17.4.06

Liberatura




Corria o ano de 1979, estava eu em plena adolescência e tinha aquela sede de coisas novas, diferentes ou simplesmente: à margem do que se chama hoje “politicamente correcto”. Sobretudo na poesia, procurava escritas alternativas, amadoras ou não; em Coimbra nessa altura, surgiu uma publicação da qual só conheço os nºs 1 e 2 e penso que mais nenhum terá sido editado. Parece uma sebenta, chamava-se “Liberatura” tem poesia e textos escritos à máquina por diversos autores, entre eles A. Pedro Correia de quem vos deixo este poema que se chama: “Estória seguida de noite” do qual eu sempre gostei muito, não é dos mais “alternativos”, mas gostei das palavras. Desta publicação, não eram só os textos que eram diferentes, mas também a maneira de os apresentar, como poderão ver pela imagem, daí esta publicação ser considerada na altura, do mais radical que existia.

Acordou um dia já vestido de resolução.
Fixou um sorriso novo no rosto e saiu.
Partia, disse-me, porque queria beber a vida até à última gota.
Partia porque aqui sempre foi perto, disse. Sempre foi pouco.
Partia, disse-me, porque o arco-íris não acaba aqui e queria pendurar-lhe o sorriso novo. No vermelho, penso.
Continuou, partindo sempre, até gastar o sorriso e acordar nú, já muito bêbedo de vida.
Não aguentou a ressaca. Suicidou-se.

A. Pedro Correia

Para começar bem a semana


E ainda dizem que as mulheres têm um raciocínio "retorcido"....

14.4.06

Páscoa Feliz


Embora o tempo pareça não estar a ajudar, desejo a todos uma Páscoa florida e cheia de sol nos vossos corações.

13.4.06

Surpresa!!!!!



Hoje tive uma ilustre visita surpresa aqui em casa, nada mais nada menos que: O Tio Vivi! É verdade, esse velhadas arranjou tempo e disposição, entre a artrite e as espondilite anquilosante, para me fazer uma visita ao vivo e a cores. Teve alguma dificuldade com a bengala, mas como é r/ch não se cansou muito.
convidei-o para uma foto, mas disse não ter feito a barba e nem tinha penteado os 8 cabelos em condições, enfim, desculpas...então lá tirámos uma foto aos nossos blogs, para ficar para a posteridade.
Apesar de ter sido breve, gostei muito da visita pois ele ainda não se baba muito para cima do teclado, só as arteroses é que não o deixam teclar muito depressa.
Muitos beijos Tio e obrigada pela visita, tens de voltar para almoçar, eu prometo que faço algo que não te custe mastigar com os teus 3 dentes. Beijos!!

12.4.06

Adeus tristeza

(foto:Nuno Marques)

Foram-se os vários tons de cinza do Inverno, a nudez das árvores e o cheiro a água sobre o molhado e tudo foi substituído por tons de luz, por ondas de cor, com o azul céu como tom de fundo.
A solidão plúmbea dos dias, foi inundada de chilreios e esvoaçares afanosos em redor dos ninhos e em cada canto nasce nova vida. A quietude das neblinas matinais, foi substituída por um sol radioso que convida ao ócio ao ar livre; até que caia de novo a primeira folha e uma rajada de vento agreste, nos fustigue de novo o rosto.
O Inverno nunca me deixa saudades, incomoda-me a quantidade de roupa que temos de usar para nos aquecermos, incomoda-me o ar macambúzio das pessoas e a falta de cheiros agradáveis, penso que é sobretudo a falta de cheiros que me faz deprimir assim nessa altura; agora no meu quintal as rolas e melros esvoaçam contentes, cheira a flor de laranjeira, a frésias e eu...eu sinto em sintonia com eles, a verdadeira paz...

É isto que acontece

Quando a criatividade está nas ruas da amargura, até uma velha piada de "corno" serve...

No meio de um julgamento, pergunta o Juiz:
- O senhor chegou a casa mais cedo e encontrou a sua mulher na cama
com outro homem?
- Correcto, meritíssimo - diz o réu de cabeça baixa.
Continua o juiz:
- O senhor pegou na sua arma e deu um tiro na sua mulher, matando-a na hora?
- Correcto, meritíssimo - repete o réu.
- E por que o senhor atirou nela e não no amante dela?
O réu responde:
- Senhor Juiz ... Me pareceu mais sensato matar uma mulher, uma única vez, do que um homem diferente todos os dias.
Foi absolvido na hora!
Corno, porém sensato ! ! !

11.4.06

Frésias


Adoro a Primavera pelas mais variadas razões, seja pelo sol que já aquece, seja pelos cheiros que pairam no ar e pelas cores que pontilham cada pedaço de verde.
No entanto, esta percepção torna-se mais difícil no centro da cidade e apesar de quase todas as casas em redor da minha terem jardins e quintais, ninguém parece ter gosto ou tempo, para plantar flores primaveris e encantar-se com as suas cores e cheiro; o meu marido que adora jardinar, prepara sempre as mudanças de estação, plantando as flores respectivas e cuidando-as para que floresçam com toda a pujança e assim, neste momento, duas ou três casas antes da minha, já se sente o cheiro a Frésias e à medida que as pessoas se vão aproximando, noto que vão olhando os jardins a procura de onde vem o cheiro, muitas quando chegam ao meu, param e ficam a saborear o cheiro e a deleitar a vista com as cores delas e os muitos ramos de orquídeas que pendem no meio e as estrelícias em canteiros. Não sou muito adepta de colher flores, mas as frésias por vezes com o peso da chuva vergam os caules e ficam rasteiras à relva, e não é possível apará-la sem as danificar, nessa altura o meu marido corta-as para colocar numa jarra. Só vos digo: qual Brise, ou Ambi Pur ou o que seja, fico com a casa inundada daquele perfume suave durante uns dias e os meus olhos contentes com as cores da alegria.

10.4.06

Vou tentar


Adorava que o meu marido voltasse a desenhar, sobretudo animais que são um dos motivos preferidos dele, se não fosse este raio de vida que nos obriga diariamente a procurar as migalhas da nossa subsistência, eu até teria coragem para lhe pedir, mas sei que ele precisa de paz de espírito e despreocupação para o fazer mas, neste momento de instabilidade financeira que atravessamos, sei que ele não seria capaz; mas que eu gostava, lá isso gostava.

8.4.06

Sua Alteza Dª Jota

1 de Outubro 2005
2 de Abril 2006

No passado dia 1 de Abril, fez 6 meses que a Jota veio cá para casa. Só quem tem – ou simplesmente ama – animais, consegue dar valor a este sentimento gratificante que se vai instalando, à medida que o tempo passa e vemos a evolução positiva que ansiávamos.
A Jota está hoje muito diferente do que estava quando o meu marido a trouxe, dia 1 de Outubro, como poderão constatar pelas fotos, pois a outra foi tirada dia 2 de Abril e ela tem uma pose muito digna e altiva, cruzando sempre as patas.
A sua última conquista foi aprender a dar beijinhos, como sempre imitando a Nika e é engraçado, pois a Nika tem uma língua enorme que pende quando está cansada e quando lambe, lambe mesmo; enquanto a Jota não, nunca a vi de língua de fora, e quando dá beijinhos é só mesmo com a pontita da língua, o que faz com que o nariz chegue primeiro...
Brinca e corre com a Nika com uma energia enorme, mas não sabe brincar com outros cães, ou eles não sabem brincar com ela sei lá, mas como ela tem aquele problema na pata e não deve sofrer stress físico, dado agravar-lhe os sintomas da doença crónica de que padece, também não me esforço muito para que ela se canse.
Eu sou mesmo uma dona babada, e o sofrimento que eu via nos olhos da Jota quando ela chegou quase a morrer, com o fígado tumefacto e uma magreza extrema, foi desaparecendo à medida que a confiança e o carinho se instalaram.
Agora apelidamo-la de “melga”, é tão insistente quando quer festas que está sempre de pata em riste, ou a meter o focinho debaixo das mãos, levantando-as; estar ao computador com ela ao lado é impossível, não consigo segurar no rato, ou melhor, eu segurar até seguro, mas no ar...
Mas digam lá se concordam: está linda ou não está?

