
29.7.05
28.7.05
A avó

Artigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo.
"Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem "Despacha-te!". Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.
As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam historias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.
As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morreram mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão."
27.7.05
Regresso à rotina diária
26.7.05
O poder da natureza

Agora é tudo o que nos resta: confiar no poder regenerador da natureza, apesar das agressões que constantemente lhe inflingimos, e pensar em pelo menos uma certeza: que durante um par de anos, mesmo com a incúria ou maldade humanas, por aqui não sobreviverá nenhum incêndio, e que a fauna e flora progriderão de novo nestas paragens.
Não pretendo ser exaustiva ou maçadora na abordagem deste tema, mas cada um fala daquilo que lhe está mais próximo ou lhe toca mais fundo os seus sentimentos - pelo menos para mim um blog é sobretudo para isto que serve - daí a minha insistência sobre esta matéria, que me perdoe (ou não, tanto faz) quem me achar enfadonha...
25.7.05
Perante isto...

Será que podemos agora descansar um pouco? agora que tudo se tornou em cinza e que nada mais resta senão confiar no processo regenerador da natureza (até quando?), e contabilizar as perdas, e ouvir ou ver reportagens sobre a miséria a que ficaram reduzidas muitas vidas, que viram todo o seu sustento desvanecer-se em fumo; e continuar a contabilizar áreas ardidas, para que no final fiquemos como sempre: mais amargurados e mais pobres...
24.7.05
Desolação...


É um sentimento confuso que se apodera de nós perante tal cenário; um misto de raiva, vazio, tristeza e amargura...
Feliz ou infelizmente, ainda não é possível fotografar o cheiro, aquele cheiro horrível a queimado, e o silêncio dos animais, sobretudo dos pássaros que já não voam por aquelas paragens para poisar nos fios telefónicos que já não existem, jazem ao longo das estradas calcinadas, derretidos e colados uns aos outros, ou com o que resta do poste que os segurava ainda a lançar o derradeiro fumo.
As pessoas vagueiam pelas estradas em grupos, parecem rezar e ao mesmo tempo parecem zombies com a estupefacção estampada nos rostos que viram para um lado e outro, à procura do verde que já não existe, tudo é negrume e devastação...
Faltou-me a coragem para visitar os sítios que me são mais gratos, onde costumava ir só para fruir a paisagem, irei com certeza mais tarde, mas hoje já foi demais para um só dia, contam-se pelos dedos as manchas verdes num percurso de 60 km, que até onde a vista alcança, para um lado e outro tudo ardeu.
Para já ficam as fotos da Vide, com a visão da encosta que dá acesso ao Piódão, totalmente queimada, e da Ribeira onde o fogo também lambeu as casas.
23.7.05
Segunda - feira verão o que restou


Vou hoje para a Serra da Estrela para a minha quinta que felizmente escapou incólume ao inferno dos vários incêndios que ainda lavram na região; na 5ª feira com a aflição, nem me lembrei de câmara fotográfica, desta vez vou levá-la comigo e tentar captar a desolação que por lá lavra, e não pensem que é uma tentativa sensacionalista de reportagem, é sim, dar-vos a conhecer o que restou de um cenário que me é imensamente querido, que já partilhei convosco em posts anteriores, e que não sei quando teremos de novo na sua pujança; até lá...
22.7.05
Tenho o coração cheio de lágrimas

Hoje só me apetece chorar, e choraria muito mais se as minhas lágrimas apagassem todos os fogos deste país.
Já muito se disse sobre os incêndios, sobre a hecatombe de ver as nossas florestas reduzidas a cinzas e sobre a falta de meios para minorar tantos prejuízos, e soa-me tudo a déjà vu…e fica-se por aí mesmo, pelo perorar sobre os temas e fica tudo como antes.
Ontem, na sequência do agravamento dos vários incêndios que lavram na zona onde nasci, e da ordem de evacuação para as várias localidades, dada pela protecção civil, tive de deslocar-me perto do Piódão, onde possuo umas propriedades, e onde a minha mãe se encontra a maior parte do tempo para a ir buscar; logo no final do IC6, na confluência com a Nac.17, era impressionante a coluna de fumo que se elevava a uma altura enorme, e numa extensão absolutamente medonha que transformava toda a zona de Arganil, numa noite surreal e assustadora.
Continuando em direcção à Serra da Estrela, elevavam-se mais colunas de fumo e labaredas que superavam em muito a altura das árvores que consumiam; continuando pelo Vale do Alva, somavam-se outras e mais outras e pequenos focos iam aparecendo aqui e além, provocados pelo vento que projectava objectos incandescentes em todas as direcções, consoante o vento soprava. Aquele verde que eu bem conheço, estava a desaparecer a olhos vistos e tudo era fumo e negrume; chegando ao Parente, verificava-se o reacendimento da frente que estava já debelada, e de novo o Chão Sobral, a Malhada e o Avelar tinham sido evacuados e mesmo o próprio Parente recebera essa ordem. Quando encontrei a minha mãe, lá estava ela em casa de um amigo, com as duas cadelas e o filhote recém nascido de uma delas, e só com um saco na mão, que depois vi ser só a comida para as cadelas, e a aflição e impotência estampadas no rosto, que é como fica quem não tem meios de locomoção e não sabe como estão a evoluir as chamas. Levámo-la então connosco para verificarmos a evolução do outro incêndio que ameaça a nossa quinta, que era o mesmo que havia começado havia 3 dias em Coiço da Eira, e se propagou Casal do Rei e Cabeça, também já evacuadas e estava agora a cerca de 1 km de Rio de Mel, que fica em linha recta a cerca de 2 km da nossa quinta, o que não é nada para um incêndio daquelas dimensões, se o vento o ajudasse. Eram labaredas enormes, o crepitar assustava e só se ouviam as máquinas de rasto do exército a tentar abrir aceiros, pois com o cair da noite os meios aéreos já não se encontravam lá e não existe quase água naquela zona, não há acessos e o cansaço dos bombeiros há tantos dias lá, concerteza que lhes tirou as forças necessárias para um combate mais eficaz, ninguém aguenta uma coisa daquelas.
As brigadas de Sapadores Florestais de Alvôco das Várzeas, como conhecem muito bem a zona, são incansáveis e não iam à cama há já 2 noites, e preparavam-se para a 3ª e graças a eles as consequências foram minoradas, pois os Bombeiros propriamente ditos têm tantos incêndios para combater que chegam a um ponto que só protegem as casas, e muitas vezes nem isso conseguem, como foi o caso em muitas povoações, e há gente que ainda não sabe se lhes restou ou não algum meio de subsistência, pois se os animais não arderam junto com os currais, não é possível alimentá-los, uns por não se poder chegar lá, outros porque não têm um pedaço de verdura para lhes dar, e como se sabe o gado não sobrevive sem água ou alimento. Outros não sabem se as suas casas ficaram incólumes, e vê-se no olhar vago que as pessoas têm um ar perdido, parecendo não saber sequer onde estão, ou o que se está a passar…
Junto à Capela da Srª do Remédios em Rio de Mel, metia dó olhar em redor: o Piódão não se via, era uma nuvem negra apenas rasgada por encostas inteiras em chamas, a Malhada da Chã estava rodeada, o Gondufo era um ponto negro, tisnado desde há 2 dias, em Vide viam-se ainda inúmeros focos junto às habitações, no Cide era a mesma miséria…
Perante este cenário, a minha inquietação era enorme embora tivesse tomado um calmante, para não explodir de ansiedade entre o emprego que larguei a meio da tarde, e a viagem de 100 km que fiz a uma velocidade que não sei qual foi, mas acho que o meu Fiat Punto nunca andou tão depressa. A minha mãe insistiu em ficar face à acalmia que se notava, em virtude do arrefecimento nocturno, e do vento ter mudado em direcção contrária à da nossa propriedade, contrariada lá a deixei, com recomendações de telefonar ao minimo sinal de perigo, e de ter falado com pessoas que se prestaram a ir buscá-la de imediato se tudo se complicasse, e também por saber que a GNR estava a par da sua situação, e se prestou a avisá-la em caso de perigo, pois a quinta é isolada num vale, só com acessos próprios, não há estradas municipais.
Escusado será referir que ando com o coração nas mãos, há já 4 dias e as notícias não me deixam sossegar, pois não se fala em estarem já circunscritos, nem controlados; hoje ao fim do dia lá vou eu de novo a ver se há algum descanso para esta aflição.
O que vos desejo é um excelente fim de semana, e que não passem por nada semelhante, embora as perdas nos afectem a todos, e já agora: desculpem o desabafo…
19.7.05
18.7.05
15.7.05
GRRRR....
detesto sentir-me observada, analisada, julgada; como se me colocassem num dos pratos da balança a tentar saber quanto valho, até onde consigo ir ou até onde dará para esticar a corda…
porque teremos sempre de nos submeter aos julgamentos de outrem, que falha tanto ou mais que nós? Que direito têm os ditos “iluminados” de nos exigir a perfeição, quando eles próprios estão dela, mais longe que nós?...
quando nos dão o beneficio da dúvida é quase como se o fizessem por piedade, ficando à espera de nova escorregadela, para, então nos lançarem de chofre: “ pois é, tá a ver? Eu não dizia?...”
que vontade que tenho de desaparecer, mandar tudo às urtigas…
HOJE ESTOU EM DIA NÃO!!!!!
porque teremos sempre de nos submeter aos julgamentos de outrem, que falha tanto ou mais que nós? Que direito têm os ditos “iluminados” de nos exigir a perfeição, quando eles próprios estão dela, mais longe que nós?...
quando nos dão o beneficio da dúvida é quase como se o fizessem por piedade, ficando à espera de nova escorregadela, para, então nos lançarem de chofre: “ pois é, tá a ver? Eu não dizia?...”
que vontade que tenho de desaparecer, mandar tudo às urtigas…
HOJE ESTOU EM DIA NÃO!!!!!
14.7.05
13.7.05
Este é para o Finúrias...
Memórias

