numa dor estranha...
Nunca mais olhou para a casa ou para o jardim, desviava o olhar quando passava de carro e acelerava sempre um pouco naquela zona, mas não conseguia deixar de pensar, que o cão é que o escolhera a ele e era com um parceiro assim que seria capaz de partilhar a vida...
5.9.06
4.9.06
Chiiiiuuuuuuuuuuu!!
Recordando Manilow

Copacabana
( Barry Manilow )
Her name was Lola, she was a showgirl
With yellow feathers in her hair and a dress cut down to there
She would merengue and do the cha-cha
And while she tried to be a star, Tony always tended bar
Across a crowded floor, they worked from eight til four
They were young and they had each other
Who could ask for more?
At the Copa, Copacabana
The hottest spot north of Havana
At the Copa, Copacabana
Music and passion were always the fashion
At the Copa .... they fell in love
His name was Rico, he wore a diamond
He was escorted to his chair, he saw Lola dancin' there
And when she finished, he called her over
But Rico went a bit too far, Tony sailed across the bar
And then the punches flew and chairs were smashed in two
There was blood and a single gun shot
But just who shot who?
At the Copa, Copacabana
The hottest spot north of Havana
At the Copa, Copacabana
Music and passion were always the fashion
At the Copa .... she lost her love
Her name is Lola, she was a showgirl
But that was thirty years ago, when they used to have a show
Now it's a disco, but not for Lola
Still in the dress she used to wear, faded feathers in her hair
She sits there so refined, and drinks herself half-blind
She lost her youth and she lost her Tony
Now she's lost her mind!
At the Copa, Copacabana
The hottest spot north of Havana
At the Copa, Copacabana
Music and passion were always the fashion
At the Copa .... don't fall in love
Don't fall in love
3.9.06
2.9.06
Marrocos 1983 (continuação)


Capítulo II
Existiam uns banhos Turcos lá na aldeia, mas estava fora de questão serem utilizados por turistas e menos ainda, por mulheres. Sugerimos ao Abdul o aluguer completo das instalações só para nós, o que ele foi então falar com o responsável, ele acedeu, mas só depois das 21h, que era quando fechava ao público, tudo bem.
As instalações tinham uma aparência algo lúgubre, com um forte cheiro a mofo, mas lá entrámos; as 3 câmaras eram separadas por pesadas portas com pedregulhos presos com cordas, para fecharem o melhor possível. A seguir ao balneário, entrava-se na câmara fria, depois na morna e por fim, na quente onde ficámos a atirar baldes água uns aos outros e a relaxar no silêncio e a conversar um pouco. Ao tirar um balde de água do tanque, apercebi-me de uma barata que trepava pelo balde acima, o Abdul fez um gesto de desprezo e acrescentou: “Ah! Isso é normal a esta hora, já não costuma estar aqui ninguém, não te preocupes que deves encontrar mais.”
Bom, eu nem sou muito enojada nestas coisas, mas não gosto nada do barulho que elas fazem ao serem esmagadas e evito ao máximo fazê-lo. Bem, terminada a sessão de banhos, tínhamos de atravessar novamente as outras câmaras, para chegar ao balneário; pedi ajuda aos homens para me abrirem a porta e comecei a ouvir um barulho, um crepitar estranho que ecoava na câmara morna. À medida que os meus olhos se habituaram à escuridão, comecei a ter uma daquelas visões que só se têm ao ver um qualquer filme do Indiana Jones; não eram meia dúzia, nem dezenas, nem centenas: eram milhares de baratas que surgiam dos cantos, cobrindo literalmente o chão, não havia sítio para colocar nem um dedo, quanto mais um pé e cobriam toda a divisão até à porta seguinte, vindo na nossa direcção à procura do calor da câmara onde estávamos.
Como diz a minha mãe: o que não tem remédio, remediado está! Ali não havia escolhas, rilhei os dentes , fechei os olhos e comecei a caminhar sobre elas e a senti-las na planta dos pés (estávamos descalços) a estilhaçarem-se e outras a conseguir trepar pelas pernas acima, a porta longe, tão longe que nunca mais lá chegava...
Acho que cheguei ao balneário em estado de choque, se bem me lembro só me ria, com os nervos (agora dá-me para chorar; deve ser da velhice) e até o Abdul vinha impressionado, embora já estivesse habituado, nunca vira tamanha profusão de baratas por metro quadrado.
As nossas reacções podem surpreender-nos, se me perguntassem se seria capaz de caminhar descalça num monte de baratas, é claro que eu diria logo que não, mas quando não temos outra hipótese, somos capazes dos actos mais abjectos ou que simplesmente, nos repugnam.
Esta minha estada em Marrocos, tem outras estórias interessantes, mas não as referi agora, para que a leitura não se vos afigure demasiado pesada.
1.9.06
Marrocos 1983