7.4.06

Ser Português(a)





Num país onde muita preciosidade se destrói, para dar lugar a verdadeiros mamarrachos, onde se constroem verdadeiras aberrações, por vezes revestidas a azulejo na sua pior forma: uma mistura de sobras de azulejos de cozinha e casa de banho de várias cores, cuja característica comum será mesmo só o tamanho (quando é...), ou que são mal enquadrados na região onde se situam, sendo um exemplo evidente disso, as casas de montanha de telhados inclinados, revestidos a preto e quase sempre com um torreão (ah, valente!!) construídas decerto por algum emigrante nalgum país do centro da Europa, perto de uma qualquer praia do centro ou sul; eu continuo a ser adepta da reconstrução, o mais possível dentro do estilo característico das regiões onde se situam, embora essa opção não seja a mais barata, é seguramente, a mais sensata.
Nestas fotos está um exemplo daquilo que advogo, (poderão ampliar, clickando sobre a imagem). Numa zona de xistos, onde antes existia uma ruína, optou-se por um projecto perfeitamente enquadrado na arquitectura da região, não sendo embora a traça tradicional, mantiveram-se alguns pormenores exteriores para além do xisto, tanto nas paredes como nos telhados e as janelas de guilhotina.
Brevemente vai ser feito algo nos mesmos moldes, numa casa que só ainda não é uma ruína, porque a sorte tem intervindo e conseguiu-se comprá-la a tempo, pese embora o facto de ter de ser totalmente demolida e reconstruída de novo, pois há zonas em que a pedra ou por ter muitos anos, ou por ser onde estavam encostadas salgadeiras, se deteriorou de tal forma que se está a desfazer, literalmente.
Gosto de casas de xisto ou granito em regiões serranas, e também gosto de uma bela casa branca e azul na planura do Alentejo, gosto das particularidades do meu país e quero preservá-las, acho que isso também é exercer a minha cidadania e enaltecer o meu patriotismo.

6.4.06

Ainda acerca de desenhos



(Ó mana, eu juro que não é de propósito, dá-me para isto que é que queres? Deve ser por ter reduzido a medicação...LOL;LOL)

Nos anos 80, os poucos objectos que trazia na carteira para além do B.I., porta-moedas e tabaco (quando havia), eram: lápis, afiadeira, borracha e bloco de notas liso, objectos absolutamente essenciais para matar o tempo nos “entretantos” das conversas do meu marido com os amigos, sobre as motas e as transformações que cada um fazia ou tencionava fazer e afins, ou simplesmente a fazer tempo para ser noite avançada, pois naquela idade parecia um sacrilégio ir dormir antes da 1 ou 2 da manhã, e a nós fazia-nos jeito, pois eu tinha de entrar às escondidas em casa dele, ou então assistiríamos a mais uma “cena” da mãe; de manhã era mais fácil, era só saltar pela janela (vantagens dos r/ch).
Volta e meia, acabava-se o bloco e aquilo era quase como faltar o tabaco: se o tivesse comigo podia nem me apetecer desenhar, mas se não o tinha, não pensava noutra coisa.
Numa dessas vezes em que não tinha bloco, estava no café à noite, quando se acabou o maço de tabaco comecei a brincar com ele, tirei-lhe a prata e alisei-a, no intuito de desenhar por trás na parte branca, mas achei que era giro desenhar na parte prateada e por sorte estava lá alguém que tinha uma Rotring e emprestou-ma. Então comecei a desenhar na prata e gostei do toque e a partir daí descobri mais um tijolozito para a casa da felicidade. No entanto havia um problema, de que só comecei a dar conta mais tarde, não era a tinta que saía, mas a prata que se deteriorava, começava a lascar e a soltar-se do papel, conclusão: nem uma recordaçãozinha ficou desses desenhos, paciência, lá voltei à grafite.
Por acaso acho que nunca tive grande jeito para retratos, acho-os dificílimos de fazer, pelo menos a partir de fotos e pior um pouco, se forem a cores. No entanto deu-me uma vez, em 1987 experimentei fazer um, a partir de uma foto que uma amiga me tinha tirado em 1980, que tinha tudo de mau: era a cores, a posição era de recostada e apoiada no cotovelo e o que eu pretendia era desenhá-lo, dando-lhe uma volta de 45º, para além de ser tirada de longe...
Como por vezes sou teimosa que nem uma mula, levei a minha adiante e tentei fazê-lo e este penso ter sido o único desenho que consegui fazer, largando-o e pegando-lhe novamente, pois o tema era para copiar, a criatividade não interferia. Acho que levei no total, umas boas horas de volta dele, durante dias e dias sempre com a sensação de que não estava bem, até que me fartei; já não conseguia retocar mais os lábios, a prespectiva do nariz em relação ao outro lado estava errada,e não me apetecia continuar o cabelo, estava fartinha de mim ...
Então, ficou assim como podem ver. Pela foto podem ver a imperfeição do desenho, terminou ali a minha pretensão (se é que a tinha tido alguma vez) a retratista, apesar disso guardo-o com carinho pois é uma peça única, de uma vertente do desenho que não voltarei a tentar, dado não a dominar de todo.

5.4.06

Grafite



(Ó mana desculpa lá, é só mais um testamentozito...)

Se existe objecto de predilecção, seja para a escrita ou para o desenho, o meu é sem dúvida o lápis; de tal maneira que no Liceu, apesar de saber que não podia, pedia sempre aos professores para fazer os “pontos” a lápis. Sim, um lápis simples de preferência 2HB e sempre afiadíssimo, que é outra das minhas manias, pois não consigo escrever ou desenhar com lápis rombos e por esse facto têm de ser de qualidade; nos de cor opto pela Caran D’Ache, que foram aliás a minha primeira compra quando cheguei à Suiça, uma maravilhosa e há muito desejada, caixa de 40 lápis de cor, contrariamente à maioria das pessoas que me dizem que a sua primeira compra seriam: chocolates...enfim, prioridades.
Apesar de não os conseguir usar durante algum tempo, em virtude das feridas e das consecutivas perdas totais da pele das mãos, provocada pelos detergentes industriais com que trabalhava e das diferenças de temperatura nos meus trabalhos diários, pois poderia por ex. acabar lavar as panelas de pressão gigantes, dentro das quais tinha de me meter para as esfregar e cabiam lá mais 3 ou 4, seguidamente poderia ir lá para fora para os –10º C, retirar a neve de alguns locais, ou ir para os frigoríficos de –20º C, arrumar ou limpar, era assim.
Quando comecei a experimentar o desenho com lápis de cor, senti um toque diferente.
Não era a mesma coisa, os traços que saiam não eram os que a mão pedia e nunca consegui fazer um desenho “de jeito” a lápis de cor, só, sem utilizar primeiro o de grafite.
Há alguns anos, uma querida amiga ofereceu-me uma caixa de madeira da Caran D’Ache, com 160 lápis de 80 cores, pois são 80 de aguarela e os outros 80 são Prismalo. Guardo-a como um tesouro, por vezes abro-a só para admirar aquele arco-íris de cores – já me esquecia: outra mania é ter as cores sempre na ordem- mas foram raras as vezes que os utilizei, pois o que realmente me dá prazer, é o toque da grafite no papel, por vezes uso-os para colorir desenhos já feitos, ou em superfícies maiores.
No entanto, fico sempre com a sensação que nunca acabo os meus desenhos, o que é verdade, pois se algo me interromper o processo criativo, é-me impossível retomar o traço, o rumo e o estado de espírito. Nas arrumações que ando a fazer encontrei estes dois exemplares de “inacabados”, o peixe de 1990 e o pássaro, mais recente de 2004, e como podem ver parecem ter sido largados à pressa, por quem fugiu em busca de algo imperativo...fica-me sempre a pergunta: Sê-lo-ia?...

4.4.06

Só me saem duques...