Recordo-me por vezes…
- das casinhas de xisto que fazia na infância
- dos abrunhos que colhia da árvore
- das tardes no rio
- de fazer os 3,5 km a pé até à missa de domingo e de calçar os sapatos de domingo, só à entrada da aldeia (como quase toda a gente)
- de jogar badmington e “ao mata” no meio da estrada nacional
- do cheiro da broa acabada de cozer
- dos bolos “esquecidos” da tia Inocência
- do inigualável cheiro do alcatrão e mimosas pela estrada fora nos primeiros dias de Primavera
- do cheiro dos currais de ovelhas (que adoro e não mais senti)
- de ter 10 anos e pentear os finos cabelos da minha mãe
- de ter 12 anos e adormecer ao colo da minha mãe...
- de cantar na rua em grupo até às tantas, e os vizinhos a ouvirem nas janelas
- de fumar às escondidas e depois comer (arghh!) folhas de laranjeira para disfarçar (??)
- de ir aos Santos Populares e divertir-me à brava e dançar como uma louca (!!)
- de ter pena que determinado dia chegasse ao fim...
- recordo-me de...de ter vivido, contrariamente à actual sensação de apenas: Estar viva…
11.7.05
10.7.05
6.7.05
Campismo
Quando se fala de férias e das várias maneiras de as fazer, todos me olham como se fosse um extra – terrestre, quando digo que gosto de fazer campismo, e eu sei porquê: as pessoas lembram-se imediatamente dos Parques a abarrotar no mês de Agosto, com crianças aos berros nas diversas filas que se criam, seja para tomar um duche ao fim da tarde, seja para lavar a louça da refeição ou a roupa que tão habituados estamos só a colocar na máquina de lavar; lembram-se dos vizinhos do lado, daqueles que levam a televisão, o naperon de crochet para colocar-lhe em cima a jarra de flores de plástico, e a gaiola do canário, e jantam impreterivelmente às 20h, na sua toalha de plástico às flores, o seu bacalhau cozido com batatas e lamentam a falta da sua maçã assada para sobremesa, vingando-se afinal na garrafita de bagaço que trazem sempre, para “esmoer”, dizem...
Mas o meu campismo é diferente, primeiro porque nunca o faria em Agosto, nem mesmo na segunda quinzena de Julho, faço-o sempre ou no final de Junho ou no início de Julho e de preferência no Orbitur de Mira, pois conhecendo-o já há mais de 25 anos, conseguiu manter a qualidade das instalações, que com poucas remodelações mas muito brio de quem lá trabalha, confere ao espaço um asseio e uma arquitectura paisagística bastante agradáveis; isto aliado a muita sombra e muito verde, a uma boa praia a 300m e um sossego digno de registo, resumindo-se à frequência de meia dúzia de estrangeiros em caravanas, a título de exemplo numa semana nunca me cruzei com ninguém no WC ou mesmo nos duches.
Vou para lá apenas munida da tenda e respectivos acessórios para dormir, 1 mesa 2 cadeiras e um grelhador...e todos os dias vamos ou à lota ou ao mercado comprar peixe ou carne para grelhar, salada e pão e uma “garrafosia” de preferencia bom tinto para se poder beber à temperatura ambiente (vicissitudes de não ter frigorífico), e o melão para finalizar. Bom, com esta história engordo sempre 1 kg ou 2, mas não interessa, a seguir dormir uma sesta ao som do canto das mais de 8 espécies de pássaros, que o meu marido contou que eu não conheço, e do vento nos altos pinheiros mansos, e acordar ir até à praia e beber um finito na esplanada frente ao mar, ter tempo para ler aquele livro que estava encostado há tanto tempo, para dar passeios ao fim da tarde a falar de tudo e de nada, porque o silêncio já não nos incomoda.
É por isto que eu gosto de campismo, e sobretudo tendo uma cadela que me segue para todo o lado, é mais uma vantagem ela poder estar junto de nós. Claro que não o faço durante muito tempo, só 1 semana ou 10 dias para poder ir também para o campo onde tenho a sorte de ter um sossego absoluto, num local verdadeiramente paradisíaco que é onde eu nasci.
Mas o meu campismo é diferente, primeiro porque nunca o faria em Agosto, nem mesmo na segunda quinzena de Julho, faço-o sempre ou no final de Junho ou no início de Julho e de preferência no Orbitur de Mira, pois conhecendo-o já há mais de 25 anos, conseguiu manter a qualidade das instalações, que com poucas remodelações mas muito brio de quem lá trabalha, confere ao espaço um asseio e uma arquitectura paisagística bastante agradáveis; isto aliado a muita sombra e muito verde, a uma boa praia a 300m e um sossego digno de registo, resumindo-se à frequência de meia dúzia de estrangeiros em caravanas, a título de exemplo numa semana nunca me cruzei com ninguém no WC ou mesmo nos duches.
Vou para lá apenas munida da tenda e respectivos acessórios para dormir, 1 mesa 2 cadeiras e um grelhador...e todos os dias vamos ou à lota ou ao mercado comprar peixe ou carne para grelhar, salada e pão e uma “garrafosia” de preferencia bom tinto para se poder beber à temperatura ambiente (vicissitudes de não ter frigorífico), e o melão para finalizar. Bom, com esta história engordo sempre 1 kg ou 2, mas não interessa, a seguir dormir uma sesta ao som do canto das mais de 8 espécies de pássaros, que o meu marido contou que eu não conheço, e do vento nos altos pinheiros mansos, e acordar ir até à praia e beber um finito na esplanada frente ao mar, ter tempo para ler aquele livro que estava encostado há tanto tempo, para dar passeios ao fim da tarde a falar de tudo e de nada, porque o silêncio já não nos incomoda.
É por isto que eu gosto de campismo, e sobretudo tendo uma cadela que me segue para todo o lado, é mais uma vantagem ela poder estar junto de nós. Claro que não o faço durante muito tempo, só 1 semana ou 10 dias para poder ir também para o campo onde tenho a sorte de ter um sossego absoluto, num local verdadeiramente paradisíaco que é onde eu nasci.
Segunda-feira, de volta ao escritório...
4.7.05
Aventura
Saudade