Vou dividir em duas edições, uma narrativa sobre a minha única ida a Marrocos, já há uns anitos. Tento ser o mais concisa possível, mas há pormenores que para mim são importantes, daí o relato se tornar algo longo.
Acreditem que tudo aconteceu conforme o relatado, lamentavelmente, como no episódio da ratazana, não tenho fotos que o atestem, só a minha palavra.
Acompanho com umas fotos em muito mau estado, pois o rolo esteve muito tempo dentro da máquina, que ainda por cima, não valia nadinha.
Capítulo I
Corria o ano de 1983, a Primavera ainda não tinha chegado para mitigar o frio de um Inverno impiedoso, em que até em Coimbra nevou e por azar, a viagem de comboio da Suiça para cá, foi feita no fim-de-semana em que isso aconteceu. No compartimento em que viajávamos 6, as janelas estavam cobertas de cristais de gelo da parte de dentro, decidimos colocar as malas entre os bancos e deitarmo-nos atravessados sobre elas, muito aconchegadinhos, embora nenhum de nós se conhecesse, este é o tipo de coisas a que a necessidade obriga, pois o sistema de aquecimento tinha congelado ainda em França e até cá foi sempre a bater o dente. Não se esqueçam que já lá vão uns anitos, só vinte e três, mas os comboios melhoraram muito desde essa altura.
Chegou o mês de Abril e vieram as “águas mil”. A minha vida nessa altura, com 19 anos feitos há pouco, resumia-se ainda à busca de aventuras na companhia do meu actual marido, pouco pensando em meios ou consequências. Felizmente ele tinha alguns meios de subsistência que nos permitiam viver sem trabalhar, fazendo algumas loucuras pelo meio; como não parava de chover, decidimos ir até Marrocos, simplesmente agarrar na tenda e arrancar....
Na nossa juventude nem nos lembrámos que era necessário um Visto de entrada, escusado será dizer que só chegámos até Ceuta, onde ficámos uns dias e onde, por azar, o tempo também não estava grande coisa.
De volta a Coimbra, o tempo continuava chuvoso e nada agradável, o que nos fez rumar de novo a Marrocos, mas desta vez já com visto da Embaixada.
Passada que foi a fronteira, optámos por dirigir-nos a Tetouan e depois decidiríamos o que fazer; levávamos a roupa mais velha e rota que tínhamos e uma mochila cada um, para não dar ar de turistas endinheirados, o que naquela altura era meio caminho andado para se ser assaltado. Decidimos apanhar um táxi e descobrimos que os táxis não eram só para nós, mas sim, para quantos coubessem lá dentro; íamos 6 e um deles, chamado Abdul Akrech, falava muito bem francês e era muito simpático, começámos a conversar e de imediato convidou-nos para ficar em sua casa, numa pequena aldeia a 45 km de Tetouan, que se chamava Oued Lao, uma particularidade interessante, é que a estrada até lá tinha, nada mais, nada menos, que 244 curvas...
Aceitámos a simpática oferta, pois ele dizia que lá estava também um francês que conhecera e convidara, tinha um criado para nos preparar as refeições e uma praia enorme e sem ninguém, pois naquela altura ainda não tinha sido invadida pelo turismo.
Realmente, aquilo era uma aldeia rural, à qual chegámos de camioneta, rodeados de galinhas, cabras e ovelhas (sim, dentro da camioneta) e uma lotação muito além do permitido, mas que conseguiu fazer da melhor maneira as tais 244 curvas, sem qualquer acidente, só os tradicionais subornos às forças da ordem, que volta e meia nos obrigavam a parar, limitando-se a estender o braço à espera das moedas.
A claridade do sol em Marrocos é perturbante, a janela do nosso quarto não era mais do que um triângulo, com 15 cm de lado, mesmo assim às 7 da manhã, já não se conseguia ter os olhos fechados com tanta claridade e tínhamos de levantar-nos; vínhamos então para o exterior onde geralmente já estava o Abdul a escrever e o Bernard, o tal francês que lá estava de férias também, o criado preparava então uns ovos mexidos e um chá maravilhoso, para poder depois acender o cachimbo e passar o resto do dia a fumar Kief, que é permitido, ou era, pois não tem THC, não passa de uma mistura de talos e folhas de Cânhamo e só dá é dores de cabeça, como constatei quando provei.
Logo em Tetouan, o Abdul advertiu-me para não andar sem lenço na cabeça e ter o corpo bem coberto, pois apesar de ser turista eles não toleravam muito bem essas coisas, lá tive de comprar um lenço e um vestido até aos pés.
Em Oued Lao, estava-se bem, era uma aldeia muito calma. Só existiam dois Cafés, onde só os homens podiam estar, as mulheres passavam o dia a trabalhar em casa e na agricultura, segundo nos explicou na altura, cada homem podia ter 4 esposas (vulgo: mulas de trabalho) em cada casa, daí, quanto mais casas e mulheres tivesse para trabalhar para ele, mais rico era...o meu António pensou seriamente em ir viver para lá (quatro gajas????...) o pior eram os camelos que ele não tinha para a troca...
(continua)
31.8.06
Este é que é complicado