Como já referi algumas vezes, moro num andar de um rés-do-chão alugado no centro da cidade, do qual pago uma renda irrisória e o senhorio não quer vender; é a tal pescadinha de rabo na boca: não faz obras porque a renda é baixa, eu não faço obras porque não tenho dinheiro e a casa não é minha...
A juntar a vários problemas comuns a casas com mais de 50 anos, ao nível da canalização, electricidade que vamos melhorando, existem outros que nos ultrapassam e que não veremos resolvidos, a não ser da pior forma: quando acontecer uma desgraça.
O prédio de um dos lados da casa está desabitado há já uns anos, e depois do episódio que já referi do suposto cadáver, vieram cimentar as entradas do piso térreo e limpar o mato que se acumulara nas traseiras da casa, onde cada uma tem um quintal bastante grande e para onde eu via os miúdos do 2º ciclo irem depois das aulas, não sei se para fumarem às escondidas ou quê...
O último inquilino do prédio, resolveu abrir ilegalmente mais um acesso para carros, numa parte que era antes um jardim, construiu uma rampa em cimento, colada ao muro meeiro que separa as duas propriedades, estando-se completamente borrifando para o facto do muro já estar inclinado para o meu lado.
Como podem ver pelas fotos, o terreno é inclinado e a pluviosidade vai-se entranhando ano após ano e o muro abriu brechas já há mais de 10 anos e está cada vez pior, pois ao cimentar a rampa, desviou o curso natural das águas pluviais e o muro ganhou tamanha inclinação, ao ponto do meu marido ter colocado escoras na zona mais inclinada, que também já estão a vergar e fica precisamente na esquina da casa onde está a sala de estar, e não tendo ponto de apoio, não pôde colocá-las também na escada de acesso ao terraço e ao nosso quintal, onde passamos todos os dias, seja por causa dos cães, seja para estender roupa.
Todos os anos eu digo que não passa daquele inverno, já remodelámos a sala de estar tendo em conta essa possibilidade, colocando os sofás do lado contrário, assim se se perder alguma coisa, será a TV e o móvel...
O senhorio veio cá o ano passado, viu o estado em que está e diz que não quer saber de nada, frisando no entanto, que nas partilhas entre os 3 irmãos, o logradouro pertence unicamente ao r/ch, os restantes andares até o direito ao quintal perderam, onde antes existia um tanque para cada andar e ao cimo, três canis e um talhão de terra para cada um. No entanto: “não quer saber”...
Mas que merda é esta? Por vezes sinto-me rodeada de filhos da puta, é o vizinho de cima que é um burgesso, o juiz que felizmente não está a viver cá, mas pensa ter o rei na barriga; e logo eu que não me meto na vida de ninguém, nem sei o nome da vizinha de cima, nem do filho, apesar de morar aqui há 21 anos não conheço ninguém, nem quero conhecer, nem me interessa e só quero é resolver as coisas “na boa” e só me saem duques...

3.4.06

Memórias que me fazem sorrir


Desculpem lá mais uma algo longa estória das minhas.

Isto de ter tempo para remexer nas velhas pastas e caixas cheias de fotos, ou seja, nos baús da memória, faz com que encontremos coisas que nos recordam situações, ou épocas passadas, umas gratas, outras nem tanto...
Neste caso que passo a referir, as memórias são felizes, não sei se a vivência o foi de facto, mas na memória foi o que ficou, uma época de desprendimento, juventude e sobretudo de despreocupação.
Corria o ano de 1981, eu tinha deixado de estudar, ou melhor: chumbei por faltas; tudo porque conheci o meu marido e largava tudo para ir andar de mota com ele, então, mal ouvia o som da mota no Largo da Portagem ( a mota era de competição e fazia um barulho ensurdecedor), eu que estudava do outro lado do rio no Liceu D. Duarte, pedia logo para ir ao WC e nunca mais aparecia, pois na altura eu achava que era preciso viver e não, aprender aquelas coisas chatas.
O meu marido sempre teve uma predilecção por carros antigos, sobretudo pelos Peugeot e nessa altura um amigo dele tinha um que havia comprado, mas acho que lhe tinham posto óleo Fula no circuito dos travões e ele não tinha dinheiro para o arranjar, nem percebia nada de mecânica e decidiu vendê-lo ao meu marido por 15 contos, nunca mais de esqueci do nome registado no livrete:” Peugeot 403 Berline, Grand Luxe, toit fixe” Eh! Eh! Eh!
Era assim parecido com o do detective Colombo só que em vez de ser totalmente descapotável, tinha tecto de abrir sobre os bancos da frente, tinha 1500 cc e era um peso pesado de quase 2 toneladas. Mal o comprou, toca de ir com ele para Mira, sem travões nem nada e com a bateria a morrer aos soluços, direitos a uma oficina em Carromeu onde costumavam arranjar as sucatices.
Eu nesse dia não fui por qualquer motivo e quem o acompanhou, foi um amigo nosso que é a pessoa mais louca varrida, que já conheci na minha vida, mas quando digo louco, não é que se notasse, tinha (e ainda tem) uma excelente figura, fino trato e finos gostos, só que era capaz das maiores loucuras, pode ser que um dia vos fale dele, mas agora, adiante: então, depois de arranjarem os travões, verificaram que a bateria estava completamente morta e eles na oficina não tinham para venda, e de repente pergunta o Rui (o tal amigo) ao dono da oficina:
- De quem é aquele carro que está ali encostado?
Ao que ele responde: “ Esse é de um cliente que o veio deixar hoje, para lhe mudar as pastilhas e vem buscá-lo amanhã.”
- Então, podias emprestar-nos a bateria só para irmos a Aveiro num instante, e lá compramos uma e trazemos esta de volta ainda hoje.
O dono primeiro disse que não, que era mau filme se o cliente aparecia por qualquer motivo e tal, mas lá acabou por ceder, então começaram a tratar do assunto, mas o meu marido ainda nem tinha visto bem o carro e andava de volta e por baixo dele, a ver se teria mais algum problema mecânico ou de corrosão, enquanto o Rui tratava de colocar a bateria que não assentava lá muito bem e teve de lhe ser feita uma cama com uns cartões para ela não se mexer muito, e lá arrancaram.
Acho que não fizeram mais de 5 Km, começou uma fumarada a sair do capot, encostaram de imediato e mal se abre, o dito já estava em labaredas, pois o Rui não reparou que os colectores de escape ficavam mesmo ao lado, encostou os cartões ao colector e este mal aqueceu, pegou fogo como é óbvio...
Aquele modelo, apesar de não ter banco corrido à frente, como tinha mudanças ao volante e o travão de mão era no tablier, dava bem para andarem 3 pessoas à frente, tinha era um problema com as fechaduras das portas da frente, umas vezes não fechavam, outras, não abriam. Uns meses mais tarde à noite, vínhamos três à frente, o meu marido, eu e um amigo nosso que tinha a alcunha do “Testas” pois tinha uma testa alta e muito luzidia , mais 3 “marmelos” atrás, a deslizar em ponto morto pela Nicolau Chanterenne abaixo, rua essa que tinha carros estacionados ao longo do lado direito e dois sentidos. Eu estava a fazer qualquer coisa nos sapatos, inclinada para a frente e começo a ouvir: ó pá olha aquele gajo! Olha! olha! Olha o ...crash! Puumm! Panktrapam! Fschssssssss!!!!!....nem cheguei a ver o gajo ainda inteiro, achei-me debaixo do tablier, com o Testas por cima de mim e quando olho para o banco do condutor é que me assustei, o volante devia estar a uns 10 a 15 cm do encosto do banco, pois não eram como agora, que quando bate quebra, aquilo era um veio directo da direcção, ao volante e muita gente morria esmagada por esse facto, a minha porta não abria, saímos pelo tecto de abrir por onde tinha saído o António, como me apercebi quando o vi encostado a um muro, a arfar com falta de ar, eu estava menos mal, os que iam atrás também não se tinham aleijado muito, o Testas, coitado, tinha batido com a dita (testa) no tablier, o que ainda a tornou mais saliente e segundo ele, lhe provocou uma dor de cabeça que durou uma semana...então, os que iam atrás e o António é que se aperceberam, nós íamos em ponto morto e numa curva, cheia de carros estacionados à nossa direita, vem um Fiat 127 em sentido contrário a circular em velocidade excessiva e a meio da curva, perde o controle do carro e saiu da mão, para cima de nós.
A sorte foi que o Peugeot era rijo como’s cornos e aguentou o embate, mas morreu ali coitado; o meu marido quando recuperou o fôlego e olhou e viu o carro com a frente completamente destruída e o 127 prontinho para a sucata, deu-lhe uma fúria das dele e toca de ir à mala do carro buscar o ferro de desapertar rodas; sem querer saber que o puto, que pelos vistos tinha acabado de tirar a carta e tinha pedido o carro ao pai para sair com a namorada, estava cheio de sangue com a cabeça partida, ou seja, feito num molho de bróculos, mas como ia dizendo, o meu marido de ferro em riste atrás do desgraçado, que mesmo cheio de sangue e todo torcido conseguiu fugir até à clínica que há frente a minha casa onde se refugiou, tendo assim a falta de ar do meu marido impedido que acontecesse alguma desgraça ainda pior...
A companhia de Seguros pagou-nos perda total que avaliou em 60 contos; para compensar, o meu marido comprou logo 2 de uma vez, cada um por 20 contos, um que vendeu passado pouco tempo, que até estava bom de chapa, mas o motor não andava e este da foto que estava muito podre, estacionado havia 3 anos encostado a um muro numa zona sombria, e já tinha uma mini horta lá dentro, mas parece que foi só pôr gasolina, bateria e limpar uns contactos e tá a andar; e se andava...andava tanto que começámos a aperceber-nos que pelos enormes buracos que tinha nas embaladeiras, capot e nas portas, saiam pedaços de ferrugem enormes, com chapa agarrada e achámos melhor arranjar uns autocolantes, o maior possível para não perdermos tanto “lastro”, os maiores que conseguimos foram da Furacão, para as embaladeiras e para o resto, o que se pode ver, só não consegui grande solução para o buraco debaixo do tablier do lado do pendura, cada vez que passava numa poça de água ou se chovia, tinha de levantar as pernas...
Nesse ano, como regressámos à Suiça, deixámo-lo à guarda do nosso amigo Rui, e quando chegámos uns meses mais tarde, foi neste estado que o encontrámos, não muito diferente do que era antes, só um bocado mais sujo...