Quando quiseres saber da minha saudade
Vai ao fim da tarde aonde
As estradas saem das aldeias...
De noite e de dia a toda a hora escuta
A passagem dos carros dos combóios
Por onde não parti
Ou toca apenas qualquer coisa
Uma jarra um livro uma janela
Qualquer coisa perto em que eu pudesse
Transformar-me para estar
Ainda mais junto
Ainda mais certa
De ti...
2.7.05
1.7.05
30.6.05
27.6.05
E finalmente o último...
continuação
...não foram os camones, foi o Ângelo, o Ângelo é que começou logo a enfardar, isto foi coisa dos Vai ou Racha, os Vai ou Racha e os camones juntos são a lepra e a diarreia, as lágrimas e os gemidos, Vovô Resmungas de bengala no ar a despontar à esquina ao colo do Roque Sacristão,a Mafalda capoeira a correr atrás das galinhas, o Zeca Trampa a procurar lulas e carapaus nas couves do Hipólito, o Metro e Meio a vomitar coisas de cores esquisitas, esverdeadas e lilases, o Celestino a dizer ao Peito Rente mas tu não podias foder o material a outro?, o Tonecas Arenas a pedir para o ajudarem a sair do andaime, o Joca Farpelas de casaco na mão a chamar de filho da puta para cima a toda a gente, o Gil Penteadinho à procura do dente de oiro, se virem um dente de oiro é meu, o Pimentel à porta da barbearia com meia barba por fazer e o guardanapo ao pescoço, a Gertrudes com o bebé ao colo, alternando, num tom de voz claramente diferenciado, o ó papão vai-te embora, deixa dormir o menino, com o cambada de malandros, cambada de malandros, o Raul Pechisbeque a recolher, de nariz no chão e no boné de um dos camones, pedrinhas coloridas, colares, broches e anéis, o Silva Farmacêutico a tentar tirar da boca do fox-terrier os fundilhos das calças do camone, os Moscatéis a perguntarem ao Marocas se a carvoaria era uma pista de corridas, o Marocas a coxear e a dizer foda-se, foda-se, não mexam na mota, não mexam na mota, o Tó Peneiras rua abaixo em grande velocidade agarrado à trela do Alsácia que perseguia um dos gatos da Dona Maria Bicharoco, o Ventura dos móveis a explicar a um camone que a bed estava partida, o camone a contar com os dedos os galos que tinha na cabeça, o Zeferino Torrão de Alicante a dizer que desta vez ainda tinha sido melhor do que com os ciganos, o Chinês a dizer que sim com a cabeça, o carro da policia achegar, o Joaquim Navalhinhas a perguntar mas o que é que a policia vem fazer agora?, vem contar os mortos?, o Ângelo a por os óculos e a desaparecer, o Zuca havia de dizer mais tarde, que ele desaparecera no ar como o Mandrake, a Dona Ermelinda a devolver o sombrero do Tonecas Arenas pela janela por onde tinha entrado, o sombrero a descrever uam curva larga, planando e caindo suavemente aos pés do Dick tracy, que era o policia à paisana lá da área, e o Dick Tracy, segundo Molero, conta quem sabe, de sombrero na mão, a perguntar a toda a gente e a ninguém: o que é que se passou?, o que é que se passou?, o que é que se passou?...
Espero que tenham gostado deste excerto, e agora pergunto se tenho ou não razão ao pensar que há cenas que só lidas têm a sua plenitude, e as quais é quase impossível transpor ou para o palco ou a tela, sem que grande parte da magia se perca...
...não foram os camones, foi o Ângelo, o Ângelo é que começou logo a enfardar, isto foi coisa dos Vai ou Racha, os Vai ou Racha e os camones juntos são a lepra e a diarreia, as lágrimas e os gemidos, Vovô Resmungas de bengala no ar a despontar à esquina ao colo do Roque Sacristão,a Mafalda capoeira a correr atrás das galinhas, o Zeca Trampa a procurar lulas e carapaus nas couves do Hipólito, o Metro e Meio a vomitar coisas de cores esquisitas, esverdeadas e lilases, o Celestino a dizer ao Peito Rente mas tu não podias foder o material a outro?, o Tonecas Arenas a pedir para o ajudarem a sair do andaime, o Joca Farpelas de casaco na mão a chamar de filho da puta para cima a toda a gente, o Gil Penteadinho à procura do dente de oiro, se virem um dente de oiro é meu, o Pimentel à porta da barbearia com meia barba por fazer e o guardanapo ao pescoço, a Gertrudes com o bebé ao colo, alternando, num tom de voz claramente diferenciado, o ó papão vai-te embora, deixa dormir o menino, com o cambada de malandros, cambada de malandros, o Raul Pechisbeque a recolher, de nariz no chão e no boné de um dos camones, pedrinhas coloridas, colares, broches e anéis, o Silva Farmacêutico a tentar tirar da boca do fox-terrier os fundilhos das calças do camone, os Moscatéis a perguntarem ao Marocas se a carvoaria era uma pista de corridas, o Marocas a coxear e a dizer foda-se, foda-se, não mexam na mota, não mexam na mota, o Tó Peneiras rua abaixo em grande velocidade agarrado à trela do Alsácia que perseguia um dos gatos da Dona Maria Bicharoco, o Ventura dos móveis a explicar a um camone que a bed estava partida, o camone a contar com os dedos os galos que tinha na cabeça, o Zeferino Torrão de Alicante a dizer que desta vez ainda tinha sido melhor do que com os ciganos, o Chinês a dizer que sim com a cabeça, o carro da policia achegar, o Joaquim Navalhinhas a perguntar mas o que é que a policia vem fazer agora?, vem contar os mortos?, o Ângelo a por os óculos e a desaparecer, o Zuca havia de dizer mais tarde, que ele desaparecera no ar como o Mandrake, a Dona Ermelinda a devolver o sombrero do Tonecas Arenas pela janela por onde tinha entrado, o sombrero a descrever uam curva larga, planando e caindo suavemente aos pés do Dick tracy, que era o policia à paisana lá da área, e o Dick Tracy, segundo Molero, conta quem sabe, de sombrero na mão, a perguntar a toda a gente e a ninguém: o que é que se passou?, o que é que se passou?, o que é que se passou?...
Espero que tenham gostado deste excerto, e agora pergunto se tenho ou não razão ao pensar que há cenas que só lidas têm a sua plenitude, e as quais é quase impossível transpor ou para o palco ou a tela, sem que grande parte da magia se perca...
26.6.05
Mais dois episódios...
Continuação...
...o sombrero, esse, voou e entrou pela janela do segundo andar da Dona Ermelinda, o Bexigas Doidas, que quase tinha sido atado pelo Ângelo a um camone, conta quem sabe que fez nó com o braço direito de um e a perna esquerda do outro, entrou com ele sem pedir licença pelo Ás de Espadas, Lda., levaram ambos consigo o Rufino, o Aranhiço, o Roque Sacristão e o Vovô Resmungas, que estavam a jogar à sueca, saíram todos um pouco à balda pela porta do fundo, acrescentados do Douglas Fazbancos e do Chico Dominó, que estavam ali a discutir o Sporting-Benfica do domingo anterior, o Pé de Cabra foi de cabeça contra a parede e até fez eco, abriram-me a cabeça, dizia ele, abriram-me a cabeça, o que, segundo Molero, devia ser por demais evidente, o Peito Rente foi chutado com efeito para a tipografia do Celestino , deu duas voltas lá dentro fazendo parar máquinas que estavam a trabalhar e pondo a funcionar máquinas que estavam paradas, alguém tinha espetado uma faca na barriga do Lucas Pireza, talvez um camone, de certeza que foi um camone, diria mais tarde o Zuca, os camones são uns naifistas do caneco, garantia ele, o Lucas Pireza segurava os intestinos com as mãos, falava baixinho para eles, parecia rezar, os camones iam e vinham, espartanos, segundo Molero, até à medula, a certa altura, numa ressaca, levaram com eles, pelo ar, o Metro e Meio, o Ângelo tinha-os juntado a todos num molhinho, enfeitou-os com o metro e meio, e vai disto, tudo pelo ar, rumo ao Marocas Papa – Milhas, que tinha uma motocicleta cheia de cromados, e a mania das curvas rápidas, já tinha atropelado três gatos e duas pessoas, ia a fazer uma bela curva naquele momento, foi contemplado com a colecção de camones coroada com o Metro e Meio, despistou-se, disse foda-se, foda-se, subiu o passeio, virou de pantanas o mostruário do Raúl Pechisbeque, choveram colares de vidro, pulseiras, broches e anéis, o Marocas continuou em prova descontrolado e tudo,...(continua).
Continuação