Ontem o Francisco dizia que a imagem que editei, dava um belo Puzzle, embora talvez a parte de cima fosse complicada de fazer. De imediato lembrei-me deste puzzle que tenho e que, apesar de ser só de 1000 peças, me deu umas dores de cabeça jeitosas quando o fiz, acho que o porquê está à vista, não? Apesar de não ter conseguido um scan perfeito, dá para ver que muitas das peças só as consegui encaixar pela forma...
30.8.06
Porque me apetece

Bohemian Rhapsody
( Queen )
Is this the real life?
Is this just fantasy?
Caught in a landslide
No escape from reality
Open your eyes, look up to the skies and see
I'm just a poor boy, I need no sympathy
Because I'm easy come, easy go, little high, little low
Any way the wind blows doesn't really matter to me, to me
Mama, just killed a man
Put a gun against his head, pulled my trigger, now he's dead
Mama, life had just begun
But now I've gone and thrown it all away
Mama, ooh, didn't mean to make you cry
If I'm not back again this time tomorrow
Carry on, carry on as if nothing really matters
Too late, my time has come
Sends shivers down my spine, body's aching all the time
Goodbye, ev'rybody, I've got to go
Gotta leave you all behind and face the truth
Mama, ooh, I don't want to die
I sometimes wish I'd never been born at all
I see a little silhouetto of a man
(Scaramouche, Scaramouche) Will you do the Fandango?
Thunderbolt and lightning, very, very fright'ning me
(Galileo) Galileo (Galileo) Galileo
Galileo, figaro (Magnifico)
I'm just a poor boy, nobody loves me
(He's just a poor boy from a poor family)
Spare him his life from this monstrosity
Easy come, easy go, will you let me go?
Bismillah! No, we will not let you go
(Let him go!) Bismillah! No, we will not let you go
(Let him go!) We will not let you go
Let me go! (Will not let you go)
Let me go! (Will not let you go) Let me go! Ah
No, no, no, no, no, no, no
(Oh, Mama mia, Mama mia) Mama mia, let me go!
Beelzebub has a devil put aside for me, for me, for me
So you think you can stone me and spit in my eye?
So you think you can love me and leave me to die?
Oh, baby, can't do this to me, baby
Just gotta get out, just gotta get right outta here
Nothing really matters, anyone can see
Nothing really matters
Nothing really matters to me
Any way the wind blows
29.8.06
De volta ao surrealismo

O LUGAR DA CASA
Uma casa que fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
Eugénio de Andrade
28.8.06
Dressage