2.4.06

Tortura


(foto Ricardo Tavares)

Háblame más... y más..., que tus acentos
me saquen de este abismo;
el día en que no salga de mí mismo,
se me van a comer los pensamientos.

Ramon de Campoamor

1.4.06

Bom fim de semana!!


ONDULAÇÃO
O luar ondula
fluindo e refluindo
para não acabar a maré cheia
nesta praia onde
ponderável eu me encontro indo
— o pensamento em rumos ignorados
e ao sabor dos presságios. . .
Em breve, à minha volta no areal,
esperanças, de branco, vaporosas,
chorando alto naufrágios
à vista da magia de seus mundos,
com suas lágrimas,
quais enxadas na terra, poderosas,
cavarão sulcos fundos.
E elas ali se hão de enterrar
quando o luar fugir...
Mas com elas enterrarei os meus insultos
à minha nobre angústia de vibrar,
à minha vã desgraça de sentir!

Edmundo de Bettencourt

31.3.06

Finúriaaaas!!!!!!!!!!!!!!!


Sai daí de cima e vem almoçar, vou acender a lareira e ficas com o Cagalhoum assado, depois não te vás queixar ao Ministério da Soltura...

30.3.06

Ao meu marido


Que este ano completará meio século de vida e um quarto de século a aturar-me...

PEDAGOGIA

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição,
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!

Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

Miguel Torga

29.3.06

Já nada é nosso...



Na placidez do teu rosto
Esconde-se uma dor indizível
De quem não sofre por gosto
Mas pela serenidade ser impossível.

Caminha ao teu lado como uma sombra
Fustiga-te como um vento gelado
Como um agoiro que te ronda
E escreve sozinho o teu fado.

Parece que já nada é nosso
Nada nos pertence, nem a vida
Algo diz: quero, faço e posso
E rói-nos como uma ferida

E vamo-nos deixando ir,
Fingindo não darmos conta
Do destino que irá surgir
Devagarinho e sem afronta...

A lucidez também magoa
Às vezes mais que a ilusão
Na realidade, vivemos à toa
No centro da confusão.

Este mundo é demasiado vil
Demasiado material, sem ideais
E ensinaram-te a ser gentil
Não contigo, mas com os demais...

Ivamarle

28.3.06

Desde pequenina


Que venho rezando pelas vossas almas, mas apesar do fervor que coloquei nas orações, é o que se vê: só a depravação e a luxúria, continuam a ocupar o vosso espírito; lá terei que rezar mais umas quantas Ave Marias ou até Salve Rainha...

27.3.06

É a isto que se chama verdadeiramente


" Andar com os cornos no ar"...

Em termos estéticos


Não haja dúvida que a TV por cabo fica a ganhar...

24.3.06

O poder do Guano...



Ontem por causa de uma pergunta da Patioba sobre as orquídeas no jardim, veio à conversa o Guano, que é um óptimo fertilizante natural, embora tenha um cheiro de fugir, como quase todos os fertilizantes biológicos, que são os únicos que usamos.
Para enquadrar esta estória, terei de fazer primeiro um quadro geral para perceberem o porquê da mesma, então aí vai.
Eu vivo no centro da cidade, mesmo em frente a uma clínica onde, frequentemente dão entrada pessoas de etnia cigana, que como todos sabem, vêm sempre acompanhados de grande parte da família, que “acampam” aqui em frente nas suas carrinhas onde dormem e passam o dia, até que o paciente tenha alta. Como eu vivo no rés-do-chão, só tenho um jardim a separar-me do muro que dá para o passeio, nessas alturas o meu jardim fica cheio de pacotes vazios, papéis, plástico e toda a espécie de lixo; isto para além da algazarra que fazem os miúdos e os graúdos.
Ao lado de minha casa, existe uma vivenda que está votada ao abandono há uma série de anos, e que como a minha, tem um enorme quintal da parte de trás; a dada altura era ocupada por sem abrigo e toxicodependentes, só na parte da garagem. Apesar de esse facto nunca me ter perturbado, pois eles nunca deitam a perder o sítio onde dormem, ou seja: para mim não eram uma ameaça, mas para o meu vizinho do 2º andar, que era Juiz do Supremo, e se acha no direito de por e dispor do tudo o que o rodeia, parece que lhe fazia impressão.
Num desses dias de Primavera em que o meu marido se preparava para cuidar do jardim e já tinha comprado o fertilizante, eis que dá entrada na Clínica alguém de etnia cigana, e por conseguinte, o estacionamento à frente de minha casa ficou cheio de carrinhas carregadas de ciganos, e o meu marido que não estava para os aturar, pois nos dias anteriores já tínhamos tido doses que chegassem, e quando os viu encostados à nossa vedação a atirar pontas de cigarros e lixo para o jardim, passou-se e pensou: não é tarde nem é cedo, é já que vou adubar o jardim...
Agarrou no saco de Guano e começou a distribui-lo por todo o jardim, em dose mais elevada que o normal; bem, ao fim de 5 minutos as pessoas mudavam de passeio, pois o cheiro era infernal, embora os ciganos demorassem um pouco mais - devem estar habituados ao cheiro – mas ao fim de 15 minutos já tinham tirado as carrinhas para a outra rua em frente, o mais longe possível do nosso jardim.
O meu vizinho que não se tinha apercebido de nada disto, quando chegou ao fim do dia a casa e sentiu aquele cheiro hediondo, nem pensou duas vezes: deve estar alguém morto e em decomposição, no prédio ao lado, e toca de chamar a polícia para vir verificar.
Passado um pouco chega o meu afilhado e fica perplexo perante o nº de Policias que estavam frente ao prédio ao lado, com máscaras e todos artilhados a procurarem no quintal e dentro do prédio, o “tal corpo em decomposição”, segundo lhe explicaram quando ele perguntou a razão de tal aparato, embora achassem estranho que lá no prédio o cheiro ficava mais ténue; quando ele lhes disse que o cheiro provinha do adubo Guano que o meu marido havia posto no jardim, imaginem a cara dos gajos e não faço ideia da que terá feito o Juiz quando foi informado...

23.3.06

Esta Senhora é uma Lady a escrever

(clique no título)
Eu sou mesmo uma mulher de sorte...passo longos períodos a sentir-me infeliz e não realizada, quando de repente nos fazem sentir especiais de alguma forma.
Hoje recebi esta pérola, este poema magnífico de uma Senhora que escreve, como eu já não pensava ser possível, uma escrita densa e com alma e turbilhões de sentimentos. Admiro-a muito, como nunca pensei admirar ninguém para além do Eugénio e do Matos e Sá, ou outros que felizmente se encontram vivos, como o Joaquim Pessoa.
Como já lhe fiz saber, não tenho palavras para exprimir tudo aquilo com que o poema me preenche e me faz voar, mas queria agradecer-te publicamente tão belo gesto. Um beijo!

Para a Ivamarle, que gosta da primavera:

Em ti a dor irrompe, a dor fustiga
Em ti a dor é crua, arrasa os dias
Em mim a dor é cíclica e castiga
Conseguindo deixar as mãos vazias.

De dor em dor constróis uma vitória
Aí nas tuas mãos, subitamente
Façamos, pois, da dor, a nossa glória
Fazendo da dor canto, urgentemente.

Depois, juntas na dor, já sem tristeza
Podemos desenhar bonitas flores
Escrever palavras leves, melodias

Sorrindo, a dor dói menos, é leveza
E podemos cantar nossos amores
Se olharmos calmamente e natureza

Elipse


Antes desta pérola, também um convidado que veio jantar me ofereceu esta linda orquídea que tratarei de conservar e dar-lhe a maior longevidade possível.


E o meu marido num gesto de ternura que lhe é habitual, como temos dezenas no jardim e estão a começar a florir, cortou o primeiro pé de orquídea já aberto e ofereceu-me 19 flores de uma só vez.
Digam-me lá se sou ou não uma mulher afortunada. Acho que esta coisa de dizer mal da vida já é mania...