...devolveu para dentro de casa o berço que a Gertrudes tinha colocado à porta com o bébé, atravessou a rua aos ziguezagues, embateu na caixa da criação da Mafalda Capoeira e terminou a prova contra o balcão da carvoaria do Galego, lançando o pânico nos elementos do Grupo Excursionista Moscatel, que estavam a beber o meio litro da praxe, enquanto as pessoas assomavam alvoroçadamente às janelas, as mulheres gritavam, o bebé da Gertrudes, que era o melhor pulmão lá do bairro, berrava como nunca, o papagaio do Pimentel, que tinha caído do poleiro e dançava suspenso na correia de metal, esganiçava a sua expressão preferida, ó da guarda, ó da guarda, muitíssimo apropriada, segundo Molero, às circunstâncias, o Fox Terrier do Silva Farmacêutico filava um camone pelo fundilho das calças e fazia questão de não o largar, as galinhas da Mafalda Capoeira corriam espavoridas num cacarejar infernal e num dilúvio de penas, o burro do Hipólito zurrava, os gatos da dona Maria Bicharoco miavam e pulavam, o Alsácia do Tó Peneiras ladrava com aquela fúria só dele, camones entravam por aqui, ex- Malhoas saíam por acolá, às vezes dava certo, parecia que o Ângelo tinha controle sobre a confusão, à distância, o Zuca diria mais tarde que, tirando algumas partes cómicas que pareciam à Charlot, aquilo tinha sido uma coisa iglantónica, o Ângelo era igualzinho a um tal Lone Ranger, só lhe faltava a mascarilha”. Houve uma pausa. ”o rapaz assistiu a tudo isto dentro da mercearia do João Azeiteiro, atrás de um saco de feijão, atónito perante aquilo que Molero denomina o maior fogo de artifício de que há memória em matéria de pancadaria, a balbúrdia plena, o filme de trinta e uma partes em carne viva, o real que se sobrepõe ao mítico, sonhar é pouco, é entra rapaziada, é entrar, eis a maior zaragata de todos os tempos, resolvida numa só sessão e sem ser preciso comprar bilhete, sem cenários de cartão, sem trucagens, sem intervalo segue imediatamente, cabeças, pernas e braços indiscutivelmente partidos, a cara do Pé de Cabra tapada pelo sangue que lhe escorria da cabeça, o Lucas Pireza transportado para o hospital na carripana do Bigodes Piaçaba, os intestinos enfiados outra vez na barriga um pouco à pressa, os camones espalhados pela rua, as mulheres a trazerem bacias de água e toalhas para limpar os feridos, as acusações mútuas, ó camone porque é que não vais jogar à porrada para as tuas streets?...(continua)
...o sombrero, esse, voou e entrou pela janela do segundo andar da Dona Ermelinda, o Bexigas Doidas, que quase tinha sido atado pelo Ângelo a um camone, conta quem sabe que fez nó com o braço direito de um e a perna esquerda do outro, entrou com ele sem pedir licença pelo Ás de Espadas, Lda., levaram ambos consigo o Rufino, o Aranhiço, o Roque Sacristão e o Vovô Resmungas, que estavam a jogar à sueca, saíram todos um pouco à balda pela porta do fundo, acrescentados do Douglas Fazbancos e do Chico Dominó, que estavam ali a discutir o Sporting-Benfica do domingo anterior, o Pé de Cabra foi de cabeça contra a parede e até fez eco, abriram-me a cabeça, dizia ele, abriram-me a cabeça, o que, segundo Molero, devia ser por demais evidente, o Peito Rente foi chutado com efeito para a tipografia do Celestino , deu duas voltas lá dentro fazendo parar máquinas que estavam a trabalhar e pondo a funcionar máquinas que estavam paradas, alguém tinha espetado uma faca na barriga do Lucas Pireza, talvez um camone, de certeza que foi um camone, diria mais tarde o Zuca, os camones são uns naifistas do caneco, garantia ele, o Lucas Pireza segurava os intestinos com as mãos, falava baixinho para eles, parecia rezar, os camones iam e vinham, espartanos, segundo Molero, até à medula, a certa altura, numa ressaca, levaram com eles, pelo ar, o Metro e Meio, o Ângelo tinha-os juntado a todos num molhinho, enfeitou-os com o metro e meio, e vai disto, tudo pelo ar, rumo ao Marocas Papa – Milhas, que tinha uma motocicleta cheia de cromados, e a mania das curvas rápidas, já tinha atropelado três gatos e duas pessoas, ia a fazer uma bela curva naquele momento, foi contemplado com a colecção de camones coroada com o Metro e Meio, despistou-se, disse foda-se, foda-se, subiu o passeio, virou de pantanas o mostruário do Raúl Pechisbeque, choveram colares de vidro, pulseiras, broches e anéis, o Marocas continuou em prova descontrolado e tudo,...(continua).
Continuação
...devolveu para dentro de casa o berço que a Gertrudes tinha colocado à porta com o bébé, atravessou a rua aos ziguezagues, embateu na caixa da criação da Mafalda Capoeira e terminou a prova contra o balcão da carvoaria do Galego, lançando o pânico nos elementos do Grupo Excursionista Moscatel, que estavam a beber o meio litro da praxe, enquanto as pessoas assomavam alvoroçadamente às janelas, as mulheres gritavam, o bebé da Gertrudes, que era o melhor pulmão lá do bairro, berrava como nunca, o papagaio do Pimentel, que tinha caído do poleiro e dançava suspenso na correia de metal, esganiçava a sua expressão preferida, ó da guarda, ó da guarda, muitíssimo apropriada, segundo Molero, às circunstâncias, o Fox Terrier do Silva Farmacêutico filava um camone pelo fundilho das calças e fazia questão de não o largar, as galinhas da Mafalda Capoeira corriam espavoridas num cacarejar infernal e num dilúvio de penas, o burro do Hipólito zurrava, os gatos da dona Maria Bicharoco miavam e pulavam, o Alsácia do Tó Peneiras ladrava com aquela fúria só dele, camones entravam por aqui, ex- Malhoas saíam por acolá, às vezes dava certo, parecia que o Ângelo tinha controle sobre a confusão, à distância, o Zuca diria mais tarde que, tirando algumas partes cómicas que pareciam à Charlot, aquilo tinha sido uma coisa iglantónica, o Ângelo era igualzinho a um tal Lone Ranger, só lhe faltava a mascarilha”. Houve uma pausa. ”o rapaz assistiu a tudo isto dentro da mercearia do João Azeiteiro, atrás de um saco de feijão, atónito perante aquilo que Molero denomina o maior fogo de artifício de que há memória em matéria de pancadaria, a balbúrdia plena, o filme de trinta e uma partes em carne viva, o real que se sobrepõe ao mítico, sonhar é pouco, é entra rapaziada, é entrar, eis a maior zaragata de todos os tempos, resolvida numa só sessão e sem ser preciso comprar bilhete, sem cenários de cartão, sem trucagens, sem intervalo segue imediatamente, cabeças, pernas e braços indiscutivelmente partidos, a cara do Pé de Cabra tapada pelo sangue que lhe escorria da cabeça, o Lucas Pireza transportado para o hospital na carripana do Bigodes Piaçaba, os intestinos enfiados outra vez na barriga um pouco à pressa, os camones espalhados pela rua, as mulheres a trazerem bacias de água e toalhas para limpar os feridos, as acusações mútuas, ó camone porque é que não vais jogar à porrada para as tuas streets?...(continua)
25.6.05
Como é fim de semana, deixo dois episódios.Não se esqueçam que devem ler sempre a partir do post anterior
Continuação...
Austin sorriu. “bem”, disse ele, “os camones continuaram a subir a rua, pararam junto ao Ângelo, que estava sentado no seu banco de madeira a experimentar a harmónica, um deles aproximou-se e disse girls, e fez com o braço o movimento respectivo, we want girls, o Ângelo disse girl é a tua mãezinha, estás a perceber ou precisas de explicador?, sim, a tua mãezinha, o camone riu-se para os outros, um deles avançou e fez uma espécie de passe à Fred Astaire, conta quem sabe, e de repente o Ângelo já tinha guardado os óculos e a harmónica no bolso, começou a despachar os camones, enfiou um pela loja de móveis do Ventura, outro foi cair numa das cadeiras da Barbearia Hollywood, exactamente em cima do Pimentel, que estava a ser escanhoado pelo Joaquim Navalhinhas, um terceiro mergulhou no tanque de roupa da Miquelina Fortes, outro ainda foi também remetido para a loja do Ventura, encontrou o primeiro no caminho, vinha de regresso, e estatelaram-se os dois numa cama de casal, o Ângelo com os pés, com as mãos, com a cabeça, vai disto, os camones enfiavam por tudo quanto era porta, positivamente distribuídos ao domicílio, o Zuca diria mais tarde que Ricardito entre Chamas e Bandidos, a sua fita número um, ao pé daquilo não era nada. A certa altura, com os camones, estoicos a irem e a virem, os Vai ou Racha começaram a subir a rua, meteram-se no vespeiro, foi o Pé de Cabra que disse chegou a hora, o Padeirinha ouviu a frase histórica e havia de transmiti-la mais tarde, nunca se chegou a saber a que hora se referia ele, também não se chegou a saber se tencionavam ajudar o Ângelo que de resto, segundo Molero, conta quem sabe, se havia alguma coisa de que ele precisasse não era com certeza de ajuda, ou ajudar os camones, ou apartá-los, simplesmente o Ângelo começou também a despachar os Vai ou Racha, o Gil Penteadinho deu duas voltas no ar e foi aterrar na carroça das couves do Hipólito, o Tonecas Arenas ficou sentado no primeiro andar do andaime de um prédio que estava a ser pintado, entornando uma lata de tinta cor de rosa sobre o príncipe-de-gales novo do Joca Farpelas , isto depois de passar pela banca de peixe do Zeca Trampa, espadanando carapaus e lulas por todos os lados, (continua...)