Este sábado assisti na TV a algumas provas de Dressage, que é dos desportos que mais gosto de ver, mais ainda que as corridas de cavalos.
A mestria que as profissionais (porque são sobretudo, mulheres) colocam em cada prova, a sintonia com o cavalo e a sua elegância, são aspectos que me comovem, literalmente, fico com lágrimas nos olhos quando vejo a campeã Alemã realizar a prova sem um único deslize e mesmo antes de entrar em prova, já estava em "passage" em harmonia com a música.
O meu marido sabe fazê-la muito bem, tenho pena que não tenha continuado na equitação, pois o nosso cavalo Lusitano é uma excelente raça para este tipo de aprendizagem, embora teimem sempre em associá-lo às Touradas.
Apesar de não estar acabado, deixo-vos este desenho dele de 1982, desta forma recordando duas das suas paixões, ou habilidades: a equitação e o desenho.
27.8.06
AGORA QUE ABUSEI DO SURREALISMO, VOLTEMOS AO REALISMO!

Os que são frequentadores assíduos desta mesa de café, já leram estórias sobre a Manel, que editei no início de Março deste ano. Pode parecer-vos uma fixação minha, esta insistência em escrever sobre alguém que nunca obteve reconhecimento, porque simplesmente nada fez digno de nota no aspecto positivo, tampouco se trata de uma apologia de percursos de vida que não levam a nenhum outro lado, que não seja: a Morte, seja ela física ou meramente espiritual. Antes pelo contrário: faço questão de dar voz a quem a já não tem, para exorcizar todos os fantasmas que não conseguiu em vida e para que não se repitam estas perdas absurdas.
Passavam-se por vezes meses, sem a ver e isso era normal em quem não tem modo de vida ou poiso certo, mas quando ouvi dizer que pendia sobre ela um mandato de captura, fiquei preocupada e tentei encontrá-la nos circuitos habituais mas sem sucesso. Entretanto, num sítio perfeitamente inusitado no meio de um jardim pouco concorrido onde eu costumava fotografar, pareceu-me ver o seu vulto e chamei. Era realmente ela, com o ar perdido que aparentava nos seus (raros) momentos de lucidez; aqueles que experimentava entre o fim de uma “pedra”, sem no entanto sentir ainda os sintomas físicos de privação, que conhecemos por “ressaca”.
Eram para ela, alturas muito dolorosas em que começava a discernir a crua realidade em que estava inserida, a par com o percurso impiedoso de todas as vidas comuns à sua e cujo fim era sempre negro. Nestas alturas não se conversava com ela, tratava-se de um monólogo; pelo menos comigo, aproveitava para desabafar tudo o que trazia aprisionado por entre pedradas e ressacas. Comigo não tinha reservas, eu tinha sempre acompanhado todo o processo sem nunca fazer juízos de moral, nada havia a esconder, afinal, não somos melhores que ninguém, há muito que aprendi a evitar o chavão: desta água não beberei...
A Manel estava naquele sítio, àquela hora (domingo às 9 da manhã), para se poder sentir um pouco em paz, sabia do mandato de captura e andava fugida e disfarçada com grandes casacos (por sorte era Inverno) e cachecóis que lhe tapavam a cara, ali sempre se podia sentir à vontade para tirar o disfarce e tentar pensar no que haveria a fazer. Estava cansada de estar constantemente a olhar pelo ombro, a decorar as matrículas dos carros, andava nisto há dois meses e não aguentava mais a pressão. Disse-me ter cinco contos no bolso e duas hipóteses: continuava a fugir e ia comprar uma dose, que a manteria “up” durante 3 ou 4 horas, ou então acabava com aquilo de uma vez e ia para casa esperar pela Secção de Justiça.
A primeira hipótese implicava a continuação da fuga e uma maior dificuldade em encontrar e negociar produto, pois a palavra espalha-se e ninguém que vender ou comprar a quem anda a ser procurado, para além de ter de continuar a mudar de poiso praticamente todos os dias, por vezes ter de dormir em obras, ou em portas de prédios mais ou menos resguardadas das rajadas frias do Inverno, pois nem um cobertor tinha para se abrigar. Não valia a pena apelar à caridade da família ou amigos, já a todos havia defraudado e todas as portas se fecharam incondicionalmente.