21.3.06

A nossa prima aí está...



Com o seu vestido rosa, e os seus longos cabelos verdes....

19.3.06

Não é que eu tenha nada contra...

...mas há quem tenha.

21 Razões para odiar os espanhóis, mas adorar as espanholas... :)

1. A mania que eles têm de invadir-nos de 200 em 200 anos só para
levarem nos cornos. Será masoquismo?!? Devem ser parvos, é o que é... devem ter a mania que a peninsula é só deles, mas quando os fodemos no Europeu nao gostaram nada.. :) será que eles nao aprendem quem é mais forte?!?!

2. Tratado de Tordesilhas, em que eles ficaram com o ouro e a prata
toda e nós com as mulatas e a caipirinha... pensando bem, o negócio
até nem foi tão mal para nós porque, entretanto, o ouro e a prata
acabaram-se. ya... e eles não souberam usar o ouro enquanto o tiveram... ou seja, "Entregaram o ouro todo ao bandido!!!", enquanto nós mal ou bem lá nos safamos com as mulat...desculpem... Caipirinhas... :)

3. As sevilhanas: que raio de gente com auto-estima se veste com
vestidos às bolinhas tipo joaninha e saltita enquanto um parolo de
cabelo oleoso geme como quem está com uma crise de hemorróidas? nos temos o folclore, mas não digam nada que eles não sabem...

4. Castilla la Mancha, Estremadura e Andaluzia: todos eles desertos
áridos e monótonos, mas sem camelos nem tipos de turbante para tirar
fotos com os turistas. por acaso, não se vê mesmo nada quando se atravessa a Espanha... por isso aconselho a viajarem de noite quando vierem cá... ou irem à volta!! (a única coisa que se viu foi o JAMAICA!! mas isso são outras historias... :)

5. O antigo costume espanhol de reclamarem para si terras às quais
não têm direito (como Gibraltar, Ceuta, Olivença - que é nossa! - e
as Canárias). Olivença?!?

6. Enrique Iglesias, y su magnifica verruga en la tromba. A Anna
Kournikova é mesmo daquelas loiras típicas... daaaahhh!!!

7. A língua castelhana: esse prodígio da linguagem, em que seres
humanos são capazes de emitir ruídos imitando perfeitamente o som de
um cão a roer um osso. Acho que um cão quando late faz melhor figura... Mas experimentem ver um filme do Arnold Shuwazznwggererer(?!?!)... ele fala bué bem espanhol, não sabia.. "Yo volveré!!" e tem uma voz abichanada.. Que raio de mania de traduzirem os filmes todos....dassseeee!

8. Filipe I.

9. Filipe II.

10.Filipe III. (...) Zapatero, Aznar e todos os outros...

11. Os Seat, os piores automóveis que existem a oeste de Varsóvia.
Boca chauvinista, a treinar diante do espelho: "Yo esborracho tu Seat
Ibiza com mi pujante UMM"! ya... já pra não falar da mania dos tunings que eles têm aqui.. mas tudo de baixo gosto!! piores que os gafanhoes!! (desculpem os ofendidos pela comparação...)

12. A Guardía Civil, e a sua mania de arrear porrada em políticos
portugueses na fronteira: mesmo que eles estivessem a pedi-las, nos
nossos políticos somos nós quem "molha a sopa". Eles têm policia?!?!?! Nos temos políticos?!?!

13. Badajoz, a segunda cidade mais feia do mundo, a seguir a
Ayamonte. Pronto... Para compensar nos temos o Porto!! (só para me meter...)

14. Os nomes que ostentam: quer queiram, quer não, Pilar é nome de
uma viga de betão e Mercedes é tudo menos nome de mulher! ...Alfredo OPISSO... no more comments... :) LOL

15. A mania que têm de se afirmarem como uma nação unida quando três
quintos da população tem um ódio de morte a Espanha. Nação?! Pensei que era um estado de comunidades independentes... Curto bué quando aqui na Catalunha falam bem da nossa Selecção e mal da Espanhola!!! é verdade, acreditem.. alguns disseram-me que gostaram da vitoria de Portugal no Euro contra a Espanha...

16. El Córte Inglés... Até eles tiveram vergonha da sua criação, pelo
que não lhe chamaram "El Córte Español", optando por atirar as culpas
a outro povo, totalmente inocente. Por outro lado têm as espanholadas... única coisa de que se orgulham...

17. Café espanhol: uma zurrapa intragável e, além disso, para se
conseguir uma bica em Espanha, o cliente tem que especificar
expressamente que a quer "sin leche". E, à cautela, convirá também
pedir sem Sonasol, sem gelo, sem pêlos do peito do empregado... Nem falem-me nisso... :( QUERO um Café digno de seu nome.... :(

18. A riquíssima culinária espanhola: paella de carne, paella de
peixe, paella de gambas... Claro que galegos, bascos e catalães têm
uma culinária riquíssima, mas esses não são espanhóis (ver ponto 15). A paella não é má não senhora... e como esta escrito, na Catalunha até se come muito bem... principalmente quando somos nós a cozinhar em casa... (e só temos um mês de experiência na cozinha...)

19. O hábito cínico de nos tratarem por "nuestros hermanos". Aí o
português deve, com ênfase, esclarecer: "Xô, bastardo! Vai prá p***
que te pariu!". hoder tio!!! Coño dum camandro!!!

20. A televisão espanhola: 100% parola, e onde é considerado top de
audiências um concurso em que a concorrente, chamada Mercedes
(vrumm!vrumm!), tem que dançar sevilhanas (arrghh!) com o Enrique
Iglesias (vómitos!) para ganhar um Seat (keep it!) ou um T2 em
Ayamonte(nãaaaaaaaao!). eu não vejo televisão... já desisti disso!! não vale a pena!

21. Já imaginando a contra-argumentação que alguns tentarão contra
esta minha lista, devo lembrar que os filmes do Canal 18 NÃO são
feitos em Espanha, nem por espanhóis. Vejam o genérico. São
americanos e dobrados em espanhóis porque os espanhóis ficariam logo
murchos se ouvissem as senhoras a gemer noutra língua que não a sua.
Aliás, os espanhóis nunca foram muito dotados: sabiam que a DUREX
comercializa em Portugal preservativos na média 1 cm mais compridos
do que aqueles que comercializa em Espanha?!? Por acaso.. por isso estava tão apertado........

Agora, agradeçamos todos: "Obrigado D. Afonso Henriques, por nos
teres separado dessa raça, para que hoje possamos dizer, com orgulho,
eu sou português! Abençoada mãe... que levou porrada do seu próprio filho...

Já acabou a lista??!!! foi um bom resumo... mas muito mais há para contar....

1a) O cromo dono do bar debaixo da minha casa que tem uma mota só pra nos acordar... porque ela não anda com ela... so a tira do bar de manhã pra po-la no passeio e.. à noite volta a por a moto dentro do bar outra vez... CROMO!!!!! vou ter de cortar uns pneus...

2a) A mania da siesta!!! Carago, não sabem ter horários em condições?!?! como é possivel alguém só trabalhar das 17h as 19h na parte da tarde?!?

3a) Nao sabem falar inglês... nem português... dasse!! já pra não falar das línguas que cada comunidade inventa que mais parecem grunhidos de um cão a parir... (eu sei que são as cadelas...)!!

4a) A moda das mulheres fazerem top-less nas praias... Não pode ser...

5a) A mania de serem um pais de mentalidade aberta!!!

6a) ...

7a) and so on, and so on...

PS: Mas acho que vale a pena andar por cá a gozar com a cara deles.... :)

18.3.06

Regalias (ou talvez não...)



Numa entrevista de emprego numa repartição pública, o chefe pergunta:
- O senhor já sofreu algum acidente grave?
- Sim. Quando servia o exército participei numa batalha simulada e um tiro atingiu-me os testículos. Tive que extraí-los.
- Santo Deus! - exclamou o entrevistador. Bem, o emprego é seu! Nós chegamos sempre às 8h, mas o senhor pode chegar às 10h.
- Mas por que vou eu ter esse privilégio?
- É que, o senhor sabe como é...repartição pública...o pessoal fica sempre a coçar os tomates duas horas antes de começar a trabalhar!

17.3.06

16.3.06

Uma voz na pedra



Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

A. Ramos Rosa

Confesso que


A primeira vez que agarrasse neste saco, pensaria se é realmente seguro. Vocês não?

15.3.06

Diferenças



O RUSSO
Levanta-se às 5 da manhã come um bife de veado pôe uma garrafa de vodka
debaixo do braço e vai trabalhar até às 6 da tarde.