Austin sorriu. “bem”, disse ele, “os camones continuaram a subir a rua, pararam junto ao Ângelo, que estava sentado no seu banco de madeira a experimentar a harmónica, um deles aproximou-se e disse girls, e fez com o braço o movimento respectivo, we want girls, o Ângelo disse girl é a tua mãezinha, estás a perceber ou precisas de explicador?, sim, a tua mãezinha, o camone riu-se para os outros, um deles avançou e fez uma espécie de passe à Fred Astaire, conta quem sabe, e de repente o Ângelo já tinha guardado os óculos e a harmónica no bolso, começou a despachar os camones, enfiou um pela loja de móveis do Ventura, outro foi cair numa das cadeiras da Barbearia Hollywood, exactamente em cima do Pimentel, que estava a ser escanhoado pelo Joaquim Navalhinhas, um terceiro mergulhou no tanque de roupa da Miquelina Fortes, outro ainda foi também remetido para a loja do Ventura, encontrou o primeiro no caminho, vinha de regresso, e estatelaram-se os dois numa cama de casal, o Ângelo com os pés, com as mãos, com a cabeça, vai disto, os camones enfiavam por tudo quanto era porta, positivamente distribuídos ao domicílio, o Zuca diria mais tarde que Ricardito entre Chamas e Bandidos, a sua fita número um, ao pé daquilo não era nada. A certa altura, com os camones, estoicos a irem e a virem, os Vai ou Racha começaram a subir a rua, meteram-se no vespeiro, foi o Pé de Cabra que disse chegou a hora, o Padeirinha ouviu a frase histórica e havia de transmiti-la mais tarde, nunca se chegou a saber a que hora se referia ele, também não se chegou a saber se tencionavam ajudar o Ângelo que de resto, segundo Molero, conta quem sabe, se havia alguma coisa de que ele precisasse não era com certeza de ajuda, ou ajudar os camones, ou apartá-los, simplesmente o Ângelo começou também a despachar os Vai ou Racha, o Gil Penteadinho deu duas voltas no ar e foi aterrar na carroça das couves do Hipólito, o Tonecas Arenas ficou sentado no primeiro andar do andaime de um prédio que estava a ser pintado, entornando uma lata de tinta cor de rosa sobre o príncipe-de-gales novo do Joca Farpelas , isto depois de passar pela banca de peixe do Zeca Trampa, espadanando carapaus e lulas por todos os lados, (continua...)
O que diz Molero (continuação)
Mister DeLuxe sorria. “sempre houve o culto da desordem um pouco por toda a parte”, disse ele, “isso já vem do fim dos tempos”. “o Zeferino”, continuou Austin, “dizia que tudo se tinha passado com uma rapidez que já está, nem tenho bem a certeza de como tudo aconteceu, dizia ele aos mirones que pediam pormenores, ora deixem cá ver, deixem cá puxar pelo bestunto, é pena não se poder passar tudo outra vez ao ralenti, bem, um dos ciganos foi pelo ar, e o outro foi logo a seguir antes do primeiro ter caído, quase chocaram os dois a cinco metros de altura, tenho a impressão que eles foram outra vez atirados ao ar antes de chegarem ao chão, não tenho bem a certeza, lembro-me bem é da cabeçada em salto de prancha, uma coisa linda, eu estava a olhar e tudo acabou de repente com uma rapidez que já está, fiquei só com uma ideia, não houve tempo para mais. O Zeferino garantia e tornava a garantir que nunca tinha visto nada parecido, e os mirones ouviam e pediam mais pormenores, ele ainda se lembrava do cigano que corria pelo largo fora com a navalha enfiada no buraquinho das descargas, e depois o Paulino dos Queijos, que tinha chegado à porta da loja naquela altura, a perguntar mas qual é a ideia daquele gajo a correr daquela maneira?, o Zeferino dizia que aquilo devia ser passado ao ralenti, não é verdade ó Chinês?, e o Chinês dizia que sim com a cabeça”.
“chegou uma esquadra”, disse Austin, “e aqueles a quem chamavam os camones invadiram a cidade, tingindo-a com a brancura das suas fardas. Meia dúzia deles enfiou pela rua acima, passou pelos Vai ou Racha, estes cuspiram para o chão em sinal de desprezo, o Zuca foi atrás deles de braço estendido, esfregando o dedo polegar no indicador, eh, camone, money, money, um camone atirou um monte de moedas ao ar e a miudagem lutou bravamente para apanhar o dinheiro”. “essas excursões a bairros desconhecidos desvendam mundos novos”, interrompeu Mister DeLuxe. “fiz duas ou três desse género e tirei excelentes fotografias”. (continua...)
“chegou uma esquadra”, disse Austin, “e aqueles a quem chamavam os camones invadiram a cidade, tingindo-a com a brancura das suas fardas. Meia dúzia deles enfiou pela rua acima, passou pelos Vai ou Racha, estes cuspiram para o chão em sinal de desprezo, o Zuca foi atrás deles de braço estendido, esfregando o dedo polegar no indicador, eh, camone, money, money, um camone atirou um monte de moedas ao ar e a miudagem lutou bravamente para apanhar o dinheiro”. “essas excursões a bairros desconhecidos desvendam mundos novos”, interrompeu Mister DeLuxe. “fiz duas ou três desse género e tirei excelentes fotografias”. (continua...)
24.6.05
Deleites dos livros
Com certeza que já todos, ou leram, ou ouviram falar do livro de Dinis Machado “O que diz Molero”, ou da peça de teatro magistralmente interpretada pelo José Pedro Gomes e o António Feio, baseada no dito livro.
É para mim um livro muito interessante. Sobre a peça não posso falar pois não assisti, e é também a prova provada que não há outra forma de nos deleitar-mos com algumas imagens, a não ser lendo-as, e passo a explicar:
- Existe uma cena de pancadaria que é absolutamente deliciosa pela riqueza de pormenores e a imaginação de nomes, que seria impossível de teatralizar ou mesmo transpor para o cinema, sem que perdesse grande parte da sua magia; pois sendo uma cena narrada por Austin a Mister De Luxe, é com a indicação dos nomes dos intervenientes que a descrição ganha mais interesse.
Gostaria de transcrever essa cena, dividida em vários posts, pois ainda tem um tamanho considerável e de forma a tornar menos “cansativo” para quem lê, embora eu ache que é impossível cansarmo-nos com tal leitura.
Assim sendo, deixo-vos hoje o começo desse excerto:
...“contavam-se histórias do Ângelo”, disse Austin, acendendo um cigarro, ”que ele era, segundo a expressão que Molero diz ter recolhido em fonte idónea, danado para a porrada. Que uma vez, isto contava o Zeferino Torrão de Alicante, e o Chinês que vendia gravatas confirmava com a cabeça, o Ângelo ia a passar no Largo do Navegante, três ciganos daqueles que vendiam fazenda para fato meteram-se com ele, bem, dizia o Zeferino, não queiram saber, um dos ciganos sacou de uma navalha de ponta e mola, o Ângelo enfiou-lhe a navalha no buraquinho que as pessoas têm ao fundo das costas, e isto com uma rapidez que já está, ao segundo cigano torceu-lhe o braço até dar estalido, e o Padeirinha que o vê às vezes, diz que ele ficou sempre com o braço ao contrário, dava um bom policia sinaleiro, ao terceiro cigano deu-lhe uma tal cabeçada na testa que ele ficou toda a vida com os olhos tortos, há-de estar a olhar para a ponta do nariz até ir para a cova”...
(continua)
É para mim um livro muito interessante. Sobre a peça não posso falar pois não assisti, e é também a prova provada que não há outra forma de nos deleitar-mos com algumas imagens, a não ser lendo-as, e passo a explicar:
- Existe uma cena de pancadaria que é absolutamente deliciosa pela riqueza de pormenores e a imaginação de nomes, que seria impossível de teatralizar ou mesmo transpor para o cinema, sem que perdesse grande parte da sua magia; pois sendo uma cena narrada por Austin a Mister De Luxe, é com a indicação dos nomes dos intervenientes que a descrição ganha mais interesse.
Gostaria de transcrever essa cena, dividida em vários posts, pois ainda tem um tamanho considerável e de forma a tornar menos “cansativo” para quem lê, embora eu ache que é impossível cansarmo-nos com tal leitura.
Assim sendo, deixo-vos hoje o começo desse excerto:
...“contavam-se histórias do Ângelo”, disse Austin, acendendo um cigarro, ”que ele era, segundo a expressão que Molero diz ter recolhido em fonte idónea, danado para a porrada. Que uma vez, isto contava o Zeferino Torrão de Alicante, e o Chinês que vendia gravatas confirmava com a cabeça, o Ângelo ia a passar no Largo do Navegante, três ciganos daqueles que vendiam fazenda para fato meteram-se com ele, bem, dizia o Zeferino, não queiram saber, um dos ciganos sacou de uma navalha de ponta e mola, o Ângelo enfiou-lhe a navalha no buraquinho que as pessoas têm ao fundo das costas, e isto com uma rapidez que já está, ao segundo cigano torceu-lhe o braço até dar estalido, e o Padeirinha que o vê às vezes, diz que ele ficou sempre com o braço ao contrário, dava um bom policia sinaleiro, ao terceiro cigano deu-lhe uma tal cabeçada na testa que ele ficou toda a vida com os olhos tortos, há-de estar a olhar para a ponta do nariz até ir para a cova”...
(continua)
23.6.05
S. Miguel - Açores
Vou de férias 15 dias, embora gostasse muito de conhecer S.Miguel ainda não é desta, pois a crise já aperta...fica a imagem para deleitar a vista