Até das “pedradas” estava farta, tinha a noção da figura ridícula que fazia quando consumia coca e ficava com os olhos esbugalhados a ver em cada sombra, um agente ameaçador, ao ponto de o fornecedor ter aberto na barraca em que vendia e consumiam, um furo na parede de madeira, para ela poder estar por vezes, mais de 2 horas com mais uns chutos pelo meio a espreitar e a ver coisas que não existiam. Ela dizia que a barraca era surreal, tinha espaço para uma cama de casal e 1 metro de intervalo entre a parede; chovia lá dentro e o chão era o original, ou seja: terra, mesmo. Havia um balde onde o dono defecava e ao lado um saco do lixo, sempre cheio e dentro do qual se matavam à paulada, as ratazanas que entravam por todos os buracos, o dono da barraca quase não dormia, estava de dia e de noite a vender e a consumir, sempre com a mesma roupa, quase não se podia mexer, tinha os pés a apodrecer, numa chaga constante que nada poderia curar, sem um mínimo de higiene. Escusado será dizer que o cheiro era fétido e naquele cubículo chegavam a estar a consumir, umas seis a oito pessoas. Ela dizia que não sabia como conseguia aguentar aquilo, ver gajos a chutar no sexo e ter de ajudar tipas a chutarem-se no pescoço.
Parecia-me estar genuinamente farta daquelas vivências. Para cúmulo, na última vez que fora a casa no dia do seu aniversário, roubara um cheque a um familiar e este, quando se apercebeu, tirou-lhe e destruiu todas as doses que ela tinha para vender, que ainda não tinha pago ao dealer, o que queria dizer que estava em muito maus lençóis, isto tinha sido há poucos dias e cada um que passava, a deixava mais ansiosa em relação ao conflito eminente.
Continuou a falar sobre as suas dores, os seus medos e dizia que apesar da heroína ser o pior dos infernos, ao menos não tinha de se preocupar com os homens que acompanhava e em casa de quem ficava por vezes, pois neste meio já se perdeu toda a lascívia e nunca fora objecto de desejo sexual, pois esse impulso é irremediavelmente perdido por quem a consome. Contudo, tivera quase sempre a sorte de não ser atacada, sobretudo em Lisboa nos lugares onde habitualmente se abastecia a horas impróprias; ia sozinha ao Casal Ventoso, fosse a que horas fosse, as ruas estavam sempre cheias de uma multidão que vendia desde “branca ou castanha”, aos outros que vendiam o papel de alumínio e uns minutos numa tenda para se matar a ressaca, logo ali.
Quando tinha carro (vendera-o ao desbarato, no meio de uma ressaca), quase poderia ganhar as doses que precisava, se transportasse de e para o Casal, as pessoas que procuravam o alívio para o vício. Conhecera alguns que era assim que conseguiam alimentar o vício que os consumia, mas ela não gostava de Lisboa e não queria ser assumidamente uma sem – abrigo, por cá sempre conseguia de vez em quando ir dormir a casa e tomar um banho, quando conseguia chegar a horas “decentes”, o que era raro; as noites passavam-se entre esperas para arranjar o dinheiro suficiente para ir comprar, ou na tentativa de saber quem teria o produto e depois, a consumi-lo pela noite dentro até deixar (quando calhava) só um bocadito para aplacar a ressaca com que sempre acordava. Não parava de insistir em como estava farta de acordar, todas as manhãs e ter de recomeçar tudo outra vez e teimava em rogar pragas aos Deuses todos, perguntando o porquê de ainda estar viva...custava-me ouvi-la dizer aquilo, sobretudo porque sabia que falava a sério, que preferia não acordar, a continuar naquela sobrevivência doentia, que sabia não levar a mais nenhum lado, queria poupar-se a agonia e não tinha coragem de se suicidar porque, dizia: “ há pessoas que me amam, mais ainda do que eu as amo a elas, acho que iriam ficar muito tristes ao aperceber-se do definitivo de tal acto, mesmo mal como ando agora, sei que eles ainda têm uma pequena esperança de que eu tenha força para deixar esta merda!”
Havia um misto de raiva e tristeza no seu olhar e pareceu ficar mais pálida ainda e uma rajada de vento invernoso fê-la tremer e quando os sintomas físicos se começaram a manifestar, esqueceu toda a lucidez e um só pensamento lhe preenchia o cérebro: tirar a ressaca. Assim partiu no seu transe hipnótico, escolhendo de novo o caminho mais penoso e difícil.
Soube que passados 3 dias, se entregou realmente à Secção de Justiça, da forma que me havia dito: foi para casa e esperou que a mãe os chamasse. Podia finalmente descansar...