O ALEMÃO
Levanta-se às 6 da manhã come um bife e duas salsichas põe uma garrafa de
cerveja debaixo do braço e vai trabalhar até às 8 da tarde.

O FRANCÊS
Levanta-se às 7 da manhã come um bife com dois ovos a cavalo põe uma garrafa
de "rouge" debaixo do braço e vai trabalhar até às 6 da tarde.

O PORTUGUÊS
Levanta-se às 10 da manhã toma um galão e um queque põe uma garrafa de urina
debaixo do braço e vai à Segurança Social pedir baixa ...

14.3.06

Acerca deste post

(clique no título)

Lembrei-me de uma história que um ex-colega me contou, passada com ele e um primo que, segundo ele, tem uma pancada assinalável mesmo sóbrio, então naquele ambiente da Queima das Fitas em Coimbra, uns copos a mais e tal, as coisas ficam mesmo ao rubro.
No final dos concertos que na altura ainda eram no parque da cidade, o pessoal que não tinha "aterrado" ali mesmo, fazia os possíveis para ir parar ou ao seu próprio quarto, ou em alternativa, ao quarto de alguém que em muitos casos, nunca tinham visto antes...
Apesar de terem "encharcado a vela" lá foram pela baixa da cidade, mas antes de saírem do Parque, o tal primo olha para umas ervas num canteiro, e sem mais, arranca-as e começa a mastigá-las. Ao que parece os sabor era extremamente desagradável, amargo e nojento (foi a descrição possível), ao que se seguiu uma série infindável de cuspidelas, e implorações angustiantes por água:" água! água! preciso de água!!!" ora às 5 da matina não há nada aberto na baixa da cidade, e como tinha chovido e as montras das lojas estavam molhadas, o rapaz não está de modas: começa a lamber montras na Ferreira Borges, e quando metem pelo Arco da Almedina em direcção ao Quebra Costas, onde existem montras enormes de casas de móveis e assim, acho que o rapaz ficou por lá, mais de meia hora até as ditas montras ficarem bem limpinhas até onde ele conseguia alcançar...segundo dizem, acho que o sabor das ervas foi substituído por algo indefinível, mas também já não interessava, já o tinham arrastado até casa e atiraram-se cada um para seu lado, completamente encharcados (de ambas as formas) cada um a roncar para seu lado...

America vs Portugal

American said: "We have George Bush, Stevie Wonder, Bob Hope, and Johnny Cash."

Portuguese said: "We have Jose Socrates, no wonder, no hope, and no cash."

13.3.06

Ontem estava assim



Amanheceu morno o dia, cheio de sol e de piares de pássaros, que eram às dezenas de volta do comedouro que lhes colocámos, e por todo o lado despontavam estas pequeníssimas flores rosa, que no alto dos seus 2cm pontilhavam a erva ainda húmida. Que me importam as datas, para mim a Primavera começou aqui.

12.3.06

Há pintos com sentido de humor


Embora um pouco sarcástico, diga-se...

11.3.06

Um cheiro a Primavera


Vou até à Serra descansar do descanso, deixo-vos um vislumbre primaveril. Tenham um excelente fim de semana.

10.3.06

É só para avisar:


Da próxima vez que forem arrancar um dente, agarrem-se bem aos tim-tins...

9.3.06

Para os amigos



De entre todos, apenas vós
tendes direito a ver-me
fracassar. Onde caio
entre a vossa irónica
doçura implacável, convosco
partilho o pão e o espaço
e a rapidez dos olhos
sobre o que fica (sempre)
por dar ou dizer.
E de vós me levanto
e vos levo pesando
e ardendo até onde
me ajudais a ser
melhor ou talvez
menos só.

Vitor Matos e Sá

8.3.06

Eles (ainda) andem aí...



E acho que já estão a construir uma ala nova no Museu de História Natural, para onde seguirão quando (e é caso para ponderar: se) finalmente pararem de mexer...

Igualzinho



Este faz-me lembrar alguns homens que conheço, que andam sempre com "a bola" na boca; mas este ao menos é esperto e brinca com ela, os outros enervam-se em vez de se divertir...

7.3.06

É só pedir...



(clique para ampliar)

6.3.06

Hás-de lá chegar, hás-de...



É assim que me sinto: a tentar apagar um terrível incêndio, com um pequeno balde...se alguém souber que me elucide:já se cumpriram 42 anos de idade, tens experiência em várias profissões, tens uma memória "de elefante" como todos lhe chamam; sabes como ninguém encontrar a abordagem perfeita, seja para que situação for, ou que tipo de pessoa tiveres de te deparar. Sabes com perfeição organizar, ordenar, programar qualquer agenda. Tens o sentido de responsabilidade que a idade te trouxe, que não tinhas tão entranhada até aos 35; és de uma pontualidade Britânica que chega a ser doentia.
Tens um sentido de humor refinado, tens 99% do dia, uma cara sorridente e estás sempre bem disposta e a dizer "graçolas", dás-te bem com toda a gente e apesar de brincares "em" trabalho, não brincas "com" o trabalho. Seja o que for que te peçam, só ouvirão da tua boca:" vamos fazer o impossível, que o possível já foi feito"...refiram-te o palheiro, que a agulha aparecerá.
E isto não se pode colocar num Curriculum, e não consigo encontrar forma de sublinhar estas qualidades, sem parecer presunçosa, estas "qualidades" foram-me encontradas e constatadas, por quem comigo trabalhou anos e anos, fosse patrão ou colega.
Então porque é que os anúncios que encontro, pedem sempre pessoas, com Licenciaturas, muitos anos de experiência, mas...idade máxima : 35 anos! 35 anos? quem é que consegue tanta experiência, formação, flexibilidade e polivalência, num tão curto espaço de tempo? Ou serei eu que estou baralhada e tenho andado fora deste mundo?
Eu só quero um trabalho, nem sequer peço um: emprego...

4.3.06

A pedido de várias famílias



Estas fotos não são da Manel, são tão só, um exemplo da degradação física - já que a psíquica não é fotografável - que em 4 anos ou menos, um ser humano pode alcançar. Apesar de a narrativa poder continuar, dou-a por terminada aqui, pois determinados pormenores poderiam ferir pela sua crueza; concerteza que foi a Tribunal e por aí adiante, e acontecerem-lhe muitas outras peripécias, que eventualmente vos trarei mais tarde, tudo isto antes de ser encontrada morta dentro de um poço, sem chegar a completar 30 anos de vida...

Capítulo IV

Os guardas estavam à espera que eu adormecesse como havia dito o médico, e eu: nada...falava pelos cotovelos, cravava cigarros e abri de imediato uma conta a crédito no bar dos guardas (eu tinha uma lata descomunal), disse-lhe que quando esta baralhada se resolvesse eu tinha dinheiro em casa e 6 caixas de Whisky que lhes ofereceria, não esqueçam que eu estava de mini saia, muito mini mesmo, e apesar de estar “agarrada” era muito jeitosa, sobretudo de pernas, bem torneadas e sem gordura, com um tornozelo fino e o facto de eles serem GNR, não conseguia sobrepor-se ao facto de serem homens e terem instintos. Eles queriam é que eu dormisse, mas eu sempre a falar e a contar anedotas, pois os tais fármacos só conseguiram aliviar-me a ressaca, e manter-me as ideias mais limpas.
Por volta das 3h da manhã, eles tinham de ir fazer uma ronda na qual, passavam por uma padaria, estavam a comentar que iria ser uma seca, pois além da dita padaria onde podiam comer uns bolinhos, a ronda não era nada interessante; pedi-lhes de imediato que me trouxessem uns croissants que estava cheia de fome, pois não me tinham dado jantar. E eles trouxeram mesmo, e uns pães com chouriço e tudo.
O dia seguinte, passei-o sem grandes sobressaltos, só mais uma ida ao hospital para mais um cocktail, desta vez ainda mais reforçado devido à ineficácia do anterior; o Joka no meio da ressaca, conseguiu encontrar forças para pedir para o deixarem lavar à mangueirada a cela, dado ter que dormir lá mais uma noite, e deixaram-no retirar todos os colchões e cobertores, o que foi uma benção, apesar de ele ter de dormir no cimento, sempre era preferível ao pivete anterior.
Os guardas acharam que não havia grande crise se eu passasse mais uma noite lá no bar, e eu também não, sempre tinha tabaco e tudo à borla, até os tais pães com chouriço a meio da noite, à pala da tal “conta” que me haviam aberto.