Posted by Hello

Posted by Hello
22.6.05
Patagónia um sitio de evasão
Qual de nós, diz-me, era capaz
De encher com o outro o coração inteiro
O difícil não é chamar
A caminhos que vão por nossos pulsos
Os densos espaços dos desejos
E as águas por onde, como peixes, mergulhamos
Um no outro, examinando
O mesmo fundo.
O difícil inauguramo-lo
Quando, com os corpos desencontrados,
Partimos, por lábios, dedos, abismos
De onde nem sempre regressamos juntos.

Posted by Hello
De encher com o outro o coração inteiro
O difícil não é chamar
A caminhos que vão por nossos pulsos
Os densos espaços dos desejos
E as águas por onde, como peixes, mergulhamos
Um no outro, examinando
O mesmo fundo.
O difícil inauguramo-lo
Quando, com os corpos desencontrados,
Partimos, por lábios, dedos, abismos
De onde nem sempre regressamos juntos.

Posted by Hello
21.6.05
Prioridades
Num avião, o piloto informa:
- Senhoras e Senhores, o avião está a perder altitude e toda a bagagem deve ser atirada fora! Apesar de mais coisas serem lançadas fora, o avião continua a perder altitude.
- Estamos ainda a baixar! Temos que atirar fora algumas pessoas...-Avisa o piloto. Há um grande rebuliço entre os passageiros. E continua o piloto...
- Para fazer isso, os passageiros serão jogados fora em ordem alfabética! Assim, há algum "Africano" a bordo? Ninguém se move.
- "B"... algum Black a bordo? "
Nada.
"C"... algum Crioulo a bordo? "
Continua nada.
- "D"...alguém De cor?
De novo ninguém se mexe.
- "E"....algum mais Escurinho?
Um pequeno menino pretinho pergunta ao pai:
- Pai? Afinal, o que somos nós?
- ZULUS FILHO, ZULUS.!!
- Senhoras e Senhores, o avião está a perder altitude e toda a bagagem deve ser atirada fora! Apesar de mais coisas serem lançadas fora, o avião continua a perder altitude.
- Estamos ainda a baixar! Temos que atirar fora algumas pessoas...-Avisa o piloto. Há um grande rebuliço entre os passageiros. E continua o piloto...
- Para fazer isso, os passageiros serão jogados fora em ordem alfabética! Assim, há algum "Africano" a bordo? Ninguém se move.
- "B"... algum Black a bordo? "
Nada.
"C"... algum Crioulo a bordo? "
Continua nada.
- "D"...alguém De cor?
De novo ninguém se mexe.
- "E"....algum mais Escurinho?
Um pequeno menino pretinho pergunta ao pai:
- Pai? Afinal, o que somos nós?
- ZULUS FILHO, ZULUS.!!
19.6.05
...Reticências...
Já devem ter reparado que uso muito as reticências...que como diz o Prontuário Ortográfico: “indicam a omissão de palavras, deixando-se à inteligência de quem lê, o vocábulo ou vocábulos que ficaram em suspensão.”
Uso-as tanto ortograficamente, como em termos de raciocínio; deixo sempre algo à consideração de cada um no tocante a opiniões ou posturas, dado que fundamentalismos nunca foram o meu forte. Como boa Sagitariana que sou não gosto de me sentir espartilhada pelo que quer que seja, e sempre me irritou o “politicamente correcto”, e os juízos de valor em função das primeiras impressões; não gosto, enervam-me os prudentes que gostam de tecer considerações sobre o :”e se por acaso...” e à conta deste intróito dão asas aos mais desastrosos cenários, e a todos os eventos tenebrosos que a imaginação possibilita; são, no entanto, livres em tal postura e expressão de opinião.
Vou mantendo e escrevendo neste meu blog, como quem puxa mais uma cadeira para junto de uma mesa de tertúlia, na qual nos sentimos em casa, que é como os amigos nos fazem sentir...vou escrevendo o que me dá na gana, aproveitando para limpar a alma nos seus dias de negrume e não espero comentários, embora goste de saber as opiniões dos mais próximos, sobre alguns assuntos que trago à “baila”. Nunca me preocupou muito (nem pouco) que ideia farão de mim os que me lêem, e não tenho o mínimo problema que saibam quem está por detrás do blog, como é a minha cara, onde vivo e o que faço.
A sociedade já me aprisionou de diversas maneiras, e eu própria já criei as minhas prisões, e foi difícil libertar-me de algumas delas, e de outras foi mesmo impossível, no entanto cada ano que passa me sinto mais livre e cada vez gosto mais desse facto; assim, busco agora coisas que me libertem, para colocar em contraponto ao que não é possível fugir.
Tudo isto só para dizer que vos pode parecer sem nexo, muita coisa que aqui coloco, ou podem achar difícil de comentar e muitas vezes não é para comentar de todo, coloco-as porque simplesmente: apetece-me! Há dias que amanheço triste e apetecem-me imagens nostálgicas, outros porém, amanheço alegre a apetecem-me umas larachas, nuns dias mais picantes que noutros, mas acima de tudo: faço o que me apetece...
Uso-as tanto ortograficamente, como em termos de raciocínio; deixo sempre algo à consideração de cada um no tocante a opiniões ou posturas, dado que fundamentalismos nunca foram o meu forte. Como boa Sagitariana que sou não gosto de me sentir espartilhada pelo que quer que seja, e sempre me irritou o “politicamente correcto”, e os juízos de valor em função das primeiras impressões; não gosto, enervam-me os prudentes que gostam de tecer considerações sobre o :”e se por acaso...” e à conta deste intróito dão asas aos mais desastrosos cenários, e a todos os eventos tenebrosos que a imaginação possibilita; são, no entanto, livres em tal postura e expressão de opinião.
Vou mantendo e escrevendo neste meu blog, como quem puxa mais uma cadeira para junto de uma mesa de tertúlia, na qual nos sentimos em casa, que é como os amigos nos fazem sentir...vou escrevendo o que me dá na gana, aproveitando para limpar a alma nos seus dias de negrume e não espero comentários, embora goste de saber as opiniões dos mais próximos, sobre alguns assuntos que trago à “baila”. Nunca me preocupou muito (nem pouco) que ideia farão de mim os que me lêem, e não tenho o mínimo problema que saibam quem está por detrás do blog, como é a minha cara, onde vivo e o que faço.
A sociedade já me aprisionou de diversas maneiras, e eu própria já criei as minhas prisões, e foi difícil libertar-me de algumas delas, e de outras foi mesmo impossível, no entanto cada ano que passa me sinto mais livre e cada vez gosto mais desse facto; assim, busco agora coisas que me libertem, para colocar em contraponto ao que não é possível fugir.
Tudo isto só para dizer que vos pode parecer sem nexo, muita coisa que aqui coloco, ou podem achar difícil de comentar e muitas vezes não é para comentar de todo, coloco-as porque simplesmente: apetece-me! Há dias que amanheço triste e apetecem-me imagens nostálgicas, outros porém, amanheço alegre a apetecem-me umas larachas, nuns dias mais picantes que noutros, mas acima de tudo: faço o que me apetece...
17.6.05
16.6.05
Afinal decidi-me...
Já não sou virgem.
A família comia tranquila quando, de repente, a filha de 10 anos, comenta tristemente:
- Tenho uma má notícia... Já não sou mais virgem!, E começa a chorar,
visivelmente alterada, com as mãos no rosto e um ar de vergonha.
Um silêncio sepulcral. Os pais começam a trocar acusações mútuas...
- Você, sua filha da puta! (Marido dirigindo-se à esposa).
Isto é por você ser como é! Por se vestir como puta barata e se arreganhar para o primeiro imbecil que chega aqui a casa. Claro, com este exemplo que a menina vê todos os dias...
- E você!!! (Pai apontando a filha de 25 anos) que fica a
agarrar, no sofá, e a lamber aquele filho da puta do teu namorado que
até tem jeito de paneleiro.Tudo na frente da menina!
A mãe não agüenta mais e responde, gritando:
- Aaaahhhhh, é isso? E quem é o imbecil que gasta metade do
salário com putas e se despede delas mesmo à porta de casa?
Pensa que eu e a menina somos cegas? E além disso que exemplo
tu podes dar, se, desde que assinaste esta maldita TV CABO, passas
todos os fins de semana assistindo a filmes pornográficos de quinta categoria e depois acabas em dezenas de punhetas com direito a todos os tipos de gemidos
e grunhidos?
Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos
cheios de lágrimas e a voz trémula pega ternamente na mão da filhinha e pergunta baixinho:
- Como foi que isso aconteceu, filhinha?
E entre soluços a menina responde:
- A professora tirou-me do presépio! E a Virgem, agora, é a Sandra Vanessa. Eu vou fazer de vaquinha...
A família comia tranquila quando, de repente, a filha de 10 anos, comenta tristemente:
- Tenho uma má notícia... Já não sou mais virgem!, E começa a chorar,
visivelmente alterada, com as mãos no rosto e um ar de vergonha.
Um silêncio sepulcral. Os pais começam a trocar acusações mútuas...
- Você, sua filha da puta! (Marido dirigindo-se à esposa).
Isto é por você ser como é! Por se vestir como puta barata e se arreganhar para o primeiro imbecil que chega aqui a casa. Claro, com este exemplo que a menina vê todos os dias...
- E você!!! (Pai apontando a filha de 25 anos) que fica a
agarrar, no sofá, e a lamber aquele filho da puta do teu namorado que
até tem jeito de paneleiro.Tudo na frente da menina!
A mãe não agüenta mais e responde, gritando:
- Aaaahhhhh, é isso? E quem é o imbecil que gasta metade do
salário com putas e se despede delas mesmo à porta de casa?
Pensa que eu e a menina somos cegas? E além disso que exemplo