26.8.06
A pedido de várias famílias

Lá consegui uma pequena (muito pequena, mesmo) réstia de inspiração para um desenho de teste, agora que o calor tórrido já se foi, é mais fácil segurar um lápis sem ficar com as mãos a escorrer água.
Dedico-o à Elipse e será para ela o original.Pode ser que lhe inspire mais um dos seus magníficos textos.

25.8.06
24.8.06
Imagem para um texto
23.8.06
Recordando...

Teach Your Children
( Crosby, Stills and Nash )
You, who are on the road,
Must have a code that you can live by.
And so, become yourself,
Because the past is just a good bye.
Teach your children well,
Their father's hell did slowly go by.
And feed them on your dreams,
The one they picks, the one you'll know by.
Don't you ever ask them why, if they told you, you will cry,
So just look at them and sigh and know they love you.
And you, of tender years,
Can't know the fears that your elders grew by.
And so please help them with your youth,
They seek the truth before they can die.
Teach your parents well,
Their children's hell will slowly go by.
And feed them on your dreams,
The one they picks, the one you'll know by.
Don't you ever ask them why, if they told you, you will cry,
So just look at them and sigh and know they love you.......
Nos claustros da fobia
21.8.06
MÁQUINA DO MUNDO

Pintura de Yacek Yerka
O Universo é feito, essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
Este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
Esta fresta de nada aberta no vazio,
Deve ser um intervalo.
António Gedeão

Alta Noite

Canção da alta noite
Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.
Andar... - enquanto consente
Deus que a noite seja andada.
Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.
Cecília Meireles
20.8.06
Desta vez foi anho com arroz de forno


Com o Douro como pano de fundo, a celebração de uma festa surpresa para o aniversariante, foi como sempre, "bem comida e bem regada" por entre um convívio saudável. Ele parecia um jovem quando recebe a prenda que tanto ansiava, agarrou-se ao set de Golfe e ao jogo de simulação do Tiger Woods e ficou neste jardim a jogar um bom bocado; as prendas dos filhos realmente acertaram na mouche.
O pior foi realmente, ter de vir embora perto das duas da manhã, de novo rumo a casa...
19.8.06
Vou fazer mais uma
18.8.06
Apesar dos belos olhos
17.8.06
Gary Dourdan
Agora estou assim