Capítulo V

Na segunda noite, os guardas eram os mesmos, tinham aquele turno durante o fim-de-semana, até eram uns gajos fixes, embora burros, como era apanágio da nossa GNR.
Começaram a contar-me rusgas e detenções, dado que eu não dormia, nem com um cocktail molotov, como dizia um deles...
No meio da conversa, diz um deles: “ ainda antes de ontem apanhei um magano, com umas “palhinhas” a vender, dei-lhe uns chapadões, tirei-lhas e mandei-o embora, até nem sou um gajo muito mau.”
E então perguntei eu: “ como justificas as palhinhas, sem a detenção?”, ao que ele respondeu: “estão ali na gaveta da mesa do chefe, para ele fazer o que lhe der na gana com elas, quando vier na segunda-feira”. A minha cabeça de repente, parecia um computador a fazer equações: A+B=C...estratégia, qual a melhor estratégia? Pensava eu; fui pela estratégia do amor próprio. Ninguém gosta de ser tomado por parvo, nem fazer figuras tristes, e então desatei a incitá-lo: “ Oh, se calhar o gajo estava a vender Aspegic e o desgraçado ainda levou no maço”, e ele retorquia: “Nada disso, aquilo é droga, eu sei que é”
- Como é que sabes provaste-a?
- Não, claro que não, mas vê-se que é meio acastanhada
- Isso não quer dizer pescoço, retorqui...os gajos andam para aí a vender Ben-u-ron frito, que é castanho, e quando o teu chefe vir, até se passa...
O gajo começou a coçar a cabeça e a pensar, de repente levantou-se e foi ao escritório do chefe e aparece com 3 palhinhas que lança para cima da mesa, ao mesmo tempo que diz:
- Vês como é droga?
- Eu não vejo nada, só 3 palhinhas com qualquer coisa lá dentro e pelo aspecto granulado, de droga só tem mesmo o nome que lhe deste.
Ele começa a ficar inquieto e abre uma, nesse entretanto já eu tinha queimado uma prata de cigarro, enquanto lhe dizia:
- Já tiramos isso a limpo, é só queimar, agarro a palhinha e despejo-a na prata e dou-lhe fogo por baixo. Nem precisei de tubo, era só aspirar pela boca e nariz e até pelos olhos se conseguisse, tal era a avidez. Era pó, não muito bom, mas era. E eu dizia-lhe:
- Deixa ver melhor (depois de ter queimado tudo) dizia-lhe:
- Isto são comprimidos carago
- Não me digas, dizia ele, será que as outras também?
- É o mais provável, mas já agora, vamos ver.
E fiz o mesmo às outras duas, com tal rapidez que nem tiveram tempo de pensar, e já tinha fumado aquilo tudo, quando de repente um deles acorda e diz:
- E agora pá, o chefe?
- Então, o chefe nem chegou a saber de nada e livraste-te de um raspanete no mínimo, por andares a espantar a caça, disse-lhe eu.
- Ai de ti que digas a alguém o que se passou aqui, nem que tenha de dar a volta ao mundo, limpo-te o sarampo, estejas onde estiveres, dizia-me ele.
Mas naquela altura eu já não queria saber de nada, o que me importava era que não tinha ressaca e podia finalmente dormir...quando vieram com os pãezinhos de chouriço, já eu estava na outra dimensão onde tudo é rosa, azul e lilás, e a vida é cheia de sorrisos.

3.3.06

Para todos vocês meus meninos, eis o Capítulo III

Tenham calma que só faltam mais dois, eh!eh!...

Capítulo III

Lá fomos nós para a esquadra, com uma ressaca filha da puta, e uma acusação de tentativa de burla e falsificação, e para cúmulo era sábado de manhã...
O Joka não falava de tão mal que estava, eu a fazer-me de forte e depois de ter dado umas voltas à carola, decidi que iria dar-me como culpada, (pois eu não sabia conduzir e ele é que tinha o carro, se alguém deveria ser libertado era ele, achava eu)dizendo que o havia enganado, que ele não sabia de nada e só me tinha feito o favor de ir levantar o vale, etc. etc. o problema é que o Juiz, só voltaria na segunda-feira de manhã, até lá teríamos de aguardar em prisão preventiva.
Aquilo era uma esquadrazita sem jeito nenhum, só com uma cela e eles perante dois detidos de sexo diferente, teriam de mandar um para outro centro de detenção numa Vila próxima. Começaram por me deter a mim lá, levaram-me para a tal cela que, estivera a ser ocupada durante 3 dias, por 6 pretos traficantes que eles apanharam nas obras; bem, nem imaginam como estava aquilo, não havia casa de banho, só uns colchões de esponja e uns cobertores, nem janela nem nada, só mesmo a porta de ferro. Os cabrões dos pretos tinham cagado e mijado e limpado o cú aos cobertores, mal fecharam a porta eu ia morrendo sufocada; é indescritível o cheiro no meio daquele negrume, se normalmente já nos falta o ar, então a ressacar pior ainda, parecia que estavam a espremer-me os pulmões. Desatei de imediato a dar murros na porta pois aquilo ficava numa cave e os agentes estavam no andar de cima, e como eu me tinha assumido como toxicodependente, não tinha que disfarçar nada, o Joka é que tinha, pois era suposto ele não o ser. Como pareciam não ouvir, deixei de parte o nojo e deitei-me no chão, a dar pontapés na porta; quando aparece um guarda que abriu a porta e eu se estava mal, fiz que estava pior ainda, fingi que não conseguia falar e sustive a respiração até ficar meia roxa, e o guarda ficou aflito e disse aos colegas: “Ó pá, esta está mal, tem de ir já para o hospital” (que por acaso era quase em frente), e como eu não me mexia, só arfava e esticava os braços numa atitude de desespero, ele agarrou-me ao colo e levou-me às urgências. Lá chegados, tivemos prioridade como é óbvio, lá ouvi o GNR explicar que eu era tóxica e precisava de qualquer coisa para aliviar, ouço o médico dizer: “Vamos dar-lhe um cocktail de fármacos que a vai pôr a dormir a noite inteira, tem de a levar amparada, pois vai fazer efeito muito rapidamente.”
Lá fui de novo para o Posto meia “apupinada”, no entretanto já tinham colocado na cela o Joka, desgraçado, quando me apercebi até tive pena dele...não havia Jipe para me levar à outra cadeia, já eram para aí umas 10 horas da noite, e eles decidem que eu iria passar a noite no bar dos guardas, onde estavam sempre 3 de serviço e havia uns bancos corridos ao longo da parede.
De repente, ouço um bater em metal, era o Joka a fazer o mesmo que eu, aos pontapés à porta, mas como não tinha a desculpa de ser toxicodependente, desceram 5 Guardas que tinham acabado o turno, para lhe amaciar os ânimos...deram-lhe um “enfardamento” que o desgraçado nem mais um pio deu...

(continua)

Continuação

Especialmente para a Fatyly e para o Peciscas, que pelos vistos foram os únicos que tiveram paciência para ler.