tu podes dar, se, desde que assinaste esta maldita TV CABO, passas
todos os fins de semana assistindo a filmes pornográficos de quinta categoria e depois acabas em dezenas de punhetas com direito a todos os tipos de gemidos
e grunhidos?
Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos
cheios de lágrimas e a voz trémula pega ternamente na mão da filhinha e pergunta baixinho:
- Como foi que isso aconteceu, filhinha?
E entre soluços a menina responde:
- A professora tirou-me do presépio! E a Virgem, agora, é a Sandra Vanessa. Eu vou fazer de vaquinha...
15.6.05
As porcas...
Um fazendeiro português comprou vários porcos e porcas porque queria começar uma criação de suínos na fazenda e assim produzir presuntos, bacons, etc...
Depois de várias semanas, notando que nenhuma das porcas emprenhara, ligou para o veterinário pedindo ajuda. O veterinário disse ao português que ele teria que fazer INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.
O português não tinha a menor idéia do que era aquilo, mas não querendo demonstrar ignorância, concordou e perguntou ao veterinário como saber quando as porcas estariam prenhas.
O veterinário disse que elas parariam de ficar andando e iriam mergulhar na lama o dia todo.
O português desligou, começou a pensar e chegou a conclusão que inseminação artificial significava que ele mesmo teria que emprenhar as porcas. Então ele colocou as porcas na Kombi, foi para o meio do mato, transou com cada uma delas, voltou para a fazenda e foi para a cama.
Na manhã seguinte, vendo que as porcas continuavam andando pra lá e pra cá, ele concluiu que teria que fazer tudo de novo. Colocou de novo as porcas na Kombi, foi para o meio do mato, transou com cada uma duas vezes para garantir, voltou para a fazenda e foi para a cama.
Na manhã seguinte, ele foi ver as porcas e elas continuavam andando pra lá e para cá.
Bem, teria que fazer tudo de novo...
Colocou mais uma vez as porcas na Kombi, foi para o meio do mato, passou o dia transando com cada uma delas várias vezes, voltou para a fazenda e, esgotado, foi para a cama.
Na manhã seguinte ele nem conseguia abrir os olhos, muito menos levantar para olhar as porcas. Ele pediu a mulher para dar uma olhada e ver se as porcas estavam na lama.
`Não`, disse ela... `estão todas na Kombi e uma delas não pára de buzinar...
Depois de várias semanas, notando que nenhuma das porcas emprenhara, ligou para o veterinário pedindo ajuda. O veterinário disse ao português que ele teria que fazer INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.
O português não tinha a menor idéia do que era aquilo, mas não querendo demonstrar ignorância, concordou e perguntou ao veterinário como saber quando as porcas estariam prenhas.
O veterinário disse que elas parariam de ficar andando e iriam mergulhar na lama o dia todo.
O português desligou, começou a pensar e chegou a conclusão que inseminação artificial significava que ele mesmo teria que emprenhar as porcas. Então ele colocou as porcas na Kombi, foi para o meio do mato, transou com cada uma delas, voltou para a fazenda e foi para a cama.
Na manhã seguinte, vendo que as porcas continuavam andando pra lá e pra cá, ele concluiu que teria que fazer tudo de novo. Colocou de novo as porcas na Kombi, foi para o meio do mato, transou com cada uma duas vezes para garantir, voltou para a fazenda e foi para a cama.
Na manhã seguinte, ele foi ver as porcas e elas continuavam andando pra lá e para cá.
Bem, teria que fazer tudo de novo...
Colocou mais uma vez as porcas na Kombi, foi para o meio do mato, passou o dia transando com cada uma delas várias vezes, voltou para a fazenda e, esgotado, foi para a cama.
Na manhã seguinte ele nem conseguia abrir os olhos, muito menos levantar para olhar as porcas. Ele pediu a mulher para dar uma olhada e ver se as porcas estavam na lama.
`Não`, disse ela... `estão todas na Kombi e uma delas não pára de buzinar...
14.6.05
13.6.05
Obrigada Eugénio
Morreu hoje um dos grandes nomes da poesia contemporânea Portuguesa, foi para mim uma perda de vulto, sentia-o tão perto de mim na sua escrita, como se fôra da família.
O exercício de recordar Eugénio, é indissociável da minha juventude e da forma inusitada como tomei conhecimento da sua escrita.
Corria o ano de 1979, e eu era uma adolescente inconformada, que escrevia poemas “lamechas” de amores impossíveis, e dores atrozes de alma, a raiar o desespero...em contrapartida, tinha a mania que era “freak”, que era fixe passar as tardes nas tascas a beber vinho branco e a fumar umas cigarradas, acompanhada de gente mais velha que eu, pelo menos uns 7 ou mais anos, achava “nice” que me tratassem por mascote e que rissem das minhas piadas que – embora não o recorde – teriam concerteza uma qualidade e piada, duvidosas...enfim, aquelas parvoeiras que nos dão na adolescência.
No meio deste marasmo, o meu lado curioso devorava tudo o que fosse novo e estivesse “in”, apesar de quase não pegar nos livros, que a maior parte nem possuía, no Liceu as coisas iam correndo sem sobressaltos, e eis que a minha professora de português é substituída por aquela que eu achei na altura :”a stôra mais fixe do mundo”, teria 20 e poucos anos, vestia-se como eu e, quanto a mim, o mais fixe: vivia numa República...e ainda por cima, uma das mais tradicionais de Coimbra, a República de Prakistão.
Para além das aulas, era excepcional no convívio connosco estava no nosso bar, e tratava-nos como adultos, não era condescendente como a maioria dos profes.
Em conversa calhou a poesia e ela gostava muito, e eu na minha ingenuidade até lhe mostrei os meus poemas, coisa que não fazia a ninguém; quando me lembro agora até sinto vergonha, coitada de mim pensava que escrevia bem...
Por acaso tomou conhecimento de que eu fazia anos, e ofereceu-me um livro que ainda conservo, com a capa suja e já meio torto de tanto ser lido: Ostinato rigore, Escrita da terra e Outros epitáfios, e eu fiquei deslumbrada com aquela escrita tão simples, mas tão plena, com tão poucas palavras contendo tantos sentimentos, e pela primeira vez, tive pena de ser pobre e não poder comprar toda a sua obra, queria sorvê-lo, embeber-me nas suas palavras, viver a poesia das suas frases...
Nunca mais larguei o Eugénio, continuo a sorvê-lo com a mesma avidez, de tal forma o admiro que escolhi um excerto de um seu poema, para escrever nos brindes que ofereci no meu casamento: “...poupar o coração é permitir à morte, coroar-se de alegria...”
Obrigada Eugénio por teres dedicado à escrita, a tua vida e a teres partilhado com todos nós.
O exercício de recordar Eugénio, é indissociável da minha juventude e da forma inusitada como tomei conhecimento da sua escrita.
Corria o ano de 1979, e eu era uma adolescente inconformada, que escrevia poemas “lamechas” de amores impossíveis, e dores atrozes de alma, a raiar o desespero...em contrapartida, tinha a mania que era “freak”, que era fixe passar as tardes nas tascas a beber vinho branco e a fumar umas cigarradas, acompanhada de gente mais velha que eu, pelo menos uns 7 ou mais anos, achava “nice” que me tratassem por mascote e que rissem das minhas piadas que – embora não o recorde – teriam concerteza uma qualidade e piada, duvidosas...enfim, aquelas parvoeiras que nos dão na adolescência.
No meio deste marasmo, o meu lado curioso devorava tudo o que fosse novo e estivesse “in”, apesar de quase não pegar nos livros, que a maior parte nem possuía, no Liceu as coisas iam correndo sem sobressaltos, e eis que a minha professora de português é substituída por aquela que eu achei na altura :”a stôra mais fixe do mundo”, teria 20 e poucos anos, vestia-se como eu e, quanto a mim, o mais fixe: vivia numa República...e ainda por cima, uma das mais tradicionais de Coimbra, a República de Prakistão.
Para além das aulas, era excepcional no convívio connosco estava no nosso bar, e tratava-nos como adultos, não era condescendente como a maioria dos profes.
Em conversa calhou a poesia e ela gostava muito, e eu na minha ingenuidade até lhe mostrei os meus poemas, coisa que não fazia a ninguém; quando me lembro agora até sinto vergonha, coitada de mim pensava que escrevia bem...
Por acaso tomou conhecimento de que eu fazia anos, e ofereceu-me um livro que ainda conservo, com a capa suja e já meio torto de tanto ser lido: Ostinato rigore, Escrita da terra e Outros epitáfios, e eu fiquei deslumbrada com aquela escrita tão simples, mas tão plena, com tão poucas palavras contendo tantos sentimentos, e pela primeira vez, tive pena de ser pobre e não poder comprar toda a sua obra, queria sorvê-lo, embeber-me nas suas palavras, viver a poesia das suas frases...
Nunca mais larguei o Eugénio, continuo a sorvê-lo com a mesma avidez, de tal forma o admiro que escolhi um excerto de um seu poema, para escrever nos brindes que ofereci no meu casamento: “...poupar o coração é permitir à morte, coroar-se de alegria...”
Obrigada Eugénio por teres dedicado à escrita, a tua vida e a teres partilhado com todos nós.
Para variar...
Os cactos estão quase a acabar a floração, perdoem-me por mais esta, mas prometo que é a última...