Estou desde ontem a recuperar (lentamente, diga-se), da última semana. Isto de se conviver só não cansa quando temos vinte e poucos anos e acreditamos que nunca vamos envelhecer.
Não me interpretem mal, eu adoro conviver com a família e com gente amiga e sem cerimónias, onde trocamos experiências e ideias que por vezes, é ali mesmo que nos surgem, fruto de outras vivências ou ideologias. Adorei a tarde que passámos juntos, depois de um almoço frugal (feijoada), que começou com umas parcas entradas (morcela assada) das quais constava a receita de um “dip” que a mana Lima faz muitíssimo melhor que eu, mas deu para o gasto e acho que até agradou. Tenho a consciência de não me ter esmerado na sobremesa, mas como não aprecio doces, também não os sei fazer e além disso, o calor era tal que optei por servir o geladinho da praxe.
Depois do café, decidimos ir até um Bar / Galeria de Arte que existe na outra margem, pois tem uma óptima esplanada com sombra, virada para o antigo Mosteiro de Santa Clara, cujas escavações se prolongam no tempo, obtendo-se também uma bonita panorâmica da cidade, embora as árvores tenham crescido e tapado a vista em grande parte da esplanada. Acabámos por descobrir uma óptima sangria, bebida da qual eu dizia não gostar, pois as anteriores experiências não se revelaram muito agradáveis, afinal já gosto, ou melhor: gostei daquela; tinha canela e maçã e estava fresquinha como devia. Foi um dia que passou num relâmpago de tal forma, que até me esqueci de tirar fotos de tão embrenhada que estava com a companhia.
A Mushu ficou a fazer-me companhia mais uns dias, que em virtude do calor que se fazia sentir, só nos permitia sair durante a manhã e acabámos por limitar bastante as visitas que desejaríamos. Escusado será dizer que adorei a companhia dela e do Brisinha, para além de lhe estar infinitamente grata pelos arranjos que fez no meu computador e dos programas que me trouxe, bem como das dicas que me deu.
Gostaria de ter convidado muito mais pessoas, mas além do orçamento não me permitir muitas “avarias”, não tenho grande savoir faire ao nível da cozinha.
Passados que foram esses dias, rumo à quinta onde já estavam as manas todas e restante família (menos os sobrinhos, esses como são “malta xobens, pá” andavam pelos festivais ou a estudar) e aí é que a “desgraça” foi total. Como era a mãe e a Lucy a cozinhar, a comida era deliciosa e convidava à gula pura e simples, ao enlevo da degustação de um coelho de cabidela, uma carne estufada ou umas sardinhas de escabeche e ainda umas gambazinhas, coroadas por um caldo verde acabado de colher, para desenjoar...e para tornar a enjoar, um Abade de Priscos, bolo de bolacha e aletria, tudo caseiro como manda a cartilha.
Já me esquecia das Caipiroskas e dos excelentes vinhos de produção própria do Douro. Posto isto, não acham que foram uns dias em cheio? Daí esta minha fadiga que me tem deixado prostrada; esperemos que amanhã passe, a ver se faço alguma coisa de jeito, ou pelo menos que me aflore um qualquer pensamento, nem precisa de ser muito profundo...
15.8.06
Turismo Rural

Este fim-de-semana foi sobretudo, gastronómico.O costume enfim, ainda se está a jantar e já está destinado o almoço do dia seguinte e os homens sempre preocupados em ter vinho fresco. Há quem diga que até fazem mal à saúde tantos excessos, mas sendo eles tão apetitosos, que é que se há-de fazer?
Com a ameaça de chuva para amanhã, a mãe tratou de ir apanhar os feijões que restavam; nessa tarefa não a pudemos ajudar, já que a fez de madrugada como sempre, lá para as seis e meia da manhã, quando estamos no penúltimo sono. Para compensar, ajudámos debulhá-los por entre o sol agressivo e o vento já bem fresco, quase frio a adivinhar a mudança.

14.8.06
11.8.06
Pontos de vista

MULHERES - Dirigimos melhor...
HOMENS - Melhor que cegos!
MULHERES - Não ficamos carecas...
HOMENS - Se cabelo fosse bom não nascia no cú
MULHERES -Temos um dia internacional...
HOMENS - Os outros 364 são nossos!
MULHERES - Temos prioridade em botes salva-vidas...
HOMENS - Nós sabemos nadar!
MULHERES - Uma greve de sexo consegue qualquer coisa...
HOMENS - Inclusive um par de cornos
MULHERES - A programação da TV é 90% voltada para nós.
HOMENS - Nós temos DVD!
MULHERES - Somos os primeiros reféns a serem libertados...
HOMENS - Porque nem os terroristas vos aguentam!
MULHERES - A idade não atrapalha o nosso desempenho sexual...
HOMENS - Mas atrapalha para arranjar parceiro sexual!
MULHERES - Somos nós que somos carregadas na noite núpcias...
HOMENS - Caso contrário perdiam-se!
MULHERES - Se somos traídas, somos vítimas; se traímos, eles são cornudos...
HOMENS - Se somos traídos elas são putas, se traímos somos garanhões!
MULHERES - Podemos dormir com uma amiga sem sermos chamadas lésbicas...
HOMENS - Podemos dormir com as vossas amigas que elas não vos contam!
MULHERES - Somos capazes de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo.
HOMENS - Mas incapaz de executar ao menos uma de cada vez!
MULHERES - 98% da indústria de cosméticos e 89% da indústria da moda são voltadas para nós...
HOMENS - 98% da industria de cerveja e 89% da industria automobilística são voltadas para nós!
MULHERES - Não nos desesperamos em frente a um campo de relva com 1 bola e 22 mulheres...
HOMENS - Nós não nos desesperamos frente ao pedal de embraiagem!
MULHERES - E por último: Fazemos tudo o que um homem faz, e de salto alto!.
HOMENS - Quero ver mijar de pé!!!
7.8.06
Ausência