Capítulo II

Tínhamos o carro e no porta luvas, uns módulos de cheques de um assalto anterior, a uma garagem de reparações auto, muito longe dali.
Fomos de imediato comprar cenouras o mais gordas possível, pois como já expliquei o Joka tinha habilidade com as mãos, e fez carimbos da garagem a quem pertenciam os cheques, perfeitinhos por sinal, e com um rabisco por cima, aceitavam em qualquer loja.
Lá fomos nós a cadeias de hipermercados onde houvessem electrodomésticos, roupa (ficámos sem nada)- o desespero era tal que até apresentava o meu BI, estava-me a cagar para tudo - para depois ir aos pretos trocar por pó. Lá arranjei umas roupitas de adolescente que era o que havia, só consegui um conjunto saia e blusa, nas “Confecções Arame”, que visitávamos nas vivendas durante a noite.
Vesti-me à Lady, e fomos comprar uns relógios Tissot e Ferrari para ganhar mais umas coroas.
Os cheques estavam a acabar-se, o casal que tinha ido connosco, foi para casa com o rabo entre as pernas, só é giro porque ele andava sempre de cabedal e ar de mau, e armas, e ficou sem uma faca tipo Rambo, que o “armário” lhe tirou, ameaçando-o com uma gravata Colombiana. Ainda tentámos recuperar o pó, o Joka tinha uma lata que só visto, conseguiu marcar encontro com os gajos num café, mas viemos de mãos a abanar, com burros é o que dá...armado em campeão o Joka foi procurar o gajo à terra dele, mas foi corrido a tiros de caçadeira pelo pai do artista, que não era muito diferente do filho, era mais tipo “roupeiro”.
Lá fomos vivendo aos caídos por lá, a dormir no carro, ou em cima de cartões em prédios embargados, sempre alvo de rusgas pontuais; aquilo eram verdadeiros labirintos, só se viam olhos a brilhar, não havia água nem luz, o cheiro era fétido a urina e outros dejectos.
Até que o Joka tem mais uma das suas ideias brilhantes: vai-se a uma Estação dos CTT, manda-se um vale Telegráfico para um de nós no valor de 3.000$00 (ainda era em escudos), com destino a outro lado, levanta-se no dia seguinte, mas só o aviso se for um posto informatizado; depois trata-se de colocar um 1, à frente do três e um “e” no fim , no extenso do Três, fazes treze...
Naquela altura havia poucos postos por informatizar, só mesmo nas terreolas menos turísticas, e lá fizemos o dito; correu bem, tínhamos descoberto a pólvora...a merda era que só dava 10.000$00 de cada vez, e então tínhamos de aproveitar bem o tempo em que não estávamos a ressacar, para arranjar mais dinheiro, não havia descanso, a nossa praia era feita nos parques de estacionamento das praias mais populares, à procura de algum carro mal fechado, ou nos Aparthotéis à espera de alguma oportunidade.
Uma manhã, estávamos estacionados num desses que têm as varandas quase a rasar os relvados e janelas baixas. O Joka viu uma janelita aberta, que pelo tamanho, devia ser da casa de banho, e “tunga” entrou de cabeça, pois entretanto haviamo-nos apercebido que os camones tinham saído. Às tantas vejo o Joka a abrir a janela da varanda e a sair, e cumprimentar o jardineiro que entretanto chegara e andava a regar, com a maior descontracção, e entrou de novo e demorou-se um bocado. Às tantas sai ele, pela varanda e de mãos vazias...diz que começou a fazer as malas dos gajos, era só roupa praticamente, quando se deu conta que a porta estava trancada e não conseguia sair por lá, deixou-lhes as malinhas feitas e veio-se embora; imagino a cara dos camones quando se depararam com aquilo...
Um dia o Joka estava a dormir que nem um urso em hibernação, quando dormia, nem baldes de água resultavam, nunca vi ninguém assim, sentava-o na cama, falava comigo e continuava a dormir. Conclusão, acordou com uma valente ressaca, danado para ir comprar pó, mas eu estava precisamente a acordá-lo para irmos trocar o vale, e ainda tínhamos de procurar onde, pois ali à volta era tudo informatizado, que eu já tinha andado a “micar”, e o atrasado nem liga ao que digo e como os levantamentos eram feitos em meu nome, levou-me o BI para levantar, mas claro que eles iam ver logo, eu saí do carro e comecei a disfarçar, ele estava a demorar demasiado tempo, quando vejo chegar um Jipe da GNR e um cabrão a apontar para mim à porta dos correios, e eu a descer rua abaixo a fingir que não via, de mini saia que quase se me via o rabo, quando sinto uma mão no ombro: “Dª Maria Manuel?”, sim respondi, “faça favor de nos acompanhar”. Mais uma vez: fodeu-se!!
(continua)

1.3.06

Estórias de vida...

Vou contar-vos conforme havia dito, mais uma estória, ou várias numa só, como queiram; a Manel foi alguém que eu conheci e de quem acompanhei mais ou menos o percurso em várias fases da sua vida, e de quem fui confidente muitas vezes, pois ela confiava em muito pouca gente, bem como poucos confiavam nela. A Manel já morreu, como acontece em muitos casos similares, morreu jovem, mas as suas palavras ficaram gravadas cá dentro, e ela dizia muitas vezes: “se as pessoas soubessem o que eu passo, o que eu sofro com isto, será que não me estenderiam a mão?”. Eu estendi por várias vezes, umas ela não aceitou, outras, dizia que era melhor não, que não queria enganar-me como fazia com os outros e perder a única amiga que tinha, eu sei que ela não se importaria que eu a escrevesse.
Vou optar por contá-la em Capítulos por ser algo longa.

Capítulo I

Chamava-se Maria Manuel, mas todos a tratavam simplesmente por: Manel.
A Manel era espevitadota nos seus 26 anos, já tinha passado por muita coisa no meio em que se movia, sabia sempre onde e quem tinha as melhores “cenas”, isto quando não era ela própria a tê-las por meio de algum traficante de fora, caído do céu sem conhecer quase ninguém. Ela tinha jeito, convencia-os sempre que não era uma dealer de risco, afinal até era mulher e conhecia toda a gente, e além do mais o seu aspecto sempre impecável, desviava qualquer suspeita, e realmente o que viam não era comum: uma “janada” com tão bom aspecto, bem vestida e bem falante.
Mas como sempre, a Manel foi-se afundando mais e mais, num vício insaciável até perder tudo e ganhar o desprezo da família, dos conhecidos que enganava à primeira oportunidade, como é costume quando se percorre essa estrada.
O Joka, mais conhecido por Cagalhão Saltitante, devido ao seu andar peculiar e com uma destreza de mãos para fechaduras e afins, fora do comum, é o nosso outro personagem central.
A Manel e o Joka conheciam-se desde os tempos do Liceu, pois ele era mais velho uns 3 anos, mas namorava uma colega dela e passava lá a vida. Durante muitos anos os seus caminhos não se cruzaram, ele trabalhara muitos anos no estrangeiro, mas não fora só dinheiro que ele trouxera de lá, veio também “agarrado” ao pó.
E foi por essa razão que os seus caminhos se voltaram a cruzar e num dia em que ela já não sabia o que fazer, ou para onde ir, no meio de uma ressaca de “criar bicho”, como ela costumava dizer, o Joka apareceu e tirou-lhe os arrepios e perguntou-lhe se não queria ir com ele até ao Algarve, “fazer-se à vida”...não, não era prostituir-se, era roubar, falsificar e enganar, a ela não lhe parecia tão grave...
Foram juntos com outro casal de dealers, que iam numa de passar férias, pois o Joka já lá havia estado e estava junto com outro gajo numa casa modelo de uma urbanização inacabada, na qual o autorizaram a morar; mas o que nós não sabíamos, era que o Joka fez merda quando lá esteve na semana anterior, ou então o chavalo teve galo...
(passo a contar a estória na primeira pessoa, como ela me foi contada para alterar o mínimo possível e a memória das suas palavras não me traia tão facilmente)
Mal chegamos lá fomos direitos ao apartamento e por lá ficámos um bocado, de repente tocam à porta e o moço da casa foi abrir, quando lhe dão de imediato um encontrão e um soco no estômago, e entram um gajo com cara de ave de rapina, magrito mas com muito mau feitio e sobretudo, burro que nem uma porta; o outro era tipo armário, p’raí 1,80m de altura, por 0,90m de largura e por sinal, também burro que nem uma carroça. Gente burra é do mais perigoso que há, se juntarmos a isso uma propensão inata para a violência, que já tinha ferido 4 polícias e morto outro, metido nas drogas sem saber o que aquilo era, e sempre acompanhado pelo fuínha que tinha a filha da putice entranhada no sangue, eram a fome e a vontade de comer, juntas.
O Joka tinha saído para fazer não sei o quê, e eles não saiam de lá sem “falar” com ele...
Queriam acertar-lhe o passo, pois tinha vendido uma cena qualquer a um primo do “armário” e o gajo a dar o caldo, ou tocou algum nervo ou aquilo era merda mesmo, e o gajo ficou com o braço preso, incapaz de fazer um manguito para o resto da vida...
Como diria o brasileiro: fodeu-se cara!...começaram a virar a casa de pantanas à procura de pó ou dinheiro, o que quer que fosse; os desgraçados que tinham ido connosco, ficaram logo sem as gramas que levavam para as férias e ainda levaram uns chapadões.
Entretanto o Joka tinha topado o carro dos gajos à porta, e dá de frosques claro, o pouco mais de 1,60m e o corpo franzino, determinavam a técnica de ataque, que neste caso era: a fuga...
E nós lá dentro, fodidos sem pó e a ressacar, já ali estávamos há 3 horas quando o fuínha descobre um spray que o Joka tinha no saco da roupa, (que eles levaram toda) daqueles de defesa pessoal que fazem arder os olhos e a garganta, e desata a borrifar-me aquilo para a cara, para lhes dizer onde estava o Joka, facto do qual eu não tinha a mínima ideia.
Por fim lá aparece o Joka e tenta falar com o par de bestas, mas em resposta só recebe murros e chapadas, para além de termos ficado sem nenhuma roupa, sem pó e com uma ressaca do tamanho de uma casa.

(continua)