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Posted by Hello
3.6.05
Os patos...
Três mulheres morrem juntas num acidente de carro e vão para o céu.
Chegando la São Pedro diz:
- Aqui no céu so tem uma regra: "NãO PISE NOS PATOS". Elas acharam a regra esquisita, mas quando finalmente atravessaram as portas elas perceberam que era quase
impossível andar sem pisar em um pato.
O Paraíso estava forrado de patos. Ainda meio confusa uma das mulheres
pisou num pato. Minutos depois São Pedro apareceu com uma
corrente, um cadeado e o homem mais feio que ela já tinha visto e disse:
- Voce não cumpriu a regra, seu castigo e viver a eternidade acorrentada a
este homem. Dias depois a segunda mulher cometeu o mesmo
erro, pisou num pato.
E como antes, São Pedro acorrentou-a com o homem
mais feio que ela já tinha visto e disse:
- Seu castigo e viver a eternidade com este homem.
A terceira mulher então passou a ser super
cuidadosa. Meses se passara e um dia São Pedro aparece com um homem perfeito:
lindo, moreno, olhos verdes, forte, alto... e acorrentou-a a ele. Sem
entender nada ficou quieta. Quando São Pedro afastou-se, ela disse ao
maravilhoso homem:
- Que será que eu fiz para receber este prémio?
E ele respondeu:
- Você eu não sei, mas eu pisei num pato!

Posted by Hello
Chegando la São Pedro diz:
- Aqui no céu so tem uma regra: "NãO PISE NOS PATOS". Elas acharam a regra esquisita, mas quando finalmente atravessaram as portas elas perceberam que era quase
impossível andar sem pisar em um pato.
O Paraíso estava forrado de patos. Ainda meio confusa uma das mulheres
pisou num pato. Minutos depois São Pedro apareceu com uma
corrente, um cadeado e o homem mais feio que ela já tinha visto e disse:
- Voce não cumpriu a regra, seu castigo e viver a eternidade acorrentada a
este homem. Dias depois a segunda mulher cometeu o mesmo
erro, pisou num pato.
E como antes, São Pedro acorrentou-a com o homem
mais feio que ela já tinha visto e disse:
- Seu castigo e viver a eternidade com este homem.
A terceira mulher então passou a ser super
cuidadosa. Meses se passara e um dia São Pedro aparece com um homem perfeito:
lindo, moreno, olhos verdes, forte, alto... e acorrentou-a a ele. Sem
entender nada ficou quieta. Quando São Pedro afastou-se, ela disse ao
maravilhoso homem:
- Que será que eu fiz para receber este prémio?
E ele respondeu:
- Você eu não sei, mas eu pisei num pato!

Posted by Hello
2.6.05
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