Embora a maior parte das pessoas estejam de férias, outras há que ou já foram e estão de regresso, ou estão para ir. No meu caso, infelizmente, as férias são compulsivas.
Coimbra é uma bonita cidade para se fazer turismo, pese embora o calor tórrido que se faz sentir por estes dias, que tira a vontade de ir passear a pé, nem à beira rio se consegue estar, não obstante vou ter muito gosto em receber por uns dias, a nossa parceira blogosférica mais conhecida por Mushu que vai ter a amabilidade de me brindar com a sua companhia, durante um par de dias. Vou tentar mostrar-lhe alguns pontos de interesse, muitos mais ficarão por ver, pois apesar da cidade ser relativamente pequena, em termos monumentais tem bastante para oferecer, bem como alguns locais de eleição para se tomar uma bebida ou uma refeição (olha, rimou).
Assim sendo, vou estar um pouco afastada dos blogs durante estes dias, mas é uma das vantagens de um blog, é que pomos a leitura em dia em qualquer altura. E a ausência é justificada, pois é com muito gosto que a vou rever e trocar umas larachas, além de a pôr de serviço a tentar reparar um semi-bug no meu computador.
Para todos uma boa continuação, seja em férias ou a trabalhar, na parte que me toca espero que assim seja, de preferência com uma descida da temperatura.
6.8.06
Casa de férias
5.8.06
Tenham um garrafão de água à mão
4.8.06
Neste fim de semana quente
3.8.06
Génesis

Génesis
De mim não falo mais :não quero nada.
De Deus não falo:não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.
Nem de existir,que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver,que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.
Por mais justiça ...-Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade...Ó transfusão dos povos!
Não há verdade:O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais,todos mentiram
Jorge de Sena
2.8.06
Para retribuir
1.8.06
The power of sound
Instinto maternal

Escusado será dizer que quando fui buscar as cadelas, elas ficaram radiantes mas acho que ficaram mesmo, foi: aliviadas.
Passaram todo o dia meias “dormentes” e com um ar extremamente triste, só com prolongadas sessões de mimo, foram regressando à normalidade.
Fiquei estupefacta quando notei nas tetas da Jota, uma intumescência fora do normal, mas sabendo que o cio já passou há meses, coloquei de parte a hipótese de uma gravidez, até porque barriga, ela não tem fora do normal. Mas o António quis confirmar e, não é que ela criou leite?
Quem entende do assunto diz-me que o mais certo foi ela ter iniciado esse processo, quando se apercebeu que estava sozinha com a Nika, num sítio estranho e sem nós; ou seja: pensou que as tivéssemos abandonado e isso despertou o seu instinto maternal para proteger a Nika, criando leite para a amamentar, embora elas tenham praticamente a mesma idade, a Nika é muito infantil, só pensa em brincar e ela – a Jota – só aprendeu a fazê-lo agora com ela e não sabe brincar com outros cães. Talvez por ser esterilizada a Nika não tem esse instinto de protecção, só pensa em brincadeira e mimos que dá à Jota, lambe-a a torto e a direito.
Tenho um enorme peso na consciência e, embora tenham sido bem tratadas, acho que não terei coragem de as fazer passar por isso novamente; estiveram todo o dia com um olhar receoso e quase com medo de andar pela casa, limitando-se à marquise onde dormem. Só agora depois de jantar, apareceram na sala e já se mostraram mais seguras e à vontade; agora foram dar o passeio com o dono e a seguir vão dormir nas suas caminhas e espero que amanhã, já não tenham aquela palidez no olhar.
Lá terei de ir ao Vet outra vez, para lhe receitar comprimidos para secar o leite, coitadinha da minha Jota...
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